Os puxadores do
samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha enfatizam: “Borboleta
voa, vamos viajar neste sonho de criança, vou transpor um túnel e me encantar,
visão de tanta beleza faz o sol se apaixonar, verde esmeralda na onda a bailar,
no espelho da água o céu quis se olhar, lagoas que adocicam a boca do mar, vem
pra cá...”
No século
passado, com enfoque nas décadas de 50 em diante, as crianças iam à escola,
somente a partir dos 7 anos de idade, tempo suficiente em que tinham para
brincar sem a obrigação de estudar.
As palavras do
escritor maranhense Arquimedes Vale, em nosso facebook, vêm enriquecer a nossa
crônica:
“As marcas da
infância são indeléveis pela pureza e honestidade nas quais originadas. Me
ocupam a memória momentos de uma São Bento bucólica e inocente na qual
exercíamos o nosso direito de sermos crianças. Além de médico, aposentado do
serviço público mas ainda ativo como autônomo, enveredei e me ocupo com
literatura. Tenho lido tuas crônicas, aqui publicadas, e me encanto com tua
fluência e força literária. Parabéns.”
Vale salientar
que o número de crianças a partir de 0 a 3 anos de idade, que frequentam creches
e escolas, subiu de 11,7%, no decorrer de 10 anos (2002 a 2012), para 21,2%, e
a taxa pertinente a crianças de 4 e 5 anos elevou-se, no mesmo período, de
56,7% para 78,2% [IBGE - 2012].
Por outro
lado, segundo informação do Viomundo – 29/11/2013, “A Síntese de Indicadores
Sociais (SIS) 2013 mostra que, em 2012, cerca de 20% dos jovens de 15 a 29 anos
de idade [Nota do Viomundo: 9,6 milhões] não frequentavam escola nem
trabalhavam. A proporção de mulheres nesse grupo foi grande: 70,3%.”
O destino está
nos sonhos que são feitos de voos, no dizer do samba-enredo. Somos
frequentadores assíduos de uma comunidade na cidade do Rio de Janeiro e ficamos
felizes ao ver que tem tudo no mesmo lugar: lojas de comércio, restaurantes com
refeição a 10 reais, comida caseira de boa qualidade, salões de beleza, venda
de peixes ao ar livre e bastante música nordestina e sambas que fazem a cara do
Rio.
É assustador o
número de mulheres brasileiras que não frequentam escola nem trabalham: 70,3%
de 9,6 milhões do total dos jovens de 15 a 29 anos de idade, segundo o Viomundo
– 29/11/2013. A música diz: “vou pra gandaia com a minha princesinha”,
engrossando ainda mais o número de mães solteiras com filhos menores. A alegria
é fundamental, o importante é seguir o destino.
“A borboleta
encantada vai voar. (...) Há nova Era... Amor”, o samba-enredo da Rocinha, no
carnaval de 2014, anuncia que o paraíso é aqui. “Sorria, você está na Barra da
Tijuca”, letreiro visível em frente do fim do túnel do Elevado do Joá.
A música
ressalta ainda “eu quero me achar no seu amor”, você já pensou se encontrando
no encontro dos amores eternos? Almas gêmeas se multiplicando aos milhões. Não
é sonho, é realidade em ritmo de samba.
Mais
importante do que achar a alma gêmea, tão largamente difundido nas redes
sociais, onde a internet tem o domínio popular, é encontrar-se, descobrir-se
como gente ou ser humano que possui profundidade no existir mesmo na
transitoriedade de todas as coisas.
A música evoca
ainda a figura de campeão com medalha no peito rimando com bairro perfeito,
quem não gostaria de ter os louros da glória? Todos, sem exceção, foi para isso
que viemos ao mundo para sermos vitoriosos nas lutas diárias que a vida nos dá.
Sorria, você
está na Barra da Tijuca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário