Antes de
prosseguir na continuidade da Série O RETORNO, na qual focalizamos o personagem
Atílio, nas três postagens levadas ao ar nos dias 28 de junho de 2013, e 8 e 16
de agosto de 2013, no blog Fernando Pinheiro, escritor, transcrevemos os três
parágrafos iniciais da crônica O RETORNO (III):
Mais uma vez a
novela Amor à Vida da TV Globo mostra o retorno de Atílio (Luís Melo). Desta
vez para a casa de Gigi (Françoise Forton), a ex-esposa que já teve boa vida e
agora residindo numa casa velha com problemas de infiltração de água nas
paredes.
A mente dele
está convulsionada pelos últimos acontecimentos que colocaram à frente as duas
esposas que disputavam o jogo da realidade no ambiente que ficou obscurecido
até a chegada de Vega, papel da atriz Christiane Tricerri, e de Márcia, a outra
esposa, protagonizada por Elizabeth Savalla.
Agindo rápido,
a esposa Vega, com as provas de bigamia e de falsidade ideológica e ainda do
laudo médico comprovando o tratamento psiquiátrico, conseguiu uma liminar do
juiz confiscando todos os bens de Atílio, inclusive a conta corrente em banco e
os respectivos cartões de crédito.
Por
conveniências, Atílio está na casa de Vega que o mantém sob o domínio. Numa
conversa no quarto de casal, ela afirma a ele que não é a favor da liberação,
por medida judicial, dos bens do ex-marido porque ele, com isto, irá dar
dinheiro a Márcia, a quem ele nutre forte atração física e gosta de viver no
papel de Gentil (dupla personalidade).
Na consulta
médica em que havia a possibilidade de alta do paciente Atílio, se tudo
corresse bem, ele viu as ancas largas da médica e a chamou de gostosa e
passou-lhe as mãos. Ela reagiu e notou sintomas de anormalidade no paciente,
por isso não lhe deu alta. Ele se justificou dizendo que tinha se lembrado da
Márcia.
Pensar em
outra pessoa, sempre atrapalha as relações amorosas, pois na cena de amor do
casal Eron (Marcello Antony) e Amarilys (Danielle Winits), que estava se
abraçando no sofá, levada ao ar em 6/1/2014, houve a interrupção e ela
perguntou a ele num clima de cobrança: “você estava pensando em Niko?”, papel
representado pelo ator Thiago Fragoso. O susto dele já era a resposta, nem
precisava falar.
Na dupla
personalidade o ego se manifesta fazendo tudo complicar. Não é o vislumbre do
seu ser profundo, o Eu superior é estável e onde se deslinda os enigmas do
caminhar. O ego é complicado e não admite a simplicidade.
O ser
profundo, que todos nós somos, somente é manifestado quando há a vivência em 4
pilares: simplicidade, humildade, transparência e alegria. Não é necessário o
desejo, pois o desejo é do ego, e o ego nem sabe direito o que quer, nessa
oscilação de querer.
O eclodir do
Eu superior acontece, na maioria das vezes, através do sono. Nas artes, nos
esportes e, em algumas espécies de danças, principalmente a clássica, esse
eclodir também aparece. Carl Jung chamou-o de a potência do ser e Freud a
libido que não se restringe apenas à área sexual.
O cerceamento
em que vive o personagem Atílio é muito comum na Psiquiatria, onde há pacientes
que não têm condições de exercer o direito de escolha, inclusive no campo
emocional, principalmente se o caso for grave com o uso pesado de medicações
que leva ao entorpecimento.
A ocupação em
atividade física e intelectual no trabalho, e nas atividades de lazer e
entretenimento, é um recurso valioso em que mente fica ocupada e não dá espaços
a questionamentos íntimos em que há uma situação não resolvida, abafada por
essa ocupação.
Os engramas do
passado existem, porém são esquecidos por essa conduta que passa ocupar o tempo
todo da pessoa envolvida. Não é a vontade nem o querer que faz isto, pois se
for alimentada, a ansiedade aumenta. É no sono, como dissemos, que a postura se
modifica, isto até sem pensarmos que está acontecendo ou vai acontecer. É
aquele travesseiro dos antigos que denotava a consulta. Dormir e tudo pode
acontecer no mundo de Morfeu ou o Mundo do Sono.
Atílio, mesmo
com um cargo na Diretoria do Hospital San Magno, ainda não se sente
independente financeiramente, há os bens bloqueados e há ainda a situação
desconfortável emocionalmente na casa de Vega, onde não tem aquilo que gostaria
de ter com a Márcia, vivendo, assim, submisso para manter o status de diretor.
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