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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

PÉGASO (LXVI)

Cheguei ao endereço de minha viagem no plano extrafísico onde estava um grupo de pessoas em frente à porta de um edifício a lembrar-me como acontecia antigamente no Rio de Janeiro: pessoas em frente de suas casas, em noites de lua cheia, a conversar, a cantar suas modinhas e declamar poesias, só com apenas uma diferença: elas estavam paradas e silenciosas.
Perguntei-lhes, apenas para confirmar, onde ficava o nome da rua e o número do logradouro que estava procurando. Seria aqui? Recebi apenas um leve aceno de cabeça de uma senhora atenciosa ligada, no passado, por liames afetivos com uma das pessoas presentes.
Em seguida, segui o grupo, subindo um elevador que me levou à cobertura do prédio, vi que a área estava coberta de vegetação, um convite para pensar na natureza. O líder do grupo se encaminhou à frente, fazendo-me conhecer o acesso que dava ao outro ambiente. Até brinquei com ele: você sabe o segredo do cofre e o dinheiro escondido! Ele não pôde responder pela impossibilidade da situação em que estava.
Quando cheguei a um salão, vi uma professora dando uma aula, era a mesma aula que ela proferia quando estava no plano físico. Ninguém era aluno de ninguém, como se vê aqui na Terra, eles mesmos nem estavam ouvindo ou entendendo o que dizia a professora, com o mesmo modo austero em que desempenhava as funções quando estava na Terra.  
A essa altura, estava acompanhado de um antigo servidor da empresa que trabalhei, prestigiando a minha presença no local. Aliás, quando ele estava, no plano físico, era sempre atencioso naquilo que eu dizia.
Lembro-me de um fato ocorrido quando ele desempenhava as funções de representante de entidade do funcionalismo: mostrei-lhe uma foto que tinha do casamento de Ovídio Cunha, o primeiro funcionário a exercer o cargo de presidente do Banco do Brasil. O então representante me disse que Sílvio Piza Pedrosa é muito querido pelo povo potiguar assim como JK em Minas Gerais.
Foto n° 75 – ARAXÁ–MG – 22/3/1952 – Solenidade do casamento do deputado federal OVÍDIO DE ABREU, presidente do Banco do Brasil (29/7/1949 a 18/12/1950) com a Srta. JÚLIA SANTOS DE ABREU. – Ao centro, Dom CARLOS CARMELO DE VASCONCELOS MOTA, cardeal–arcebispo de São Paulo, ladeado (E) pelos governadores SÍLVIO PIZA PEDROSA (Rio Grande do Norte) e ARNON AFONSO DE FARIAS MELO (Alagoas) e o deputado federal BENEDITO VALADARES, e à direita por JUSCELINO KUBITSCHEK, governador de Minas Gerais. – Cópia do original (dimensão 30 x 24 cm). – Autorização concedida, em 21/1/2008, por Júlia Santos de Abreu, viúva de Ovídio Xavier de Abreu, ao escritor Fernando Pinheiro. – Acervo: Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil.
A maioria das pessoas naquela colônia, com aspecto de gente idosa, parecia com os internos das casas de repouso, aqui no plano terreno, não falava, apenas assistia ao que estava ocorrendo em silêncio.
Um minuto pensei na possibilidade, em outra ocasião, voltar a essa colônia, a fim de proferir palestra, ou apenas revê-la, dando o meu carinho e afeto, mas o convite seria impossível, aliás ninguém teria condições de me convidar, pois não dispunha mais do colapso da função de onda, vivendo apenas de resultados, é o que sobra da morte no plano terrestre.
No final de minha visita aquelas paragens, assisti a um coral uniformizado, também de passagem como eu encarnado na matéria, tendo à frente uma orquestra sinfônica, suspensa no ar, que apresentou um barítono interpretando Sogni d´amore e, em seguida, um tenor que cantou Quando nascesti tu, árias da ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes. Essas músicas eu as ouvi primeiro em sonho, identificadas no próprio sonho e depois no Youtube.
Observando o estado de torpor dos moradores da colônia, veio-me a ideia de transmitir aos meus leitores a importância das horas que têm os viventes do plano físico, a fim de aproveitar a oportunidade em fazer o colapso da função de onda, recurso inefável que lhe trarão luz, o equivalente a fabricar fótons, usando expressão da física teórica.

www.fernandopinheirobb.com.br

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