Páginas

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

VOO DE EMERGÊNCIA

Em dia de tela quente, 28/11/2016, a Rede Globo de Televisão exibiu o filme russo Voo de Emergência. Um dos episódios mais envolventes ocorre numa ilha ameaçada pela erupção de vulcão. Na pista do aeroporto, duas aeronaves à disposição dos sobreviventes que estavam fugindo da calamidade. Muito fogo e larva ameaçam a decolagem.
Poucas horas depois da exibição do filme, já na madrugada do dia seguinte, um voo de emergência foi notícia no mundo inteiro, com o avião Avro RJ–85, da empresa boliviana LaMia, saindo de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, com destino a Medellin, Colômbia, conduzindo o time Chapecoense que tinha jogo programado com o Nacional da Colômbia pela final da Taça Sul-Americana de Futebol. Do trágico acidente 6 feridos e 71 mortos.
No Estádio Atanasio Girardot, em Medellin, numa solenidade acadêmica, de sublime elevação, no dia programado da 1ª final do campeonato sul-americana (30/11/2016), houve a presença de milhares de pessoas vestidas de branco, fez o uso da palavra o chanceler brasileiro José Serra que agradeceu as expressões de solidariedade do povo colombiano, concluindo: “uma luz no escuro quando todos estamos tentando compreender o incompreensível”.
Fizeram ainda o uso da palavra, Juan Carlos de la Cuesta, presidente do Atlético Nacional, Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, Federico Gutiérrez, prefeito de Medelli, e Luis Pérez Gutiérrez, governador do Departamento de Antioquia, Colômbia.
No filme russo Voo de Emergência, título original Flight Crew, a dianteira e a cauda do avião UTair saindo do Aeroporto de Moscou com destino a Munique estampa o desenho de uma figura mitológica, Pégaso, com apenas a cabeça e o tronco do cavalo alado. Pégaso é o nome da série de sonhos (I a LX) narrados por nós no blog Fernando Pinheiro, escritor.
O piloto do avião comparece ao gabinete do dono da empresa aérea para ser admoestado: “como você deixou o estagiário sair da cabine, uma briga no avião. O vídeo está na internet.” Isto ocorreu porque o estagiário pediu a um passageiro apagar o cigarro no momento antes da decolagem. Um dos aviões da companhia é fretado e o dono encarrega o comandante a missão de realizar outra viagem, atribuindo a ele a escolha dos copilotos.
Na cena de amor na cama, Leonid, interpretado pelo ator Vladimir Mashkow, está acompanhado de Alexandra, papel da atriz Agne Grudyte, que lhe diz: “é tão complicado ser piloto, você não acha? Ainda mais piloto mulher. É tão cansativo, a gente tem que trabalhar muito para ser tratada com igualdade, senão somos humilhadas.”
Por ironia do destino, os dois amantes vão ser os copilotos escolhidos pelo comandante do avião para trabalhar juntos no voo com destino a uma ilha na Ásia para resgatar passageiros em desespero.
Quando o avião chega ao aeroporto da ilha vulcânica, o quadro é desolador: uma multidão está ávida para embarcar. Outro avião está também fazendo o resgate no meio de fogo e labaredas que se alastram a todo vapor.
Depois da decolagem, a viagem é realizada em cenas que mostram o traslado de passageiros de um avião para o outro, em pleno voo, por meio de um cabo de aço que sustenta uma rede de salvamento. A operação é realizada com sucesso, embora haja uma perda de um dos grupos de pessoas no traslado.
Apreciamos a coragem dos pilotos em resgatar os passageiros que saíam da ilha vulcânica, destacando a espera dos carros que foram buscar os moradores do lugarejo perto do vulcão, arriscando a própria vida diante da iminência de erupção, com pouco tempo de agir, aliás a saída deles é no meio do fogo.
Uma parte dos passageiros conseguiu embarcar e ser salva da catástrofe. No traslado em pleno voo de uma aeronave a outra, alguns conseguiram ser resgatados, outros passageiros morreram na tentativa de fazer a baldeação no ar com a ruptura da rede de salvamento.
Vale assinalar textos de nossa crônica publicada em 23 de fevereiro de 2013:
O sentimento de perda, que se origina da ruptura de uma relação que vinha sendo exercida anteriormente, abala as estruturas emocionais de quem ainda se prende. Isto se estende a todos os setores da vida humana, principalmente quando da perda de entes amados ou de cargos ou ainda de aposentadoria compulsória ou por tempo de serviço.
Manter-se ligado à circunstância anterior é manter-se no sofrimento. Quem anda de carro, ou mesmo a pé, em direção de algum destino, sabe que os trechos do caminho percorrido já não mais lhe desperta atenção.
Os liames sagrados da família são eternos e estamos sempre atentos para participar dos momentos que nos unem, sem perder de vista a nossa participação de caminhar juntos, embora em espaços físicos diferentes. 
Quando esses liames se espalham em direção de outros círculos afetivos, o cuidado ainda se faz presente, deixando cada um seguir o caminho que lhe convém. Se houver receptividade de nosso carinho, a alegria é sempre esfuziante.
Não tenhamos apego a nada e a ninguém, vivamos simplesmente sem esperar nada, pois a expectativa pode gerar desconforto emocional. Tudo passa, por que esse tempo que pensamos não irá passar?
A perda é considerada um dos sintomas da depressão, a antiga melancolia que vem desde a Antiguidade, na Grécia, atravessou a Idade Média quando a Igreja a condenou como pecado porque seus portadores estavam com o demônio. Paracelso e outros médicos do passado estudaram esses sintomas, notadamente Freud que estendeu a Medicina para o campo da Psicanálise.
Além da medicina helênica em que se notabilizou Hipócrates, há registros históricos anteriores: nos séculos 7-8 a.C. as Ajurvedas indianas revelavam a existência das alterações físicas e mentais no ser humano. Esses sintomas já eram observados por uma farmacopeia neosumeriana e pela escola babilônica de medicina no século 18 a.C. [SENDRAIL, 1980].
No final do ciclo planetário, onde se avoluma a separação do joio e do trigo, recrudescem as palavras do Mestre amado, Jesus, “deixai os mortos enterrar os mortos” numa referência que não devemos ficar ligados a circunstâncias que não nos pertencem. 
A densa consciência dissociada, em que o planeta está vivendo, carreia para os campos vibratórios idênticos essa massa gigantesca de população. Cada um segue a vibração que vive.
Observar, apenas observar, sem comentar nem criticar a ideologia que os grupos sociais se manifestam. Enquanto isso, as substâncias químicas usadas por dependentes estão tirando a lucidez dos que precisam andar em seus próprios tapetes. 
Este é o nosso momento de prece para que a inspiração surja. [O TAPETE – 23 de fevereiro de 2013, constante do blog Fernando Pinheiro, escritor].
No elenco do filme VOO DE EMERGÊNCIA os principais artistas: Agne Grudyte (Alexandra), Vladimir Mashkow (Leonid), Sergey Shakurov (Nikolai), Sergey Gazarov (Shestakov), Yang Ge (Liu), Irina Pegova (Lena), Katerina Shpitsa (Vika), Elena Yakovleva (Irina). A música é de Artem Vassiliev.

Nenhum comentário:

Postar um comentário