A
obra Metamorfoses, de Ovídio, narra o mito Diana e Actéon, num encontro casual
em que ele a vê desnuda tomando banho em escolta de ninfas que cobrem a nudez
da casta deusa que fica enraivecida pela presença dele, jogando-lhe água que é
transformado num cervo, impedindo-o de falar e, ao fugir, é morto por seus cães
que não o reconhecem. A cena também foi retratada por Ticiano, pintor italiano
da Renascença.
Com música de Cesare Pugni e
coreografia de Marius Petipa, o tema virou balé em homenagem a Diana, a deusa
romana da caça e da castidade, vestindo uma túnica vermelha, que se apresenta
en pas de deux com Actéon, um herói de Tebas. O balé também ganhou música de
Riccardo Drigo e coreografia de Alicia Alonso.
Quando o homem vê a nudez da
mulher, sem o consentimento dela ou da família, faz eclodir o mito de
Diana nos tempos atuais. A violência
contra a mulher está desde a entrada, sem permissão, de homens em banheiros
públicos femininos, bem como nos recintos do trabalho, com o propósito de
seduzir ou agarrar à força.
O mito recrudesce, em maio de
2016, com a notícia de que o ator americano Bil Cosby recebeu a decisão da
juíza Elizabeth McHug de levá-lo a julgamento na Pennsylvania, EE.UU., acusado
por crimes, cometidos em 2004, por abuso sexual contra mulher.
Na novela Velho Chico, primeira
fase, idealizada por Benedito Ruy Barbosa e escrita por Edmara Barbosa e Bruno
Barbosa, levada ao ar pela TV-Globo, ambientada na fictícia Grota do São
Francisco, nos idos de 1960, o coronel Afrânio, vivido pelo ator Rodrigo
Santoro, encontra Leonor, moça virgem, interpretada pela atriz Marina Nery que
estava tomando banho no rio, e, mesmo com o consentimento dela, a deflora, isto
atingiu a honra da família que o persegue e o obriga a casar com ela. Os
costumes antigos e atuais refletem, veladamente, o mito de Diana.
Em caso extremo, o mito de Diana recrudesceu no
filme Último Tango em Paris, dirigido por Bernardo Bertolucci, nos idos de
1972, na cena da manteiga na qual a atriz Maria Schneider foi estuprada pelo
ator Marlon Brando, a cena não estava no roteiro do filme.
Como o ator de cinema é visto como um semideus ou
muito mais pela mídia e pelo público, o diretor deixou passar isso por
considerar uma cena real, mas era um estupro, via anal, contra a vontade da
atriz que, aos 20 anos, estava contracenando com esse ator famoso. Ela,
conforme confessou, foi manipulada, violentada e humilhada. Assim, houve a
ruptura da atriz com Bertolucci e o ator e o diretor nunca mais se falaram.
[NUDEZ VIOLENTADA – 6 de maio de 2014, blog Fernando Pinheiro, escritor].
Segundo o comentário do JB – 17/11/2013: “A atriz
sofreu problemas psicológicos e anos de dependência química, e nunca mais
gravou cenas de nudez em toda a sua carreira. Apenas após sua morte, em 2011,
com 58 anos, depois de uma grave doença, Bertolucci admitiu, pela primeira vez,
que gostaria de ter "lhe pedido desculpas". (ANSA). [NUDEZ VIOLENTADA
– 6 de maio de 2014, blog Fernando Pinheiro, escritor].
A China, o país de
maior população do mundo, cerca de 1,7 bilhão de habitantes, apresentou,
conforme divulgado, em 29/11/2014, pelo jornal madrileno El Pais, o primeiro
projeto de lei contra a violência conjugal, realçando que o problema afeta 25%
das mulheres casadas. Assim, podemos ver que o número de vítimas atinge a cifra
de milhões de mulheres. [SISTEMA DE CRENÇAS (II) – 31 de outubro de 2015.
A cultura
milenar chinesa, assim como a maior parte do mundo, ao longo de sua existência,
considerava essa questão como sendo particular e não pública, isto englobando o
abuso verbal sofrido por mulheres. [NO MEIO DO CAOS – 29 de novembro de 2014 –
blog Fernando Pinheiro, escritor].
Trinta anos antes, o Brasil
se antecipa com a criação da primeira Delegacia de Defesa da Mulher, em 07 de agosto
de 1985, por Michel Temer, secretário de Segurança Pública de São Paulo, no
governo de André Franco Montoro, sendo que a primeira delegada a chefiar essa
Delegacia foi Rosmary Correa [blog Palácio do Planalto – Presidência da
República – Notícias – 07.08.2015].
No Estado do Rio de Janeiro
existem mais de 130 mil processos sobre violência contra a mulher. Em foto ao
lado do desembargador Luiz Fernando Ribeiro, a juíza Adriana Ramos de Mello
exibe, com as mãos estendidas, a camisa da campanha: Justiça pela paz em casa.
[AMAERJ – Notícias – Informativo 131 – janeiro / fevereiro de 2016].
É oportuno citar as palavras
da ministra Carmen Lúcia, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, a
respeito do que pensam os criminosos quando praticam atos de violência contra
mulheres: “Nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo.” – El Pais – 29 de maio de 2016.
Diana Variation aparece o
solo de bailarina dançando na coreografia de Agrippina Vaganova, tem a
presença, em apresentações distintas, das seguintes bailarinas: Amparo Brito,
Cecília Kerche, Flávia Garcia, Jaimi Cullen, Martina Miró, Mayara Magri,
Rosario Suarez.
Diana e Acteon, en pas de
deux, se apresentaram, em lugares diversos, os seguintes bailarinos: Anastasia
Matvienko e Denis Matvienko / Anastasia Stashkevich e Vyacheslav Lopatin /
Cynthia Gregory e Fernando Bujones / Ekaterina (Yekaterina) Osmolkina e
Vladimir Shklyarov / Irena Pasaric e José Manuel Carreño / Jennifer Gelfand e
José Carreño / Lorna Feijoo e Carlos Acosta / Tatiana Terekhova e Sergei
Berezhnoi / Xiomara Reys e Rolando Sarabia.
Merece ainda destaque a
participação de Samira Crema Faria, funcionária do Banco do Brasil, ex-aluna da
Academia Daisa Poltronieri, que se apresentou, nos idos de 2009, no Teatro Calil
Haddad, Maringá – PR, dançando Diana e Actéon pas de deux, com o bailarino
Sérgio Oliveira.
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