Páginas

sábado, 21 de dezembro de 2013

CANDACES

Segundo Ismael Diogo da Silva, cônsul-geral da República da Angola, em discurso proferido, em 21/11/1995, ao ensejo da realização do 1° Seminário Banco do Brasil e a Integração, organizado pela Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, os africanos introduzidos no Brasil tinham suas religiões, seus hábitos e costumes ligados a certas formas de família ou de organização clânica em estruturas aldeães e comunitárias. O tráfico negreiro violou tudo isto.
A Bahia, o Maranhão e o Rio de Janeiro lideram os estados que mais têm influência da cultura africana, principalmente a de Angola. O consagrado escritor bahiano Adonias Filho escreveu o romance Luanda Beira Bahia que evoca os costumes africanos e o maranhense Josué Montello, marcou, de forma inapagável, a história da literatura nacional com o romance da escravidão nas páginas eloquentes dos Tambores de São Luís.
Candaces, tema enredo da Escola de Samba de Acadêmicos do Salgueiro no carnaval de 2007, trouxe a saga das mulheres africanas e seus ideais: “mães feiticeiras, donas do destino... senhoras do ventre do mundo, raiz da criação, do mito a história, encanto e beleza, seduzindo a realeza.”
O samba diz da participação das mulheres africanas nas feiras e, nesse contexto, levantamos a voz para revelar que o poeta Agostinho Neto, o fundador da República de Angola, abordou o tema na poesia Quitandeira, constante da obra Sagrada Esperança – União dos Escritores Angolanos – 1974.
A poetisa angolana Violante Jardim, residente na cidade do Rio de Janeiro, também falou das mulheres quintandeiras:
“Filho às costas, pés descalços,
A quinda equilibrada a cabeça,
As ancas a balançar,
Lá iam, todas as manhãs,
Nossas quintadeiras a cantar:
Compra, senhora... Senhora, compra...”
Na linguagem iorubá, Salgueiro faz a saudação de mãe-de santo no terreiro, é um canto de fé, pedindo proteção aos orixás, louvação de muito axè: “Odoyá, iemanjá; saluba nanã, Eparrei oyá, Orayê yê o, oxum, Oba xi obá (bis)”.
Esse ritual a Iemanjá que, no sincretismo religioso, é a Nossa Senhora, a Virgem conhecida pelos poetas parnasianos, é repetido todos os anos na praia de Copabacana, onde a queima dos fogos pela passagem de ano novo leva milhões de pessoas em caravanas. Um detalhe: as pessoas se vestem de branco.
Candaces são mulheres que enfrentam a luta do dia-a-dia, como aconteceu com as quitandeiras nas praias e nas ruas de Luanda, Angola, onde vendiam, com as quindas na cabeça, laranjas, peixes e frutos do mar. Essas mulheres não eram Malagueñas, mas eram salerosas, cheias de sal das maresias do mar. As cariocas gostam de ficar bronzeadas, por isso também são salerosas.
O mar é uma terapia fantástica contra o assédio da depressão que vem de muitas formas atualmente com a pressão no setor de trabalho que está mais ligado aos resultados de operação do que a saúde dos trabalhadores.
Na orla das praias, as pessoas passeiam, em breves exercícios de ginástica, sentindo a maresia do mar e o bom astral das pessoas que estão curtindo o dia. Em tempo bom, as praias ficam superlotadas de gente para o banho de sol e banho de mar.
Os acadêmicos do Salgueiro sempre apresentaram grandes sambas de carnaval, notadamente Candaces, no carnaval de 2007, também o deste ano que tivemos a honra de escrever, em 18/12/2014, um pequeno ensaio da música Gaia, a Vida em Nossas Mãos, samba-enredo do carnaval de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário