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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A VOLTA DE BELISA

Quando Belisa (Bruna Linzmeyer) fugiu da clínica psiquiátrica foi buscar abrigo na casa de Juliano (Cauã Reymond), no Morro da Macaca, que temeroso não quis aceitá-la porque ela era namorada do delegado Dante. Frustrada, ela vai ao bar, compra uma garrafa de cachaça, toma alguns goles pelo caminho e volta a casa de Juliano que, diante dos encantos da mulher, não resiste, troca beijos com ela e um amasso ocorreu na cama, fazendo-o acolher a fugitiva. Estas são algumas cenas apresentadas, em 28/10/2015, pela novela A Regra do Jogo, da TV Globo.
Sabendo da localização de Belisa, o delegado Dante faz intimação a Juliano devolver a fugitiva, diante da prisão anunciada,  Belisa, aparecendo conduzida por policiais, pede ao delegado soltar Juliano que é solto na hora.
De volta para casa, Belisa se encaminha aos seus aposentos em companhia da mãe Nelita (Bárbara Paz) que a aconselha não atrapalhar o romance dela com Orlando (Eduardo Moscovis). Ela respondeu que ele é bandido, a mãe disse não acreditar e, se por acaso for, pediu a filha deixar por conta dela que sabe como resolver o que vier pela frente. Apaziguada, a filha concordou.
Na sala-de-estar estão reunidos os avós Gibson (José de Abreu) e Nora (Renata Sorrah), Orlando e o psiquiatra Paulo. Quando Belisa aparece diz estar disposta a voltar para a clínica e a avó diz não ser necessário porque ela tem todo o amparo da família.
Sorrindo, Belisa se dirige a Orlando pedindo-lhe apoio, ele surpreso se levanta da cadeira sabendo que algo renovador está acontecendo, pois ele não quer ter nenhum obstáculo pelo caminho na conquista do coração da mãe dela.
Quando alguém está irascível diante de uma brusca contenda, que sempre afeta o lado emocional, está mais propenso a demonstrar sintomas patológicos do que aquele que está em paz. A demonstração de tranquilidade que o psiquiatra encontrou na ex-interna foi o suficiente para demovê-lo a interná-la outra vez.
Sem a participação da família, fica difícil a situação dos pacientes que são levados à clínica psiquiátrica, uma vez que o movimento antimanicomial está atuante em nossos dias, desde o fim dos hospícios, como temos observado na crônica MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL – 30 de março de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor:
Segundo a edição de 28/03/2015 do jornal El Pais, Madri, Espanha, as comunidades terapêuticas no Brasil passaram a ser uma alternativa para retirar da rua os usuários de crack, principalmente no Estado de São Paulo. Acrescenta o matutino que essas comunidades não são consideradas unidades de saúde, pois não possuem regras médicas e a fiscalização é feita por vigilâncias sanitárias municipais.
Diferente de outros exames médicos que comprovam a existência da doença, através de laboratórios e de raios-X, o diagnóstico do médico psiquiatra é sempre questionável, pois se dá na área da subjetividade e corroborando o pensamento da médica Adriane Fugh-Berman, contido na referida matéria da Viomundo: “É bom notar que a psiquiatria é a profissão mais suscetível a diagnósticos questionáveis porque todos os diagnósticos são subjetivos.” [ARDIL DIABÓLICO – 20/09/2014 – Blog Fernando Pinheiro, escritor].
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Psicologia e o Conselho Federal de Serviço Social, ainda segundo o referido matutino, apresentaram protestos diante da nova portaria a ser lançada, em breve, pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas que prevê o aumento de 3  para até 12 meses de internação de pacientes e “o desenvolvimento da espiritualidade”, o que autoriza para essas comunidades a imposição religiosa.
Com a elevação do prazo de 12 meses fica caracterizado a internação por longo prazo em desacordo com a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que redireciona o modelo assistencial em saúde mental no Brasil. Depois desse prazo, naturalmente não é garantido a recuperação de saúde dos pacientes internos, e como fica a situação deles se a família não quiser receber de volta para casa?
Acreditamos que, na novela A Regra do Jogo, Belisa acolheu a sugestão da mãe por uma questão de estratégia para não voltar à clínica psiquiátrica, mas não ficou demovida do desejo de buscar desmascarar o noivo da mãe dela, quando a oportunidade vier.

www.fernandopinheirobb.com.br

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