Na época em que
o Brasil era bucólico, brejeiro e importador, a maioria das pessoas não
possuíam relógios, no campo e na lavoura suspendiam o trabalho ao ouvir o sino
das igrejas tangido às 18:00h.
O crepúsculo
do sol era a referência da paralisação do trabalho, à tardinha estavam de volta
aos lares, sentavam-se à mesa de refeição ou na sala-de-estar para a hora da
Ave-Maria ou a hora do Ângelus, em que a família inteira rezava o terço e as
orações em súplica aos anjos da guarda.
Este costume
veio de Portugal, desde o tempo do Brasil-Império, não temos informações se
abrangia o Brasil-Colônia, mesmo porque as maiores informações eram prestadas
pelo viajantes que passavam por aqui em trânsito, as conhecidas crônicas de
viagem ou diário de bordo.
A partir do
século XX, com as fábricas em funcionamento, não havia turno à noite, e à
tardinha, os operários já estavam em casa, não havia engarrafamentos de
trânsito, pois moravam no mesmo bairro, perto do trabalho. Na hora da Ave-Maria
os rádios transmitiam programação específica.
Formava-se uma
egrégora salutar e nunca era comentado casos de assalto ou de violência, os
políticos ganhavam, naquela época, muito menos do que hoje ganham os atuais, e
não havia nenhum caso de escândalo, quando isto ocorria, lá alguma vez, o homem
público passava uma vergonha que o impedia a concorrer a reeleição.
A música
Ave-Maria, composta por Erotides de Campos, foi gravada por Francisco Alves,
Augusto Calheiros, Carlos Galhardo, Altemar Dutra e, mais recentemente, por
Caco Piccoli, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, no interior
paulista.
A letra da
música inicia assim: “Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor,
despertando no meu coração a saudade do primeiro amor.”
Há um clima
saudoso nas badaladas do sino da igreja, fazendo recordar os tempos idos em
lembranças felizes da mocidade, nesse clima há uma súplica a Virgem dos poetas
para fortalecer os corações que se sentem amargurados pela perda de um amor que
já morreu.
Na prece
vislumbra-se “lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia”, a luz que
fizermos de dentro de nós se irradia numa ponte que faz a ligação com estrelas,
tendo como ponte-aérea Terra-Céu, a Ave-Maria, mesmo sabendo que o nosso
referencial maior é Jesus.
Maria, mãe de
Jesus, é um ser multidimensional que se confunde com as estrelas pela
luminosidade de irradiação de luz em múltiplas matizes, em coloração de efeitos
grandiosos, os devotos sentem esse manancial de bençãos em milagres que a vida
pode oferecer em sua mais bela proposta que é a vida eterna. Maria e Jesus
estão tão interligados que é impossível pensar em um sem estar ligado no outro.
Quem teve
alguma perda, que desencadeia a melancolia, recorra a Maria que a perda
desaparece, e o que é eterno surge como mensagem de luz. O que era doença é
restauração de saúde. As mulheres que têm depressão nem sabem a importância de
Maria em suas vidas.
Por ser mulher
Maria é a mulher que mais compreende todas as mulheres do mundo inteiro, colo
de mãe é o abrigo que ela oferece a todos as mães e as mulheres que não
conceberam filhos.
Se a hora do
Ângelus não for possível ser a hora da meditação e da oração, às 18:00h, pelos
compromissos assumidos no trabalho e nos afazeres domésticos, que seja a hora
transferida para os preparativos do adormecer onde podemos dirigir nossos
pensamentos da Oração da Ave Maria ou no improviso de palavras outras que saem
de nosso coração.
Seria muito bom voltar a ouvir a hora do ângelus
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