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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O CANTO DE UMA ENEIDA DIVERSA

A música do compositor grego Thanos Mikroutsikos é interpretada pela cantora Milva. A musicalidade nos chega dentro dos engramas que trazem à tona impressões do passado espiritual e, em seguida, as esquecemos para não dar movimento aos nossos pensamentos que se adiantam pelo destino afora.
A retrospectiva é comovedora como se estivéssemos a lembrar da separação do joio e do trigo, em plena movimentação atual, multidões de pessoas sendo conduzidas por elas mesmas, pela vibração que saem delas em direção de mundos compatíveis a da Terra, desgarradas do sublime canto e no canto a ressonância que não se faz distante.
Esses mundos nós já visitamos e descrevemos, no blog Fernando Pinheiro, escritor, uma cena postada em PÉGASO (II) – 16 de março de 2013, em que víamos pessoas enclausuradas em subterrâneos, com o destaque de uma mulher, conhecida de lembranças, chamando o nosso nome num sinal de conforto e alívio, cena transmutada para a realidade atual em circunstância idêntica que se repete no cenário terrestre.
O amor rompe barreiras visíveis e invisíveis por ser algo quintessenciado, tênue, suave, paradisíaco. A canção abre cenas empolgantes porque o contato de impacto com a psicofera da Terra, camada de pensamentos de seus habitantes, é algo como a luz cortando os ventos.
Se fosse materializado, nesta densa atmosfera, o que a música nos diz, poderia ser apreciado também no fenômeno de pareidolia (aquilo que pensamos ver em outra realidade, como exemplo carneirinhos nas nuvens) para aqueles que a ouvisse em ângulo diferente a do nosso.
A interpretação da leitura musical em que a letra se desdobra em litania, podemos ver e ouvir:
Se nos seus olhos fósforos incendiassem bombas em milagres do sol surgindo, a língua da serpente mais venenosa queimada, talvez pudéssemos, como antes, voltar a viver.
Se a sua carne ainda fosse um oásis do Olímpio inebriando-se no canto amigo de uma Eneida diferente, em profunda fundação, iríamos construir a casa que pudéssemos voltar a viver. Rezemos, rezemos, chamas irão surgir.
Se a sua noite ainda estivesse música, a onda do retorno poderia surgir não mais no físico, a ansiedade extinta, mas apenas como se fôssemos águia poderíamos viver, não literalmente, são os nossos corpos astrais que são livres e escolhemos a forma de como se expressar.
O homem de carne e osso rasteja sobre a terra a águia voa.
Tudo é possível entre nós, enquanto houver um mínimo de aceitação de um amor que, um dia, se viveu, afugentado pela melancolia grega que recrudesce em toda a Terra em forma de doença. Não a chamamos de que tipo é para não darmos peso e referência àquilo que pode ser extinto dentro da luz.
O sentimento de culpa em todos os aspectos de vida, que a pessoa viveu e está vivendo, dispara um gatilho que aciona dispositivos que a fazer gerar circuitos na geração de energia que o cérebro transmite. Não é necessário falar em perdão, mas se isto agrada a quem procura, o perdão surge.
Os neurotransmissores são atingidos e precisam ser ativados por pensamentos que modificam as paisagens íntimas que devem ser somente de beleza. A música diz: rezemos, rezemos, chamas irão surgir.
Aí está a necessidade do auxílio dos amigos, familiares, namorados de épocas distintas que estão impossibilitados de curtir um romance por falta de estímulo, aquela potência do ser chamada por Spinoza ou a libido de Freud, conhecida com maior amplidão entre os sexólogos.
A canção revela a ausência da parte física, não mais a preocupação tão grande, pois numa noite em que ainda estivesse a música, essa potência do ser pode eclodir e fazer voltar os encantos vividos. O amor faz milagres, é bem conhecida esta assertiva.
O Canto de uma Eneida diversa é destinada àqueles amores, uma entre quatro pessoas do planeta inteiro que sofrem desse desencanto, expandindo-se largamente entre aqueles familiares que não se omitem no socorro assistencial, mesmo em pensamento.
Não importa as voltas que o mundo dá, não importa a circunstância que um dia passará, agora ou no decorrer dos evos, o que prevalece é a nossa presença, mesmo distante, dos amores que em nosso coração vive.
Será que alguém no Brasil já ouviu a canção que diz para sempre eu hei de te amar? No dia 13 de setembro de 2012, em companhia de uma linda mulher, nós a ouvimos em música pura, aquela que não tem letra, ouvindo a música de Bach que se derramava em sons do órgão da Catedral de Petrópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.
Do mar de Bósforo que banha terras onde habitam as minhas amigas do Leste Europeu, onde a vibração do amor forma uma egrégora de luz, o Canto de uma Eneida diversa, saindo desse mar, se estende pelos mundos afora, a partir da Terra, banhando recantos de inefável beleza.

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