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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AVE-MARIA

Na época em que o Brasil era bucólico, brejeiro e importador, a maioria das pessoas não possuíam relógios, no campo e na lavoura suspendiam o trabalho ao ouvir o sino das igrejas tangido às 18:00h.
O crepúsculo do sol era a referência da paralisação do trabalho, à tardinha estavam de volta aos lares, sentavam-se à mesa de refeição ou na sala-de-estar para a hora da Ave-Maria ou a hora do Ângelus, em que a família inteira rezava o terço e as orações em súplica aos anjos da guarda.
Este costume veio de Portugal, desde o tempo do Brasil-Império, não temos informações se abrangia o Brasil-Colônia, mesmo porque as maiores informações eram prestadas pelo viajantes que passavam por aqui em trânsito, as conhecidas crônicas de viagem ou diário de bordo.
A partir do século XX, com as fábricas em funcionamento, não havia turno à noite, e à tardinha, os operários já estavam em casa, não havia engarrafamentos de trânsito, pois moravam no mesmo bairro, perto do trabalho. Na hora da Ave-Maria os rádios transmitiam programação específica.
Formava-se uma egrégora salutar e nunca era comentado casos de assalto ou de violência, os políticos ganhavam, naquela época, muito menos do que hoje ganham os atuais, e não havia nenhum caso de escândalo, quando isto ocorria, lá alguma vez, o homem público passava uma vergonha que o impedia a concorrer a reeleição.
A música Ave-Maria, composta por Erotides de Campos, foi gravada por Francisco Alves, Augusto Calheiros, Carlos Galhardo, Altemar Dutra e, mais recentemente, por Caco Piccoli, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, no interior paulista.
A letra da música inicia assim: “Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor, despertando no meu coração a saudade do primeiro amor.”
Há um clima saudoso nas badaladas do sino da igreja, fazendo recordar os tempos idos em lembranças felizes da mocidade, nesse clima há uma súplica a Virgem dos poetas para fortalecer os corações que se sentem amargurados pela perda de um amor que já morreu.
Na prece vislumbra-se “lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia”, a luz que fizermos de dentro de nós se irradia numa ponte que faz a ligação com estrelas, tendo como ponte-aérea Terra-Céu, a Ave-Maria, mesmo sabendo que o nosso referencial maior é Jesus.
Maria, mãe de Jesus, é um ser multidimensional que se confunde com as estrelas pela luminosidade de irradiação de luz em múltiplas matizes, em coloração de efeitos grandiosos, os devotos sentem esse manancial de bençãos em milagres que a vida pode oferecer em sua mais bela proposta que é a vida eterna. Maria e Jesus estão tão interligados que é impossível pensar em um sem estar ligado no outro.
Quem teve alguma perda, que desencadeia a melancolia, recorra a Maria que a perda desaparece, e o que é eterno surge como mensagem de luz. O que era doença é restauração de saúde. As mulheres que têm depressão nem sabem a importância de Maria em suas vidas.
Por ser mulher Maria é a mulher que mais compreende todas as mulheres do mundo inteiro, colo de mãe é o abrigo que ela oferece a todos as mães e as mulheres que não conceberam filhos.
Se a hora do Ângelus não for possível ser a hora da meditação e da oração, às 18:00h, pelos compromissos assumidos no trabalho e nos afazeres domésticos, que seja a hora transferida para os preparativos do adormecer onde podemos dirigir nossos pensamentos da Oração da Ave Maria ou no improviso de palavras outras que saem de nosso coração.

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