O sentido de propriedade particular não existe
no mundo de beleza transcendente. Tudo é de todos, na unidade de que se
reveste. Há um reflexo dessa beleza aqui na Terra quando vivenciamos, em todos
os instantes, a presença do amor.
Chegamos a uma propriedade rural cercada de
montanhas e de vale coberto de pastos verdejantes. Havia uma extensa cerca de
arame demarcando os limites da propriedade e pudemos compará-la com outras, nas
cercanias vizinhas, como a mais rica de vegetação.
Não entramos na luxuosa casa da propriedade
rural, vimos que era muito grande num estilo do século 19, onde os barões do
café construíram suntuosas fazendas, esse traço veio-nos por considerar que
isto tinha mais ligação com os avós da mulher que estava passando uns dias por
lá.
Era a mesma mulher que, na noite passada,
entrou no pequeno chalé, onde moro na Mata Atlântica, e deixou no banheiro um
biquíni com desenhos verdes, demonstrando que estava interessada em tomar banho
de cachoeira, próximo da residência.
Anteriormente, essa mulher mereceu a nossa atenção
em outra narrativa de 20 de dezembro de 2016:
Nas camadas do tempo, uma fase desabrochou
como desabrocham as flores do campo carregando sutilmente o perfume. Era que a
realidade feminina veio a mim para que pudesse desfrutá-la como se saboreia uma
fruta madura. Apenas um toque, entre as pernas, a despertou para o envolvimento
que nos unia.
Nesse enlevo aconchegante, preferi comemorar
o sucesso da hora que viria, sem ansiedade, sem buscas, por milhões de segundos
que o meu coração acalentava. Saí do ambiente acolhedor, usando apenas um
calção e comecei a correr pelos caminhos da mata em direção à cidade.
Era que o meu contato com a natureza tinha
uma percepção mais acentuada do que a agitação de pessoas nas ruas, em busca de
comprar presentes neste final de ano. A minha corrida era em passos firmes e
velozes. [PÉGASO (LXII) – 20 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
Não temos ainda a liberdade em que pudéssemos
ser eu, o morador, e ela, a visitante, que me daria a honra de estar presente. Por
esta circunstância, não entramos na casa da propriedade rural. Tiramos umas
fotos do celular (telefone móvel), admirando a beleza que a circunda. Os pastos
verdejantes era num terreno plano do tamanho de um campo de futebol.
Árvores frondosas com frutas maduras e um
pequeno riacho de onde se ouvia um ruído de águas levemente cantantes, pássaros
cantavam, em pequenos gorjeios, pulando de galho em galho.
Quando estava tirando a última foto, uma
surpresa chamou-nos a atenção: uma catedral em frente à casa da propriedade
rural, apenas algumas árvores no meio as separava, encobrindo a visão de quem
se aproximasse.
A ligação com a mulher da casa tinha
requintes de sagrado pela presença da catedral, dando a ideia de que nossa
caminhada em comum estava desenhada, o desenho valendo mais do que o dito, numa
união dos amores eternos.
Na vida real das aparências do mundo quase
profano, os amores eternos são apenas sonhos que o tempo consome, na verdadeira
vida em que a nossa espiritualidade se faz mais presente, esses amores vivem em
inexcedível beleza, num clima que nos lembram as blandícias do paraíso.
Um romance está no ar, pensamentos de união
familiar, em fase embrionária, estão se formando nesses campos verdejantes que
têm a presença de pássaros e riachos cantantes e uma catedral onde poderemos
fazer juras de amor eterno.
O amor está no ar, não importando se ainda
não há um envolvimento de presença física. A beleza nasce nesses recantos
felizes.
Será que uma linda mulher se encaminhando à
velhice deixaria o balneário onde mora, com atrativos múltiplos e variados,
para morar num chalezinho. Será que isto não nos remeteria ao conhecido romance
de um amor e uma cabana?
A resposta está no coração de cada de nós,
irreveláveis antes da hora? O segredo ainda é a chave do negócio, no dito
popular, mas para nós já está desenhado no sonho que vivenciamos no meio de
encantamento e de alegria.
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