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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O RETORNO (II)


A novela Amor à Vida da TV Globo exibiu uma cena no estacionamento do Hospital San Magno, em que aparece o personagem Alfredo Gentil/Atílio, sendo assaltado, interpretado pelo ator Luís Melo, que perde a memória e, depois, volta a viver com a Márcia, a vendedora de lanche, no papel da atriz Elizabeth Savalla.
Alfredo Gentil vive uma vida simples, muito diferente daquela em que tinha a personalidade de Atílio, administrador do hospital, divertindo-se das atrapalhadas de Valdirene, a filha de Márcia, que está interessada em casar, buscando um homem rico, muito rico, assim como se expressava ao falar.
Decorrido algum tempo, vamos assistir a uma festa de forró na qual a Valdirene, interpretada pela atriz Tatá Werneck, buscava um encontro com o cantor da noite, houve uma confusão com os homens-seguranças e o penetras do camarim. Nessa confusão, Alfredo Gentil/Atílio recebeu uma coronhada na cabeça e recobrou um pouco os sentidos de outrora.
Atílio está de volta ao lar onde encontra a esposa Vega, papel da atriz Christiane Tricerri. A primeira providência dele foi dormir, assim como fez na vez anterior, pois o sono permite recobrar os sentidos arquivados na memória.
Interpelado, ele dispensou o tratamento médico, pois já estava em perfeito domínio de seus atos que se configuram normais. A esposa dele mostrou-lhe a roupa que ele vestia ao retornar ao lar e ele disse que jamais usaria a aquela indumentária, classificada de péssimo gosto.
Em atitude inusitada, ele diz à esposa que estava com muita vontade de comer hot-dog e escolheu um restaurante para servi-lo. A esposa ficou atônita com a surpresa. O que importava é comer o hot-dog, sem saber o por quê.
Quando volta ao trabalho, aquela simplicidade de estilo de viver de Alfredo Gentil é esquecida. Ele entra em atrito com Félix, administrador do hospital, no papel do ator Mateus Solano, na entrevista em que são mostrados, no notebook à mesa da sala de recepção, arquivos de seu casamento com a Márcia, usando falsa ideologia em crime de bigamia.
Na interpretação de nosso texto, podemos ver que há uma crise de identidade vivida por uma só pessoa. A escolha de estilo de vida atual se mescla no passado configurando-se no presente aturdido. A escolha é fundamental para se configurar a sanidade mental. No entanto, há lembranças do passado introjetando-se na mente uma realidade.
Não há como definir o caminho a ser escolhido por Atílio, a busca terapêutica pode tornar-se um fracasso se essa realidade não for mostrada às claras.
Retomar ao sono, como ele fez durante duas vezes do mesmo jeito, e perceber o que os sinais íntimos lhe estão mostrando. Só o Atílio pode fazer isto. A Psiquiatria ainda não tem os recursos de ler a alma, tal como é projetada, os sintomas são apenas indícios a serem pesquisados com maior atenção.
Assim como nos sonhos podemos perceber a realidade que nos envolve sem precisar de alguém que nos explique o que está acontecendo, o homem que alcançar a ascensão para a consciência unificada, que está sendo implantada na Terra, pelos simples e humildes de coração, terá esses mesmos recursos de percepção.
Nesse novo patamar de grandeza existencial não haverá mais engano e mentira de qual espécie, em todas as áreas humanas, e ninguém será ludibriado por sistemas que o escravizaram, na política, no apelo religioso, nos relacionamentos afetivos e amorosos.
É o fim do mito de Prometeu que falsificou tudo no dualismo que congrega o bem e o mal, o deus e o diabo, em conflitos desse dualismo devastador que um dia, no decorrer de alguns séculos, será extinto do planeta Terra que, como hotel planetário, ganhará mais uma estrela.

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