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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

LENDAS E VERDADE

Nos idos de 2009, a Escola de Samba Império Serrano apresentou o samba-enredo Lendas das Sereias, Mistério do Mar.
O luar se estende no samba revelando o canto da sereia em noites de lua cheia e, de nossa parte, pensamos no arquipélago de Fernando de Noronha, no litoral brasileiro, onde vamos encontrar uma lenda contada, durante gerações, pelos habitantes que lá residem. Vejamos a transcrição de textos da obra Música para canto e piano, de Fernando Pinheiro:
A lenda contada pelos habitantes de Fernando de Noronha é a respeito do episódio dramático ocorrido com um jovem casal. Ela, loira, de longos cabelos, parecendo uma alemã (alamôa para os nativos) foi morta pelo noivo. Motivo do crime: ciúme. Ele foi condenado a cumprir pena. Numa noite de temporal, ele morreu de remorso porque foi constatada a inocência da amada. Em noites de tempestade, ela surge dançando entre os rochedos a caminho da cela onde esteve preso o noivo.
A letra da canção de Capiba revela uma sombra de mulher a dançar num mundo desértico, rodeado de mar, açoitado pelo vento da tempestade. O ser mais profundo que nela vivia, enquanto noiva de um homem ciumento, recrudesce em imagens vivas que a morte não conseguiu eliminar.
Os noivos do passado, em transes dolorosos e de sofrimento, buscam o reajuste que a harmonia estabelece. O incompleto será completo, não importa o tempo e o espaço. O amor tem esse encantamento que faz surgir a beleza.
Particularmente, mesmo não aceitando o crime por amor, vemos que o canto nordestino se converte em prece fervorosa: “Alamôa, Alamôa, foi homem que pecou, perdoa, perdoa... Loura donzela, Alamôa, Alamôa, sai dos olhos do pobre pecador, tu que és mulher, tem pena do homem que o crime dele é um crime de amor”.
No mundo espiritual os passageiros do mundo material são recebidos e encaminhados a esferas de comportamento em que semearam seus corações. Quem semeou a noite escura colherá a noite escura, quem semeou o dia claro colherá o dia claro.
Os liames afetivos permanecem vivos dentro da durabilidade de que são revestidos, o que enseja pensar em grau ou escala de envolvimento, intensidade e teor vibratório das emanações psíquicas ou emocionais revelando a beleza, para concluirmos que somente o amor pode transmudar, no tempo e no espaço, a situação que revela a imortalidade do próprio sentimento.
Esse fenômeno que se irradia na natureza e se faz presente no homem, numa consciência plena, que é integrante da própria natureza, independe da condição de crença ou aceitação, assim como o átomo já existia, embora não descoberto, desde os primórdios da civilização humana.
Temos demonstrado ao longo de nossas postagens no blog Fernando Pinheiro, escritor que “tudo se interliga” e hoje tivemos a satisfação de ouvir: “tudo que existe no Universo está emaranhado, desde o “big bang”, portanto, tudo aquilo que você fizer para o outro, você estará fazendo a si mesmo, porque já está emaranhado” – In Youtube – Expansão da consciência – 20:41/51 - Hélio Couto.
Este princípio quântico poderia mudar o mundo, mas a matrix não o acredita e faz impor o domínio através do medo para controlar multidões. Enquanto isso, no plano subjetivo, a sereia vai cantando e outros luares vão surgindo encantados pelo canto.
O samba-enredo imperiano revela que em noites de lua cheia “ouço a sereia cantar e o luar sorrindo então se encanta”, os mistérios do mar, berço das sereias, se emaranham com o luar, até mesmo no plano subjetivo, onde os pensamentos plasmam situações, há uma correlação existente.

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