Nos idos de
2009, a Escola de Samba Império Serrano apresentou o samba-enredo Lendas das
Sereias, Mistério do Mar.
O luar se
estende no samba revelando o canto da sereia em noites de lua cheia e, de nossa
parte, pensamos no arquipélago de Fernando de Noronha, no litoral brasileiro,
onde vamos encontrar uma lenda contada, durante gerações, pelos habitantes que
lá residem. Vejamos a transcrição de textos da obra Música para canto e piano,
de Fernando Pinheiro:
A lenda
contada pelos habitantes de Fernando de Noronha é a respeito do episódio
dramático ocorrido com um jovem casal. Ela, loira, de longos cabelos, parecendo
uma alemã (alamôa para os nativos) foi morta pelo noivo. Motivo do crime:
ciúme. Ele foi condenado a cumprir pena. Numa noite de temporal, ele morreu de
remorso porque foi constatada a inocência da amada. Em noites de tempestade,
ela surge dançando entre os rochedos a caminho da cela onde esteve preso o
noivo.
A letra da
canção de Capiba revela uma sombra de mulher a dançar num mundo desértico,
rodeado de mar, açoitado pelo vento da tempestade. O ser mais profundo que nela
vivia, enquanto noiva de um homem ciumento, recrudesce em imagens vivas que a
morte não conseguiu eliminar.
Os noivos do
passado, em transes dolorosos e de sofrimento, buscam o reajuste que a harmonia
estabelece. O incompleto será completo, não importa o tempo e o espaço. O amor
tem esse encantamento que faz surgir a beleza.
Particularmente,
mesmo não aceitando o crime por amor, vemos que o canto nordestino se converte
em prece fervorosa: “Alamôa, Alamôa, foi homem que pecou, perdoa, perdoa...
Loura donzela, Alamôa, Alamôa, sai dos olhos do pobre pecador, tu que és
mulher, tem pena do homem que o crime dele é um crime de amor”.
No mundo
espiritual os passageiros do mundo material são recebidos e encaminhados a
esferas de comportamento em que semearam seus corações. Quem semeou a noite
escura colherá a noite escura, quem semeou o dia claro colherá o dia claro.
Os liames
afetivos permanecem vivos dentro da durabilidade de que são revestidos, o que
enseja pensar em grau ou escala de envolvimento, intensidade e teor vibratório
das emanações psíquicas ou emocionais revelando a beleza, para concluirmos que
somente o amor pode transmudar, no tempo e no espaço, a situação que revela a
imortalidade do próprio sentimento.
Esse fenômeno
que se irradia na natureza e se faz presente no homem, numa consciência plena,
que é integrante da própria natureza, independe da condição de crença ou
aceitação, assim como o átomo já existia, embora não descoberto, desde os
primórdios da civilização humana.
Temos
demonstrado ao longo de nossas postagens no blog Fernando Pinheiro, escritor
que “tudo se interliga” e hoje tivemos a satisfação de ouvir: “tudo que existe
no Universo está emaranhado, desde o “big bang”, portanto, tudo aquilo que você
fizer para o outro, você estará fazendo a si mesmo, porque já está emaranhado” –
In Youtube – Expansão da consciência – 20:41/51 - Hélio Couto.
Este princípio
quântico poderia mudar o mundo, mas a matrix não o acredita e faz impor o
domínio através do medo para controlar multidões. Enquanto isso, no plano
subjetivo, a sereia vai cantando e outros luares vão surgindo encantados pelo
canto.
O samba-enredo
imperiano revela que em noites de lua cheia “ouço a sereia cantar e o luar
sorrindo então se encanta”, os mistérios do mar, berço das sereias, se
emaranham com o luar, até mesmo no plano subjetivo, onde os pensamentos plasmam
situações, há uma correlação existente.
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