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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PEGUEI UM ITA NO NORTE

Acadêmicos do Salgueiro apresentaram, nos idos de 1993, o samba-enredo “Peguei um ita no Norte” que fala como era a vinda de pessoas do Norte para a cidade do Rio de Janeiro em navios que eram popularmente chamados de ita.
Com textos extraídos da obra HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro, abordamos aqui, de maneira sucinta e resumida, o tema transportes no Brasil naquela época:
Assim como o Banco do Brasil é o elemento da integração nacional, o Serviço Aéreo Condor (Sindicato Condor Ltda. – Rio de Janeiro) participa, nos idos de 1939, dessa integração, unindo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Natal, Floriano, Parnaíba, Belém, Marabá, Carolina, Rio Branco, Guajará–Mirim, Cuiabá, Santos, Curitiba, Porto Alegre [Revista AABB – Rio – 1939].
Nessa época o transporte de passageiros da Condor era realizado por aviões trimotores JU 52, de origem alemã. A imprensa divulgou a queda de alguns desses aviões em território nacional. Com as dificuldades encontradas na reposição das peças originais, provocadas inicialmente pelas circunstâncias da Segunda Guerra Mundial, esse tipo de aeronave foi, aos poucos, desaparecendo e, em 1950, já não havia no Brasil a aeronave JU 52.
A aviação comercial brasileira sofre mudanças. Nos idos de 1950, os Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Ltda. cobria todas as capitais brasileiras, incluindo em seus roteiros de viagem as cidades do interior: Pelotas, Caravelas, Canavieiras, Ilhéus, Petrolina, Mossoró, Parnaíba, Marabá, Santarém, Guajará–Mirim, Xapuri, Cruzeiro do Sul, Cáceres, Aquidauana, Araçatuba, Carolina, Conceição do Araguaia, Porto Nacional, Anápolis e a Ilha Fernando de Noronha [Revista AABB – Rio – 1950].
No entanto, na área internacional, na década de 40, já havia conexão para o exterior, conforme se observa da transição da referida obra:
Na chegada a Miami, Flórida, viajando pela Pan American Airways, o presidente do Banco do Brasil recebeu mensagem de boas–vindas de H. Donald Campbell, presidente do The Chase National Bank ofthe City New York, passada por telegrama, via Western Union, 1940, Oct. 7pm 5:15 [CAMPBELL – 1940].
Segundo a Revista AABB – Rio, nos idos de 1948, Adolpho Schermann, secretário do COB – Comitê Olímpico Brasileiro, chefia a delegação brasileira que mais brilhou, até então, em Olimpíadas, o 3° lugar (basquete masculino) nos Olympic Games de Londres. A delegação viajou no avião Constellation da Panair do Brasil, prefixo PP – PCG. E, ainda, segundo o Comitê Olímpico: Em Londres, a conquista da primeira medalha, em esportes coletivos, o bronze olímpico foi para o basquete masculino.
Por ironia do destino, segundo coletânea de Cídio da Silveira Carneiro e João Vieira Xavier, o advogado Schermann foi liquidante de todos os escritórios da Panair do Brasil, no exterior, como procurador do Banco do Brasil e assessor do Síndico da Massa Falida. O procurador recebeu elogios de juízes e curadores que acompanharam o processo de liquidação, onde foi verificada a remessa à Massa de US$ 650 mil.
Em 12/5/1987, o funcionário NamirSalek, em grande estilo, assume a direção da CACEX – Carteira de Comércio Exterior, em substituição de Roberto Fendt Júnior.
No discurso de posse, o diretor da CACEX ressaltou os aspectos da economia brasileira do passado recente, extrativa e agrícola, na qual os transportes possuíam uma vocação pastoril, ligando uma província a outra. As ferrovias eram restritas no âmbito de cada Estado. Existia, em grande escala, a exploração da navegação costeira. Não havia malha ferroviária nem rodoviária. Foi lembrado que a pavimentação da estrada Rio – São Paulo somente ocorreu ao romper da década de 50 [SALEK – 1987].
A propósito, a Escola de Samba Salgueiro, mais tarde, no Carnaval/1993, iria apresentar, no Sambódromo na Av. Marquês do Sapucaí, Rio de Janeiro, o samba–enredo “Peguei um ita no Norte”, expressão usada pelo povo do Norte brasileiro que se dirigia ao Sul do País, espelhando toda a realidade da navegação mencionada pelo diretor. [in HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de Fernando Pinheiro].
O enredo do samba do Salgueiro traz poesia numa narrativa de viagem de quem se despede de Belém do Pará bastante animado, jogando no balanço das ondas do mar a saudade da terra natal. Pelo litoral brasileiro, vai olhando as cidades e seus costumes onde o navio faz baldeação e finalmente a chegada:
“Chego ao Rio de Janeiro, terra do samba, da mulata e futebol, vou vivendo o dia-a-dia embalado na magia do seu carnaval. Explode coração na maior felicidade (bis). É lindo o meu Salgueiro contagiando, sacudindo essa cidade.”


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