Don Quixote é a história de Kitri, uma garota
volúvel que ama Basílio, um barbeiro sem dinheiro, contra a vontade do pai.
Nesse percurso para ser feliz, ela anda por um mercado de praça onde estão
moradores, toureiros, artistas de rua e as andanças do cavaleiro titular e seu
escudeiro, Sancho Pança. [The Guardian – 31 de julho de 2016].
No Ato
1 do balé Don Quixote a cena se desenvolve no mercado de praça em Barcelona com
muita música folclórica. Quando Kitri aparece, a multidão vai à loucura. Os
toureadores a cortejam em danças alegres, colocando balizas por onde ela tem
que passar. Quando ela demostra predileção por Basílio, o pai dela chega e
separa os dois, não se conformando com a situação.
Vale
mencionar algumas estrelas do balé que interpretaram, nos últimos anos, os
personagens Kitri e Basílio: Olesya Novikova e Leonid Sarafanov (Mariinsky
Theatre, 2006), Miki Hamanaka e Demiil Simkin (Lithuanian National Opera –
2007), Svetlana Zakharova e Andrei Uvarov (Bolshoi Ballet – 2009), Sylvie
Guillem e Nicolas Leriche (Paris Opera Ballet – 2009), Evgenia Obraztsova e
Vladimir Shklyarov (Mariinsky Theatre – 2011), Maria Alexandrova e Mihail
Lobuhin (Bolshoi Ballet – 2012), Paloma Herrera e Cory Steams (American Ballet
Theatre – 2014).
No Ato
2 é o momento idílico dos namorados Kitri e Basílio que trocam olhares e gestos
apaixonados, a dança tem enlevo embriagador impulsionando a coragem de quem ama
de verdade. Mas surge um grupo de ciganos que separa o casal. Ainda no segundo
ato, temos Mercedes Variation apresentada por uma dançarina de rua ou de
estrada.
Vale
mencionar as bailarinas famosas que interpretaram Mercedes, nos últimos anos:
nos idos de 2015, Svetlana Gaida no Kraków Centre Ballet Theatre; em 2013, Eun
Won Lee no Korean Ballet Association; em 2012 Laura Hecquet no Paris Opéra
Ballet; em 2010, Jaclyn Ann Higgins no Hungarian National Ballet, Yulia
Stepanova no Mariinsky International Ballet Festival, Rússia; em 2008, a
bailarina Luiza Bertho esteve se apresentando com a Companhia Brasileira de
Ballet no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e, em 2007, Ekaterina Kondaurova
em Kirov Mariinsky.
Com
cenário que aparece moinhos de vento, Don Quixote e seu fiel escudeiro Sancho
Panza entra no meio da confusão, como a fazer justiça diante do amor do casal
que foi prejudicado pela presença dos ciganos. Com a luta renhida, ele adormece
e tem um sonho.
Esse
sonho foi narrado em nossa crônica de 31 de maio de 2016, ressaltando a
presença de Cupido e Dulcineia, a seguir:
Cupid Variation aparece no 2º Ato do
balé Don Quixote, de Ludwig Minkus, coreografia de Marius Petipa. No romance de
Miguel de Cervantes a busca de Don Quixote de La Mancha estava na situação e na
circunstância em que ele mesmo definiu em versos:
“Sonhar
o sonho impossível
Sofrer
a angústia implacável,
Pisar
onde os bravos não ousam,
Reparar
o mal irreparável,
Amar
um amor casto à distância,
Enfrentar
o inimigo invencível,
Tentar
quando as forças se esvaem,
Alcançar
a estrela inatingível:
Essa
é a minha busca.”
– Don Quixote, de Miguel Cervantes
Na coreografia do balé, Don Quixote estende os
braços tentando acompanhá-las, mas não tem jeito para dançar, mesmo assim ele
as acompanha. Cavaleiro que é, ele se ajoelha, faz gesto de mãos ao peito e
oferece a espada a Cupid, mas ela não está ligada em espada, apenas na dança
que inspira o amor. [CUPID VARIATION – 31 de maio de 2016 –
blog Fernando Pinheiro, escritor].
A amada Dulcineia se aproxima de Don Quixote, mas
ele não pode tocá-la, não a alcança porque a dança está em movimento. Fica
então parado, uma pequena dançarina o puxa para o meio do salão, mas ele não a
acompanha, então, levanta as mãos, acompanhando a música, sai da cena de dança
e fica nos fundos vendo as bailarinas dançar. [CUPID VARIATION –
31 de maio de 2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
O Ato
3, no dizer da bailarina russa Natalia Osipova, em entrevista concedida, nos
idos de 2014, ao ensejo da apresentação do balé Don Quixote no Teatro alla
Scalla di Milano: “o terceiro ato é um tributo ao clássico com grandes pas de
deux”.
Vale
salientar que o balé Don Quixote, de Ludwig Minkus, com um prólogo e 3 atos, coreografia
de Rudolf Nureyev, apresentou, em 25 de
setembro de 2014, no Teatro alla Scalla di Milano, trazendo no elenco o maestro
Alexander Titov, diretor da Orchestra del Teatro alla Scala, Makhar Vaziev, diretor
artístico do Corpo de Baile do Teatro alla Scala, Massimo Tomirotti, diretor de
produção, e os seguintes personagens e intérpretes:
Don
Quixote (Giuseppe Conte), Sancho Panza (Gianluca Schiavoni), Lorenzo (Matthew
Endicott), Kitri/Dulcineia (Natalia Osipova), Basílio (Leonid Sarafanov),
Gamache (Riccardo Massimi), Una ballerina di strada (Vittoria Valerio), Due
amiche di Kitri (Lusymay Di Stefano, Denise Gazzo), Espada (Christian Fagetti),
La regina delle Driadi (Nicoletta Manni), Um zíngaro (Antonino Sutera), Amore
(Serena Sarnataro), Due zíngare (Deborah Gismondi, Emanuela Montanari), Il Re e
la Regina degli zingari (Luigi Saruggia, Caroline Westocombe), Uma damigella
d´onore (Virna Toppi), Solisti fandango (Vittoria Valerio, Christian Fagetti).
É oportuno mencionar que O
Sonho de Don Quixote, coreografia de Márcia Haydée, está em cartaz no Teatro
Sérgio Cardoso, em São Paulo, de 12 a 22 de novembro de 2016 – São Paulo –
Companhia de Dança. Anteriormente, em julho de 2016, a estrela da dança Márcia
Haydée, dirigindo o Ballet de Santiago, Chile, apresentou no Theatro Municipal
do Rio de Janeiro a versão para balé de Zorba, o grego.
No filme transmitido pela RAI,
o maestro Alexander Titov disse que “este balé tem claramente uma música
romântica e muito alegre, muito vivaz que causa emoções positivas”. O bailarino
Leonid Sarafanov fez uma referência à bailarina Natalia Osipova: “a partner é a razão de motivação porque
você precisa estar ao nível dela e pular tão bem como ela faz.”
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