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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PÉGASO (LXV)

O sentido de propriedade particular não existe no mundo de beleza transcendente. Tudo é de todos, na unidade de que se reveste. Há um reflexo dessa beleza aqui na Terra quando vivenciamos, em todos os instantes, a presença do amor.
Chegamos a uma propriedade rural cercada de montanhas e de vale coberto de pastos verdejantes. Havia uma extensa cerca de arame demarcando os limites da propriedade e pudemos compará-la com outras, nas cercanias vizinhas, como a mais rica de vegetação.
Não entramos na luxuosa casa da propriedade rural, vimos que era muito grande num estilo do século 19, onde os barões do café construíram suntuosas fazendas, esse traço veio-nos por considerar que isto tinha mais ligação com os avós da mulher que estava passando uns dias por lá.
Era a mesma mulher que, na noite passada, entrou no pequeno chalé, onde moro na Mata Atlântica, e deixou no banheiro um biquíni com desenhos verdes, demonstrando que estava interessada em tomar banho de cachoeira, próximo da residência.
Anteriormente, essa mulher mereceu a nossa atenção em outra narrativa de 20 de dezembro de 2016:
Nas camadas do tempo, uma fase desabrochou como desabrocham as flores do campo carregando sutilmente o perfume. Era que a realidade feminina veio a mim para que pudesse desfrutá-la como se saboreia uma fruta madura. Apenas um toque, entre as pernas, a despertou para o envolvimento que nos unia.
Nesse enlevo aconchegante, preferi comemorar o sucesso da hora que viria, sem ansiedade, sem buscas, por milhões de segundos que o meu coração acalentava. Saí do ambiente acolhedor, usando apenas um calção e comecei a correr pelos caminhos da mata em direção à cidade.
Era que o meu contato com a natureza tinha uma percepção mais acentuada do que a agitação de pessoas nas ruas, em busca de comprar presentes neste final de ano. A minha corrida era em passos firmes e velozes. [PÉGASO (LXII) – 20 de dezembro de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Não temos ainda a liberdade em que pudéssemos ser eu, o morador, e ela, a visitante, que me daria a honra de estar presente. Por esta circunstância, não entramos na casa da propriedade rural. Tiramos umas fotos do celular (telefone móvel), admirando a beleza que a circunda. Os pastos verdejantes era num terreno plano do tamanho de um campo de futebol.
Árvores frondosas com frutas maduras e um pequeno riacho de onde se ouvia um ruído de águas levemente cantantes, pássaros cantavam, em pequenos gorjeios, pulando de galho em galho.
Quando estava tirando a última foto, uma surpresa chamou-nos a atenção: uma catedral em frente à casa da propriedade rural, apenas algumas árvores no meio as separava, encobrindo a visão de quem se aproximasse.
A ligação com a mulher da casa tinha requintes de sagrado pela presença da catedral, dando a ideia de que nossa caminhada em comum estava desenhada, o desenho valendo mais do que o dito, numa união dos amores eternos.
Na vida real das aparências do mundo quase profano, os amores eternos são apenas sonhos que o tempo consome, na verdadeira vida em que a nossa espiritualidade se faz mais presente, esses amores vivem em inexcedível beleza, num clima que nos lembram as blandícias do paraíso.
Um romance está no ar, pensamentos de união familiar, em fase embrionária, estão se formando nesses campos verdejantes que têm a presença de pássaros e riachos cantantes e uma catedral onde poderemos fazer juras de amor eterno.
O amor está no ar, não importando se ainda não há um envolvimento de presença física. A beleza nasce nesses recantos felizes.
Será que uma linda mulher se encaminhando à velhice deixaria o balneário onde mora, com atrativos múltiplos e variados, para morar num chalezinho. Será que isto não nos remeteria ao conhecido romance de um amor e uma cabana?
A resposta está no coração de cada de nós, irreveláveis antes da hora? O segredo ainda é a chave do negócio, no dito popular, mas para nós já está desenhado no sonho que vivenciamos no meio de encantamento e de alegria.

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