A cena descrita
na música Chão de Giz, na voz de Zé Ramalho, é pertinente à solidão e ao
cenário em que as relações amorosas se desdobram em dificuldade para romper o
ambiente vicioso: “Há tantas violetas velhas sem um colibri. Queria usar quem
sabe uma camisa de força ou de vênus”.
Essa mesma
dificuldade, no amplo sentido social, está manifestado em Elysium, filme
dirigido por Neill Blomkamp, tendo como principais atores Matt Damon e Jodie
Fost e, ainda, Wagner Moura e Alice Braga. O enredo é de ficção projetada em
2159, mas que tem um viés de realidade, nos idos de 2013: a separatividade,
característica da consciência planetária dissociada, que está indo embora, essa
saída anunciada no final da música.
A procura dos
homens mais velhos por mulheres mais novas está aumentando muito em decorrência
da lei conhecida no mercado de valores: oferta e procura, aliás é sempre a
mulher que conquista e não o homem, pois se não houver aceitação por parte
dela, nada se realiza.
A fome no
mundo empurrou homens e mulheres a buscar abrigo em circunstâncias favoráveis,
pois a comida e a habitação determinam a estabilidade de um casal e até dizem,
no dito popular, que saco vazio não se põe em pé.
O sentimento,
como expressão da vontade, não é apreciado entre a maioria que visa unicamente
desfrutar de bens materiais. O cartão e a senha do banco e, ainda, o dinheiro
na mão determinam a escolha do pretendente. O amor e a cabana para quê? Reputam
sempre nas descartadas.
A
separatividade já nasce naqueles que se unem nesse propósito. Ora, se no campo
mental isto existe, para que ter uma união corporal? Mas isto não é levado à
consideração, basta o corpo satisfeito e, ainda, pensam: existe outra coisa
melhor? Assim, a mulher é vista por partes de seu corpo e nunca pelo todo,
aliás o todo para quem pensa assim é somente o corpo e nada mais.
Resultado: na
descida pela solidão se espalham coisas sobre um chão de giz e os devaneios
tolos torturam em lembranças que mostram fotografias do passado. Quantas vezes?
amiúde.
As imagens
passadas na internet e na televisão desfilam esses devaneios, em forma do que é
considerado o melhor, dentro da luz bruxuleante do mito da caverna que passa a
ser real aquilo que observamos nessas imagens. Há outros mitos recrudescendo na
vida planetária como vimos comentando.
A carga de
vibrações densas é passada nesses meios de comunicação de massas e não a
notamos deletéria porque estamos acostumados a viver assim, porque assim fomos
bombardeados, por longo tempo e o tempo todo, por notícias que divulgam
desencantos na forma mais cruel. A manada está presa no curral. Os donos dessa
carga se acham o dono da manada.
A voz do
cantador paraibano faz disparar balas de canhão e se acha inútil porque existe
um grão-vizir, aquele que é o dono das massas e das maçãs velhas. A voz vai se
levantando, querendo usar os mesmos apetrechos da opressão: uma camisa de força
e ou de vênus, depois se redime: “mas não vou gozar de nós”.
Isto nos
remete a forma como é recebida pelo público as notícias que geram os
desencantos. Não devemos dar peso e referência àquilo que nos aprisiona, vindo
das teias invisíveis dos meios de comunicação que temos na internet, televisão,
vizinhos que repetem as notícias e os pensamentos que nos aprisionam por tudo
isto.
Vamos ser
colibri e voar em direção de todas as violetas. Há jardins perfumados na
amplidão dos espaços infinitos.
Interessante sua interpretação, mas estava longe da intenção do Zé ao compor a referida música.
ResponderExcluirEla foi escrita baseada num episódio da vida dele, quando era jovem e foi amante de uma mulher mais velha ([...]violetas velhas).