Acadêmicos do
Salgueiro apresentaram, nos idos de 1993, o samba-enredo “Peguei um ita no
Norte” que fala como era a vinda de pessoas do Norte para a cidade do Rio de
Janeiro em navios que eram popularmente chamados de ita.
Com textos
extraídos da obra HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro, abordamos
aqui, de maneira sucinta e resumida, o tema transportes no Brasil naquela
época:
Assim como o
Banco do Brasil é o elemento da integração nacional, o Serviço Aéreo Condor
(Sindicato Condor Ltda. – Rio de Janeiro) participa, nos idos de 1939, dessa
integração, unindo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Natal,
Floriano, Parnaíba, Belém, Marabá, Carolina, Rio Branco, Guajará–Mirim, Cuiabá,
Santos, Curitiba, Porto Alegre [Revista AABB – Rio – 1939].
Nessa época o
transporte de passageiros da Condor era realizado por aviões trimotores JU 52,
de origem alemã. A imprensa divulgou a queda de alguns desses aviões em
território nacional. Com as dificuldades encontradas na reposição das peças
originais, provocadas inicialmente pelas circunstâncias da Segunda Guerra Mundial,
esse tipo de aeronave foi, aos poucos, desaparecendo e, em 1950, já não havia
no Brasil a aeronave JU 52.
A aviação
comercial brasileira sofre mudanças. Nos idos de 1950, os Serviços Aéreos
Cruzeiro do Sul Ltda. cobria todas as capitais brasileiras, incluindo em seus
roteiros de viagem as cidades do interior: Pelotas, Caravelas, Canavieiras,
Ilhéus, Petrolina, Mossoró, Parnaíba, Marabá, Santarém, Guajará–Mirim, Xapuri,
Cruzeiro do Sul, Cáceres, Aquidauana, Araçatuba, Carolina, Conceição do
Araguaia, Porto Nacional, Anápolis e a Ilha Fernando de Noronha [Revista AABB –
Rio – 1950].
No entanto, na
área internacional, na década de 40, já havia conexão para o exterior, conforme
se observa da transição da referida obra:
Na chegada a
Miami, Flórida, viajando pela Pan American Airways, o presidente do Banco do
Brasil recebeu mensagem de boas–vindas de H. Donald Campbell, presidente do The
Chase National Bank ofthe City New York, passada por telegrama, via Western
Union, 1940, Oct. 7pm 5:15 [CAMPBELL – 1940].
Segundo a
Revista AABB – Rio, nos idos de 1948, Adolpho Schermann, secretário do COB –
Comitê Olímpico Brasileiro, chefia a delegação brasileira que mais brilhou, até
então, em Olimpíadas, o 3° lugar (basquete masculino) nos Olympic Games de
Londres. A delegação viajou no avião Constellation da Panair do Brasil, prefixo
PP – PCG. E, ainda, segundo o Comitê Olímpico: Em Londres, a conquista da
primeira medalha, em esportes coletivos, o bronze olímpico foi para o basquete
masculino.
Por ironia do
destino, segundo coletânea de Cídio da Silveira Carneiro e João Vieira Xavier,
o advogado Schermann foi liquidante de todos os escritórios da Panair do
Brasil, no exterior, como procurador do Banco do Brasil e assessor do Síndico
da Massa Falida. O procurador recebeu elogios de juízes e curadores que
acompanharam o processo de liquidação, onde foi verificada a remessa à Massa de
US$ 650 mil.
Em 12/5/1987,
o funcionário NamirSalek, em grande estilo, assume a direção da CACEX –
Carteira de Comércio Exterior, em substituição de Roberto Fendt Júnior.
No discurso de
posse, o diretor da CACEX ressaltou os aspectos da economia brasileira do
passado recente, extrativa e agrícola, na qual os transportes possuíam uma
vocação pastoril, ligando uma província a outra. As ferrovias eram restritas no
âmbito de cada Estado. Existia, em grande escala, a exploração da navegação
costeira. Não havia malha ferroviária nem rodoviária. Foi lembrado que a
pavimentação da estrada Rio – São Paulo somente ocorreu ao romper da década de
50 [SALEK – 1987].
A propósito, a
Escola de Samba Salgueiro, mais tarde, no Carnaval/1993, iria apresentar, no
Sambódromo na Av. Marquês do Sapucaí, Rio de Janeiro, o samba–enredo “Peguei um
ita no Norte”, expressão usada pelo povo do Norte brasileiro que se dirigia ao
Sul do País, espelhando toda a realidade da navegação mencionada pelo diretor.
[in HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro].
O enredo do
samba do Salgueiro traz poesia numa narrativa de viagem de quem se despede de
Belém do Pará bastante animado, jogando no balanço das ondas do mar a saudade
da terra natal. Pelo litoral brasileiro, vai olhando as cidades e seus costumes
onde o navio faz baldeação e finalmente a chegada:
“Chego ao Rio
de Janeiro, terra do samba, da mulata e futebol, vou vivendo o dia-a-dia
embalado na magia do seu carnaval. Explode coração na maior felicidade (bis). É
lindo o meu Salgueiro contagiando, sacudindo essa cidade.”
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