Segundo Ismael
Diogo da Silva, cônsul-geral da República da Angola, em discurso proferido, em
21/11/1995, ao ensejo da realização do 1° Seminário Banco do Brasil e a
Integração, organizado pela Academia de Letras dos Funcionários do Banco do
Brasil, os africanos introduzidos no Brasil tinham suas religiões, seus hábitos
e costumes ligados a certas formas de família ou de organização clânica em
estruturas aldeães e comunitárias. O tráfico negreiro violou tudo isto.
A Bahia, o
Maranhão e o Rio de Janeiro lideram os estados que mais têm influência da
cultura africana, principalmente a de Angola. O consagrado escritor bahiano
Adonias Filho escreveu o romance Luanda Beira Bahia que evoca os costumes
africanos e o maranhense Josué Montello, marcou, de forma inapagável, a
história da literatura nacional com o romance da escravidão nas páginas
eloquentes dos Tambores de São Luís.
Candaces, tema
enredo da Escola de Samba de Acadêmicos do Salgueiro no carnaval de 2007,
trouxe a saga das mulheres africanas e seus ideais: “mães feiticeiras, donas do
destino... senhoras do ventre do mundo, raiz da criação, do mito a história,
encanto e beleza, seduzindo a realeza.”
O samba diz da
participação das mulheres africanas nas feiras e, nesse contexto, levantamos a
voz para revelar que o poeta Agostinho Neto, o fundador da República de Angola,
abordou o tema na poesia Quitandeira, constante da obra Sagrada Esperança –
União dos Escritores Angolanos – 1974.
A poetisa
angolana Violante Jardim, residente na cidade do Rio de Janeiro, também falou
das mulheres quintandeiras:
“Filho às
costas, pés descalços,
A quinda
equilibrada a cabeça,
As ancas a
balançar,
Lá iam, todas
as manhãs,
Nossas
quintadeiras a cantar:
Compra,
senhora... Senhora, compra...”
Na linguagem
iorubá, Salgueiro faz a saudação de mãe-de santo no terreiro, é um canto de fé,
pedindo proteção aos orixás, louvação de muito axè: “Odoyá, iemanjá; saluba
nanã, Eparrei oyá, Orayê yê o, oxum, Oba xi obá (bis)”.
Esse ritual a
Iemanjá que, no sincretismo religioso, é a Nossa Senhora, a Virgem conhecida
pelos poetas parnasianos, é repetido todos os anos na praia de Copabacana, onde
a queima dos fogos pela passagem de ano novo leva milhões de pessoas em
caravanas. Um detalhe: as pessoas se vestem de branco.
Candaces são
mulheres que enfrentam a luta do dia-a-dia, como aconteceu com as quitandeiras
nas praias e nas ruas de Luanda, Angola, onde vendiam, com as quindas na
cabeça, laranjas, peixes e frutos do mar. Essas mulheres não eram Malagueñas,
mas eram salerosas, cheias de sal das maresias do mar. As cariocas gostam de
ficar bronzeadas, por isso também são salerosas.
O mar é uma
terapia fantástica contra o assédio da depressão que vem de muitas formas
atualmente com a pressão no setor de trabalho que está mais ligado aos
resultados de operação do que a saúde dos trabalhadores.
Na orla das
praias, as pessoas passeiam, em breves exercícios de ginástica, sentindo a
maresia do mar e o bom astral das pessoas que estão curtindo o dia. Em tempo
bom, as praias ficam superlotadas de gente para o banho de sol e banho de mar.
Os acadêmicos
do Salgueiro sempre apresentaram grandes sambas de carnaval, notadamente
Candaces, no carnaval de 2007, também o deste ano que tivemos a honra de
escrever, em 18/12/2014, um pequeno ensaio da música Gaia, a Vida em Nossas
Mãos, samba-enredo do carnaval de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário