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sábado, 11 de janeiro de 2014

O CANTO DA SEREIA

O canto da sereia é a sedução que está presente sempre no relacionamento amoroso e que acarreta embaraços dentro do dualismo humano por fazer emergir o suplício de Tântalo, personagem revelado por Platão e abordado na Odisseia, de Homero, por isso se diz, dentro desse contexto, que amar é sofrer, revelado tanto em tangos e boleros.
Tântalo estava imerso até o pescoço por água em que estava uma árvore frutifica e impossibilitado de saciar a sede e a matar a fome porque os impulsos que dava a água subia e os frutos ficam mais distantes, isto revela, em imagens emblemáticas, o apoderamento e a sedução no relacionamento amoroso, frisando bem, dentro do dualismo humano.
A mulher ou o homem, usado como objeto do prazer, é também um objeto de apoderamento do parceiro que impõe o domínio em aspectos psicológicos, refletido em marcas territoriais, como tatuagens com nome ou símbolos que o parceiro gosta. A tatuagem é sempre servil, quando o amor é sempre libertador.
Esse domínio os animais também têm quando fazem a demarcação de território usando a urina para ser observado por invasores do mesmo reino animal, isto faz parte da conquista.
O canto da sereia revela um canto que ninguém até hoje ouviu no formato de canto que conhecemos, a não ser em imagens sonhadoras que nos tiram de foco a realidade. A própria sereia, quando foi revelado pela mitologia grega, tinha aspectos de monstro submarino, depois foi amenizado na forma de mulher e cauda de peixe.
O amor sob dominação é patológico e revela sofrimentos idênticos do suplício de Tântalo que sempre se esforça na conquista e nunca alcança o que pretende. O termo etimológico sedução vem da junção da palavra sed (doença/entorpecimento) com a palavra ducere que significa conduzir.
Como os seres humanos, vivenciando na terceira dimensão dissociada planetária, onde são 6 bilhões, excetuando-se 1 bilhão de habitantes na consciência menos densa, têm relacionamento amoroso no mesmo nível de consciência planetária, logicamente os embates pela posse serão encarados acirradamente.
A posse somente existe porque o dominado deixa-se ser levado pelo dominante, como existe a dependência emocional ou financeira, fica difícil sair desse domínio. Quando isto ocorre pela separação, o dominante busca outra a ser dominada e deixa na antiga companheira a desolação que a faz mergulhar nas águas em que Tântalo tanto sofria. Este é um quadro mais frequentes atualmente entre os casais.
As estatísticas comprovam que, nos idos de 2011, a taxa de divórcios aumentou facilitada pela alteração de prazo na legislação referente a divórcios. Isto comprova ainda o aumento de casais vivendo a solidão, depois de ouvir tanto o canto da sereia.
A troca frequente de parceiros ou parceiras não irá resolver o problema da solidão, pois podemos estar até mesmo dentro de uma multidão e sentirmos a sós. O mito de alma gêmea cresce sempre com as pessoas sozinhas, ainda neste mesmo canto que a faz sofrer nas mesmas águas em que Tântalo não realizou os seus desejos.
Não buscar nem fugir é uma sintonia que vem do Ganges, onde há águas que purificam as pessoas em oração, é porque o autoconhecimento, a autoestima são apreciados com maior valor. Se alguém lhe puxar para baixo, largue esse puxar e siga em frente, pois o importante é você e não a ilusão que devemos valor quando pensamos que era conquista.
Não ouvimos o canto da sereia e nem o queremos nem para nós e nem para ninguém. É no ser profundo que todos somos que a voz interna se faz ouvir, a única que pode resplandecer o que somos em essência: seres de luz.

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