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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O RETORNO (IV)

Antes de prosseguir na continuidade da Série O RETORNO, na qual focalizamos o personagem Atílio, nas três postagens levadas ao ar nos dias 28 de junho de 2013, e 8 e 16 de agosto de 2013, no blog Fernando Pinheiro, escritor, transcrevemos os três parágrafos iniciais da crônica O RETORNO (III):
Mais uma vez a novela Amor à Vida da TV Globo mostra o retorno de Atílio (Luís Melo). Desta vez para a casa de Gigi (Françoise Forton), a ex-esposa que já teve boa vida e agora residindo numa casa velha com problemas de infiltração de água nas paredes.
A mente dele está convulsionada pelos últimos acontecimentos que colocaram à frente as duas esposas que disputavam o jogo da realidade no ambiente que ficou obscurecido até a chegada de Vega, papel da atriz Christiane Tricerri, e de Márcia, a outra esposa, protagonizada por Elizabeth Savalla.
Agindo rápido, a esposa Vega, com as provas de bigamia e de falsidade ideológica e ainda do laudo médico comprovando o tratamento psiquiátrico, conseguiu uma liminar do juiz confiscando todos os bens de Atílio, inclusive a conta corrente em banco e os respectivos cartões de crédito.
Por conveniências, Atílio está na casa de Vega que o mantém sob o domínio. Numa conversa no quarto de casal, ela afirma a ele que não é a favor da liberação, por medida judicial, dos bens do ex-marido porque ele, com isto, irá dar dinheiro a Márcia, a quem ele nutre forte atração física e gosta de viver no papel de Gentil (dupla personalidade).
Na consulta médica em que havia a possibilidade de alta do paciente Atílio, se tudo corresse bem, ele viu as ancas largas da médica e a chamou de gostosa e passou-lhe as mãos. Ela reagiu e notou sintomas de anormalidade no paciente, por isso não lhe deu alta. Ele se justificou dizendo que tinha se lembrado da Márcia.
Pensar em outra pessoa, sempre atrapalha as relações amorosas, pois na cena de amor do casal Eron (Marcello Antony) e Amarilys (Danielle Winits), que estava se abraçando no sofá, levada ao ar em 6/1/2014, houve a interrupção e ela perguntou a ele num clima de cobrança: “você estava pensando em Niko?”, papel representado pelo ator Thiago Fragoso. O susto dele já era a resposta, nem precisava falar.
Na dupla personalidade o ego se manifesta fazendo tudo complicar. Não é o vislumbre do seu ser profundo, o Eu superior é estável e onde se deslinda os enigmas do caminhar. O ego é complicado e não admite a simplicidade.
O ser profundo, que todos nós somos, somente é manifestado quando há a vivência em 4 pilares: simplicidade, humildade, transparência e alegria. Não é necessário o desejo, pois o desejo é do ego, e o ego nem sabe direito o que quer, nessa oscilação de querer.
O eclodir do Eu superior acontece, na maioria das vezes, através do sono. Nas artes, nos esportes e, em algumas espécies de danças, principalmente a clássica, esse eclodir também aparece. Carl Jung chamou-o de a potência do ser e Freud a libido que não se restringe apenas à área sexual.
O cerceamento em que vive o personagem Atílio é muito comum na Psiquiatria, onde há pacientes que não têm condições de exercer o direito de escolha, inclusive no campo emocional, principalmente se o caso for grave com o uso pesado de medicações que leva ao entorpecimento.
A ocupação em atividade física e intelectual no trabalho, e nas atividades de lazer e entretenimento, é um recurso valioso em que mente fica ocupada e não dá espaços a questionamentos íntimos em que há uma situação não resolvida, abafada por essa ocupação.
Os engramas do passado existem, porém são esquecidos por essa conduta que passa ocupar o tempo todo da pessoa envolvida. Não é a vontade nem o querer que faz isto, pois se for alimentada, a ansiedade aumenta. É no sono, como dissemos, que a postura se modifica, isto até sem pensarmos que está acontecendo ou vai acontecer. É aquele travesseiro dos antigos que denotava a consulta. Dormir e tudo pode acontecer no mundo de Morfeu ou o Mundo do Sono.
Atílio, mesmo com um cargo na Diretoria do Hospital San Magno, ainda não se sente independente financeiramente, há os bens bloqueados e há ainda a situação desconfortável emocionalmente na casa de Vega, onde não tem aquilo que gostaria de ter com a Márcia, vivendo, assim, submisso para manter o status de diretor.


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