Os funcionários da Agência São Paulo, a
única do Banco do Brasil existente na capital paulista, em 12/8/1939,
promoveram homenagem, no Salão Monte Carlo, ao Dr. Gerson de Almeida (posse no
BB: 11/12/1913, apos.: 1/3/1948), assistente da Contadoria, nomeado inspetor da
8ª Zona, com sede em Ribeirão Preto – SP.
No ágape, estavam presentes: Ruy Dantas
Bacellar, gerente; Izalco Sardenberg, contador (posse no BB: 2/2/1918, apos.:
23/3/1948); Genaro Pilar do Amaral, antigo gerente da Agência; e os inspetores:
Clarindo de Salles Abreu (posse no BB: 22/8/1908, apos.: 13/3/1948), David
Antunes (posse no BB: 12/6/1916, apos.: 1/8/1947); Roberto de Carvalho (posse no
BB: 13/2/1918, apos.:
27/12/1945), e Ivan D´Oliveira (posse no BB: 28/4/1925 – apos.: 11/2/1961) [Revista
AABB – Rio –
1939; Almanaque do
Pessoal – 1964].
David Antunes (1891/1969) exerceu os
cargos de gerente e inspetor de serviço (5ª Zona – DG), a partir de nov/1939,
nas agências de Campinas, Piracicaba e Pirassununga. Durante a II Guerra
Mundial, foi interventor do Banco Alemão Transatlântico, em São Paulo. Na
literatura David Antunes (novelista e romancista), adotou o pseudônimo de Iago
Joe.
Diversos oradores usaram da palavra,
enaltecendo a vida e a trajetória de trabalho do homenageado. Dentre eles,
destacamos: Orlando Rodrigues de Medeiros, gerente da Agência de Araguari – MG
(posse no BB: 15/6/1927, apos.: 21/1/1959); Hélio Corrêa Lima, encarregado da
Seção da Carteira Agrícola (posse no BB:
23/5/1932, apos.: 21/5/1962) [Revista AABB–Rio – 1939; Almanaque do Pessoal –
1964].
Vale ressaltar trechos do discurso de
Manoel Victor de Azevedo (1898/1988), escritor, jornalista, jurista,
radialista, funcionário lotado na Seção do Contencioso da Agência São Paulo:
“Há uma real alegria residindo em nossa
opinião ao constatarmos que o prêmio do cumprimento do dever é o dever
cumprido. É o merecimento que se galardoa dos seus justos títulos, e aí temos o
resultado claro da justiça que soube apor o galão de inspetor.
Temos em vossa longa vida bancária um
exemplo para a nossa, certos de que nem o tempo nem as dificuldades ambientes,
nem as razões extemporâneas, deixarão de fazer justiça à própria justiça
do merecimento.
Tenhamos fé, portanto, no grande
Instituto a que servimos. Sua diretoria tem demonstrado saber encontrar nos
velhos batalhadores os esteios seguros da sua atividade, e onde beber a seiva
nova de sua vida.
Aqui vemos nesta mesa, honrando-nos com
autoridade da sua experiência, aqueles a quem o Banco tem chamado para os
postos de comando, não porque se embarace nos direitos de antiguidade, mas
porque lhes aplaude o caráter, lhe premeia o valor. É para essa falange gloriosa
que se engalana dos louros autênticos da sua vitória conquistada através de uma
jornada de dedicação e sacrifício, que acabais de entrar, Dr.Gerson de Almeida”
(40) MANOEL VICTOR DE AZEVEDO,
funcionário do Banco do Brasil (posse: 7/11/1927, apos. 1/1/1960), deputado
federal (1946/1950) – Discurso proferido, em 12/8/1939, no Salão Monte Carlo –
São Paulo – SP, em homenagem a Gerson de Almeida. – Autorização concedida, em
4/9/2007, ao escritor Fernando Pinheiro pelo Prof. Luiz Carlos de Azevedo (Universidade
de São Paulo), filho de Manoel Victor.
Ao agradecer a homenagem recebida,
Gerson de Almeida manifestou sentir orgulho por fazer parte desta exemplar
coletividade em que o Banco do Brasil reúne em torno de si, e revelou sentir
aumentar fé nos destinos do Brasil “que tem a ventura de cristalizar em seu
seio uma gema tão perfeita quanto é nosso Banco.”
O orador que o procedeu, Manoel Victor
de Azevedo, recebeu homenagem, em dez/1998, na Academia de Letras dos
Funcionários do Banco do Brasil, ao ensejo das comemorações do 1° centenário de
nascimento, por Luiz Carlos de Azevedo, Professor de Direito Processual da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, filho de Manoel Victor, e
por Durval Ciamponi, que vieram especialmente da capital paulista para o
evento.
Da trajetória terrena (28/05/1898 a
25/01/1988) de Manoel Victor, podemos ressaltar as palavras do ilustre
Professor Luiz Carlos de Azevedo:
“Desde cedo, trabalhou no Banco do
Brasil, ali permanecendo por vários anos, licenciando-se somente durante o
período parlamentar, para depois volver aos seus pagos, junto ao Contencioso,
até sobrevir a aposentadoria.
Escritor e jornalista, desde a
mocidade, foi redator do Correio Paulistano e cronista diário na Folha da Noite
e Diário de S.Paulo, reunindo-se, mais tarde, todas estas crônicas em dois
livros publicados na década de trinta. O Colecionador de Sensações e Os Três
Tinteiros. Na verdade, muitas seriam as obras que deixou, diversificadas desde
o romance, até o ensaio, desde a crítica, até a exposição histórica, revelando
o seu pendor e versatilidade para as letras.
[...]
Dele se disse que, como conferencista e
orador, o seu estilo, tanto na prosa escrita, como na oratória, sempre se
revelou por elegante forma literária, levando-o a integrar várias academias de
letras e institutos de S.Paulo e de outros estados do Brasil.
Católico fervoroso viu-se agraciado por
várias comendas papais, destacando-se por ser o fundador do primeiro programa
de difusão do pensamento católico, a Hora da Ave Maria, a qual, por várias
décadas, era transmitida nas emissoras de São Paulo; e pela sua voz ergueram-se
igrejas, fortaleceram-se orfanatos, seminários, escolas, deu-se regular
desenvolvimento a uma campanha de distribuição de auxílios, em especial,
cadeiras de rodas aos necessitados.
Constituinte de 1946, como deputado
federal teve atuação remarcada em inúmeras medidas de interesse social,
lembrando-se, entre outras, o projeto que se aprovou e se converteu em lei a
respeito da liberação dos bens dos então chamados súditos do eixo. Assim
prosseguiu a sua atuação política na Assembleia Legislativa de São Paulo, da
qual ocupou por várias vezes a Presidência.”
(41) LUIZ CARLOS DE AZEVEDO, Professor
de Direito Processual da USP – Universidade de São Paulo – in
Centenário de Manoel Vitor (1898/1998), conferência apresentada em 9/12/1998,
ao ensejo da realização do 2° Seminário Banco do Brasil e a Integração Social,
promovido pela Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, sob a
presidência do escritor Fernando Pinheiro.
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