A música do
compositor grego Thanos Mikroutsikos é interpretada pela cantora Milva. A
musicalidade nos chega dentro dos engramas que trazem à tona impressões do passado
espiritual e, em seguida, as esquecemos para não dar movimento aos nossos
pensamentos que se adiantam pelo destino afora.
A
retrospectiva é comovedora como se estivéssemos a lembrar da separação do joio
e do trigo, em plena movimentação atual, multidões de pessoas sendo conduzidas
por elas mesmas, pela vibração que saem delas em direção de mundos compatíveis
a da Terra, desgarradas do sublime canto e no canto a ressonância que não se
faz distante.
Esses mundos
nós já visitamos e descrevemos, no blog Fernando Pinheiro, escritor, uma cena
postada em PÉGASO (II) – 16 de março de 2013, em que víamos pessoas
enclausuradas em subterrâneos, com o destaque de uma mulher, conhecida de
lembranças, chamando o nosso nome num sinal de conforto e alívio, cena transmutada
para a realidade atual em circunstância idêntica que se repete no cenário
terrestre.
O amor rompe
barreiras visíveis e invisíveis por ser algo quintessenciado, tênue, suave,
paradisíaco. A canção abre cenas empolgantes porque o contato de impacto com a
psicofera da Terra, camada de pensamentos de seus habitantes, é algo como a luz
cortando os ventos.
Se fosse
materializado, nesta densa atmosfera, o que a música nos diz, poderia ser
apreciado também no fenômeno de pareidolia (aquilo que pensamos ver em outra
realidade, como exemplo carneirinhos nas nuvens) para aqueles que a ouvisse em
ângulo diferente a do nosso.
A
interpretação da leitura musical em que a letra se desdobra em litania, podemos
ver e ouvir:
Se nos seus
olhos fósforos incendiassem bombas em milagres do sol surgindo, a língua da
serpente mais venenosa queimada, talvez pudéssemos, como antes, voltar a viver.
Se a sua carne
ainda fosse um oásis do Olímpio inebriando-se no canto amigo de uma Eneida
diferente, em profunda fundação, iríamos construir a casa que pudéssemos voltar
a viver. Rezemos, rezemos, chamas irão surgir.
Se a sua noite
ainda estivesse música, a onda do retorno poderia surgir não mais no físico, a
ansiedade extinta, mas apenas como se fôssemos águia poderíamos viver, não
literalmente, são os nossos corpos astrais que são livres e escolhemos a forma
de como se expressar.
O homem de
carne e osso rasteja sobre a terra a águia voa.
Tudo é
possível entre nós, enquanto houver um mínimo de aceitação de um amor que, um
dia, se viveu, afugentado pela melancolia grega que recrudesce em toda a Terra
em forma de doença. Não a chamamos de que tipo é para não darmos peso e
referência àquilo que pode ser extinto dentro da luz.
O sentimento
de culpa em todos os aspectos de vida, que a pessoa viveu e está vivendo,
dispara um gatilho que aciona dispositivos que a fazer gerar circuitos na
geração de energia que o cérebro transmite. Não é necessário falar em perdão,
mas se isto agrada a quem procura, o perdão surge.
Os
neurotransmissores são atingidos e precisam ser ativados por pensamentos que
modificam as paisagens íntimas que devem ser somente de beleza. A música diz:
rezemos, rezemos, chamas irão surgir.
Aí está a
necessidade do auxílio dos amigos, familiares, namorados de épocas distintas
que estão impossibilitados de curtir um romance por falta de estímulo, aquela
potência do ser chamada por Spinoza ou a libido de Freud, conhecida com maior
amplidão entre os sexólogos.
A canção
revela a ausência da parte física, não mais a preocupação tão grande, pois numa
noite em que ainda estivesse a música, essa potência do ser pode eclodir e fazer
voltar os encantos vividos. O amor faz milagres, é bem conhecida esta
assertiva.
O Canto de uma
Eneida diversa é destinada àqueles amores, uma entre quatro pessoas do planeta
inteiro que sofrem desse desencanto, expandindo-se largamente entre aqueles familiares
que não se omitem no socorro assistencial, mesmo em pensamento.
Não importa as
voltas que o mundo dá, não importa a circunstância que um dia passará, agora ou
no decorrer dos evos, o que prevalece é a nossa presença, mesmo distante, dos
amores que em nosso coração vive.
Será que
alguém no Brasil já ouviu a canção que diz para sempre eu hei de te amar? No
dia 13 de setembro de 2012, em companhia de uma linda mulher, nós a ouvimos em
música pura, aquela que não tem letra, ouvindo a música de Bach que se
derramava em sons do órgão da Catedral de Petrópolis, na região serrana do
Estado do Rio de Janeiro.
Do mar de
Bósforo que banha terras onde habitam as minhas amigas do Leste Europeu, onde a
vibração do amor forma uma egrégora de luz, o Canto de uma Eneida diversa,
saindo desse mar, se estende pelos mundos afora, a partir da Terra, banhando
recantos de inefável beleza.
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