Na mansão do casal Stewart foi tomada a decisão de
internar Belisa. A Clínica Souza Andrade está em evidência com a internação dela
que foi levada pela equipe do médico Paulo. Ela entrou sedada por medicação
para acalmar numa maca carregada por enfermeiros.
Como pôde o médico internar Belisa,
ela não era paciente dele e somente veio a saber da confusão familiar apenas
momentos antes em que ela foi levada contra a vontade para a clínica? Outras
cenas de confusão entre pessoas encenadas na mesma novela não aparece nenhum
médico psiquiatra.
Na novela A Regra do Jogo, da TV Globo, a internação de
Belisa, personagem interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer, na clínica
psiquiátrica, ocorreu por intermédio do médico Paulo, membro da facção
criminosa, vivido pelo ator Ranieni Gonzalez, atendendo ao pedido de Gibson,
avô de Belisa (José de Abreu). Ela descobriu que Orlando (Eduardo Moscovis), o
noivo da mãe dela, é da facção, mas ele pediu ao avô dela para interná-la, daí
a revolta que ela sentiu.
Nos idos de 2013, a atriz esteve fazendo o papel de
Linda, portadora de asperger, uma espécie de autismo, na novela Amor à Vida,
levada ao ar pela TV Globo. À época, o psiquiatra Renan, papel do ator Álamo
Facó, comentou: “toda pessoa precisa de
independência, mesmo sendo autista”.
No dia seguinte, Nora (Renata
Sorrah), acompanhada de Feliciano (Marcos Caruso) e Orlando (Eduardo Moscovis) foram
à clínica psiquiátrica, mas não pôde se encontrar com a filha Belisa, pois o
médico lhe dissera que a paciente tinha piorado com sintomas de esquizofrenia.
Conhecendo tão bem a filha, a mãe não concordou com a opinião do médico que fez
anotações no computador.
A senha “vitória na guerra”, usada
pelos integrantes da facção criminosa, foi dita por Orlando e respondida pelo
médico Paulo.
Ficamos a imaginar uma pessoa sadia, uns
dias atrás, bonita, inteligente, independente financeiramente, de repente sem
condições de conduzir a própria vida. Antes, no cárcere perde a liberdade de
locomoção e na clínica psiquiátrica a medicação pesada faz-lhe dopada e sem ter
condições de modificar os panoramas íntimos que estão nublados. [A INTERNAÇÃO
DE PALOMA – 5 de setembro de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
No terceiro dia, Dante, interpretado
pelo ator Marco Pigossi, foi à clínica psiquiátrica e pediu ao médico Paulo
permissão para ver Belisa. Quando ele chega ao quarto dela, a vê inconformada com a situação e ela lhe diz que
esses médicos são todos bandidos, causando espanto em Dante que achou isso anormal
ela falar assim.
Belisa diz a Dante ir embora, num
clima que o amor deles não existe mais, ele continua perplexo e sem dizer nada.
Quando ele volta ao gabinete do médico é perguntado por Orlando sobre o que
houve no encontro? Ele lhe disse foi péssimo. Dante perguntou ao médico se isto
em cura? A resposta que respondeu não lhe agradou: é necessário fazer o
tratamento de choque elétrico para ser mais rápido a recuperação de saúde da
paciente. Orlando ficou mais perplexo.
A pessoa pode estar bem de saúde
hoje, mas se tomar as drogas lícitas, em grande quantidade, por recomendação
médica e controle farmacêutico das receitas, pode vir em pouco tempo a ser uma
pessoa incapaz para o relacionamento amoroso. É que o entorpecimento virá com
esses remédios que colocam o paciente a ficar dependente. [O BEIJO DA LINDA –
30 de dezembro de 2013].
Diante da situação delicada, o
personagem Dante, vivido pelo ator Marco Pigossi, antes namorando a Belisa, passa
a ser ex-namorado, mesmo sem ter terminado o namoro, pois a namorada está na
condição de incapaz pela psiquiatria, embora
tenha ele interesse em ajudá-la, primeiramente na busca da fugitiva, conforme
ele disse à mãe dela, Nora, na pele da atriz Renata Sorrah.
Considerando o peso e a referência
que dão ao médico psiquiatra, vale mencionar os parágrafos constantes na
crônica O RESGATE DE PALOMA – 11 de setembro de 2013 – blog Fernando Pinheiro,
escritor:
Observamos que há muitos
questionamentos acerca do tratamento psiquiátrico, partindo da recomendação
médica que o paciente deve ser tratado apenas com um médico psiquiatra, e não
mais de um dos colegas da área, alegando que poderá haver divergências sobre o
diagnóstico, dosagem da medicação e métodos para promover a recuperação da
saúde.
Aliás, essa área médica é
completamente fechada a esses especialistas sem ter uma avaliação como existe,
por exemplo, de um médico cirurgião que deixa um instrumento na barriga do
paciente operado e, depois, é constatado o erro médico, com as punições
cabíveis dentro da ética profissional e perante o código penal.
Mesmo que haja fracasso de um
paciente com distúrbio mental que afete o patrimônio da família, o médico pode
alegar que, naquele dia, ele estava em boas condições de saúde e ninguém pode
contrariá-lo.
Diferente de outros exames médicos que
comprovam a existência da doença, através de laboratórios e de raios-X, o
diagnóstico do médico psiquiatra é sempre questionável, pois se dá na área da
subjetividade e corroborando o pensamento da médica Adriane Fugh-Berman,
contido na referida matéria da Viomundo: “É bom notar que a psiquiatria é a
profissão mais suscetível a diagnósticos questionáveis porque todos os
diagnósticos são subjetivos.” [ARDIL DIABÓLICO – 20/09/2014 – Blog Fernando
Pinheiro, escritor].
Nelita foi à clínica psiquiátrica e pede para Belisa fugir
dali, dá-lhe dinheiro, arruma o disfarce no vestir, usando a roupa da filha e a
filha, na roupa da mãe, sai cautelosa. Na entrada do prédio, ela pega um táxi
que está estacionado e ordena ao motorista seguir em frente sem parar diante da
perseguição.
Quando Belisa chega ao morro, o celular dela toca e vê
anotado o nome do avô. Sem interesse em atendê-lo, joga o aparelho na lixeira.
O policial Dante sobe no morro, mostra a foto dela no celular dele aos
moradores e teve notícia de que ela se encontra ali. Se ele ligasse para ela,
iria ouvir o celular dela tocar na lixeira.
A fuga hospitalar é um incidente que
sempre aconteceu em todos os tempos. Vale recordar a do compositor Ernesto
Nazareth, o célebre autor da música Odeon, comentada em nossa crônica do dia 6
de agosto de 2012. O compositor fugiu do Manicômio Juliano Moreira, onde estava
internado e, ao atravessar uma represa em Jacarepaguá, na cidade do Rio de
Janeiro, morreu afogado. [A FUGA – 3 de junho de 2013 – blog Fernando Pinheiro,
escritor].
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