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domingo, 29 de maio de 2016

DIANA VARIATION


A obra Metamorfoses, de Ovídio, narra o mito Diana e Actéon, num encontro casual em que ele a vê desnuda tomando banho em escolta de ninfas que cobrem a nudez da casta deusa que fica enraivecida pela presença dele, jogando-lhe água que é transformado num cervo, impedindo-o de falar e, ao fugir, é morto por seus cães que não o reconhecem. A cena também foi retratada por Ticiano, pintor italiano da Renascença.
Com música de Cesare Pugni e coreografia de Marius Petipa, o tema virou balé em homenagem a Diana, a deusa romana da caça e da castidade, vestindo uma túnica vermelha, que se apresenta en pas de deux com Actéon, um herói de Tebas. O balé também ganhou música de Riccardo Drigo e coreografia de Alicia Alonso.
Quando o homem vê a nudez da mulher, sem o consentimento dela ou da família, faz eclodir o mito de Diana  nos tempos atuais. A violência contra a mulher está desde a entrada, sem permissão, de homens em banheiros públicos femininos, bem como nos recintos do trabalho, com o propósito de seduzir ou agarrar à força.
O mito recrudesce, em maio de 2016, com a notícia de que o ator americano Bil Cosby recebeu a decisão da juíza Elizabeth McHug de levá-lo a julgamento na Pennsylvania, EE.UU., acusado por crimes, cometidos em 2004, por abuso sexual contra mulher.
Na novela Velho Chico, primeira fase, idealizada por Benedito Ruy Barbosa e escrita por Edmara Barbosa e Bruno Barbosa, levada ao ar pela TV-Globo, ambientada na fictícia Grota do São Francisco, nos idos de 1960, o coronel Afrânio, vivido pelo ator Rodrigo Santoro, encontra Leonor, moça virgem, interpretada pela atriz Marina Nery que estava tomando banho no rio, e, mesmo com o consentimento dela, a deflora, isto atingiu a honra da família que o persegue e o obriga a casar com ela. Os costumes antigos e atuais refletem, veladamente, o mito de Diana.
Em caso extremo, o mito de Diana recrudesceu no filme Último Tango em Paris, dirigido por Bernardo Bertolucci, nos idos de 1972, na cena da manteiga na qual a atriz Maria Schneider foi estuprada pelo ator Marlon Brando, a cena não estava no roteiro do filme.
Como o ator de cinema é visto como um semideus ou muito mais pela mídia e pelo público, o diretor deixou passar isso por considerar uma cena real, mas era um estupro, via anal, contra a vontade da atriz que, aos 20 anos, estava contracenando com esse ator famoso. Ela, conforme confessou, foi manipulada, violentada e humilhada. Assim, houve a ruptura da atriz com Bertolucci e o ator e o diretor nunca mais se falaram. [NUDEZ VIOLENTADA – 6 de maio de 2014, blog Fernando Pinheiro, escritor].
Segundo o comentário do JB – 17/11/2013: “A atriz sofreu problemas psicológicos e anos de dependência química, e nunca mais gravou cenas de nudez em toda a sua carreira. Apenas após sua morte, em 2011, com 58 anos, depois de uma grave doença, Bertolucci admitiu, pela primeira vez, que gostaria de ter "lhe pedido desculpas". (ANSA). [NUDEZ VIOLENTADA – 6 de maio de 2014, blog Fernando Pinheiro, escritor].
A China, o país de maior população do mundo, cerca de 1,7 bilhão de habitantes, apresentou, conforme divulgado, em 29/11/2014, pelo jornal madrileno El Pais, o primeiro projeto de lei contra a violência conjugal, realçando que o problema afeta 25% das mulheres casadas. Assim, podemos ver que o número de vítimas atinge a cifra de milhões de mulheres. [SISTEMA DE CRENÇAS (II) – 31 de outubro de 2015.
A cultura milenar chinesa, assim como a maior parte do mundo, ao longo de sua existência, considerava essa questão como sendo particular e não pública, isto englobando o abuso verbal sofrido por mulheres. [NO MEIO DO CAOS – 29 de novembro de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Trinta anos antes, o Brasil se antecipa com a criação da primeira Delegacia de Defesa da Mulher, em 07 de agosto de 1985, por Michel Temer, secretário de Segurança Pública de São Paulo, no governo de André Franco Montoro, sendo que a primeira delegada a chefiar essa Delegacia foi Rosmary Correa [blog Palácio do Planalto – Presidência da República – Notícias – 07.08.2015].
No Estado do Rio de Janeiro existem mais de 130 mil processos sobre violência contra a mulher. Em foto ao lado do desembargador Luiz Fernando Ribeiro, a juíza Adriana Ramos de Mello exibe, com as mãos estendidas, a camisa da campanha: Justiça pela paz em casa. [AMAERJ – Notícias – Informativo 131 – janeiro / fevereiro de 2016].
É oportuno citar as palavras da ministra Carmen Lúcia, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, a respeito do que pensam os criminosos quando praticam atos de violência contra mulheres: “Nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo.” –  El Pais – 29 de maio de 2016.
Diana Variation aparece o solo de bailarina dançando na coreografia de Agrippina Vaganova, tem a presença, em apresentações distintas, das seguintes bailarinas: Amparo Brito, Cecília Kerche, Flávia Garcia, Jaimi Cullen, Martina Miró, Mayara Magri, Rosario Suarez.
Diana e Acteon, en pas de deux, se apresentaram, em lugares diversos, os seguintes bailarinos: Anastasia Matvienko e Denis Matvienko / Anastasia Stashkevich e Vyacheslav Lopatin / Cynthia Gregory e Fernando Bujones / Ekaterina (Yekaterina) Osmolkina e Vladimir Shklyarov / Irena Pasaric e José Manuel Carreño / Jennifer Gelfand e José Carreño / Lorna Feijoo e Carlos Acosta / Tatiana Terekhova e Sergei Berezhnoi / Xiomara Reys e Rolando Sarabia.
Merece ainda destaque a participação de Samira Crema Faria, funcionária do Banco do Brasil, ex-aluna da Academia Daisa Poltronieri, que se apresentou, nos idos de 2009, no Teatro Calil Haddad, Maringá – PR, dançando Diana e Actéon pas de deux, com o bailarino Sérgio Oliveira.  

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