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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

VIRGINDADE NA BERLINDA

Casablanca evoca o clima romântico de um casal de atores, imortalizado pelo cinema: Humphrey Bogart (Rick) e Ingrid Bergman (Ilsa). Hoje é manchete no mundo inteiro como uma das cidades de Marrocos, incluindo Rabat, Marrakesh, Tetuan e Tânger, como também as cidades autônomas espanholas, Ceuta e Melilla, situadas no norte da África, que realizam a himenoplastia.
Segundo o doutor Mansur, a reconstituição do hímen veio atender à necessidade de devolver à mulher africana a dignidade tirada no estupro, pois o repúdio da população não se restringe apenas à vítima, mas à família inteira, pois fica impossibilitada de arranjar casamento para filha. [El Pais – 26 de julho de 2016].
No sistema de crença existente a obrigação da mulher ser pura, conceito que abrange a parte física. Nos tempos da virgindade no Brasil, ocorrida antes da chegada da pílula anticoncepcional, ser pura é ser virgem. Há muitos boleros da época que confirmam essa assertiva. Mas, para muita gente a virgindade continua.
Embora não tenha valor jurídico, o certificado de virgindade da mulher é muito solicitado, nos países africanos, pelas noivas para atender ao pedido do noivo. Segundo o doutor Mansur, as reconstituições de hímen são “uma passagem simples, rápida e barata rumo à liberdade da mulher”. Conclui o médico que, em 90% dos casos a operação funciona. [El Pais – 26 de julho de 2016].
O edital do concurso público para admissão de mulheres no Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal – CBMDF –, Brasília causou repercussão a nível nacional, em decorrência da exigência dos exames de colpocitologia oncótica, popularmente conhecido como Papanicolau (prevenção ao câncer do colo do útero) e HPV. Ainda de acordo com o edital, “estariam dispensadas da obrigatoriedade do teste as mulheres que possuírem “hímen íntegro”. [Pragmatismo Político – 28/07/2016].
Assim como os médicos ginecologistas africanos emitem atestado médico comprovando a virgindade, a pedido da paciente por exigência do parceiro que pretende se casar, aqui no Brasil, o CBMDF exige esse mesmo atestado, constrangendo as mulheres a se expor em situação bastante desconfortável.
A manchete “Bela, Recatada e do Lar” surgiu, em abril de 2016, na revista Veja. Isto fez criar uma polêmica com o público como se fosse um vínculo da mulher a padrões que a fazem ficar submissa ou apoderada a valores do passado que repercutem atualmente ou do próprio homem que a tem com direitos adquiridos na lei ou no recinto religioso, conhecidos com o nome de casamento ou união estável. [BELA, RECATADA E DO LAR – 24 de abril de 2016 – blog Fernando].
Na década de 50, nas regiões Norte e Nordeste, as filhas dos senhores abastados de riqueza e prestígio social quando perdiam a virgindade eram deportadas para cidade do Rio de Janeiro, a capital da República, em navios a vapor, tomavam um ita no Norte ou seguiam de avião.
O tempo da virgindade no modelo do passado mudou, embora continue recrudescido nas mulheres que pretendem se proteger contra as intempéries do tempo, mesmo assim estão abertas ao relacionamento. [AMORES GRIS – 12 de julho de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].

www.fernandopinheirobb.com.br

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