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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

CARNAVAL - Abertura



Numa apoteose de dança, a Abertura Carnaval, opus 92, de Dvorak, estende uma atmosfera alegre e excitante. No programa, a partitura vem antecedida por uma narrativa [TRANCHEFORT/1990]:

“Ao cair da noite, um caminhante, solitário e meditativo, chega a uma cidade onde impera um desenfreado carnaval. De todos os lados, se ouve o som de instrumentos misturados aos gritos de alegria e ao irreprimível entusiasmo do povo que dá expansão a seus sentimentos por meio de suas canções e de suas danças”.

Os sons emitem vibrações variadas que satisfazem o gosto de todas as pessoas. Umas apreciam a suavidade, outras um ruído que está mais ligado às sensações passageiras.

O campo físico pode sentir também as vibrações harmoniosas que se desprendem das esferas onde o sentimento humano está sublimado.

A música folclórica tem um efeito imediato. Se for apresentada repetidas vezes tende a cair em de quem a ouve, exceção feita aos clássicos populares que já se consagraram.

Há grande diferença entre a música popular e a erudita. No entanto, pode existir, em ambas, um gosto em comum das pessoas, dependendo do momento em que as desejam ouvir. Ambas são importantes nas fases da vida em que passamos.

No Carnaval ouvimos enredos que falam dos fatos históricos, lendas e crendices de civilizações passadas, levando ao público uma festa de alegorias e ritmos.

Muita gente sai às ruas extravasando sentimentos recolhidos o ano inteiro e os espalha a todos que estão envolvidos numa demonstração de cumplicidade coletiva.

Ao lembrar que ainda existe concentração de pessoas vendo desfiles, carros alegóricos e multidão de acompanhantes e espectadores, vemos que os costumes do mundo antigo recrudescem na mesma intensidade.

Com a extinção do entrudo, herança portuguesa, o carnaval no Brasil teve o seu berço no Rio de Janeiro, nos “bailes mascarados” (máscaras fabricadas na Europa, vindasde navio a vapor), realizados nos hotéis e no Teatro São Pedro, em fevereiro de 1855.

No Passeio Público, na cidade do Rio de Janeiro, surgiu o carnaval de rua: multidão de pessoas, a pé, a cavalo, de carruagem, assistindo ao desfile de As Sumidades, o primeiro bloco carnavalesco, à frente artistas estrangeiras usando traje a caráter, sorrindo, apregoando versos de alegria [LOS RIOS FILHO, 1946].

Manifestações coletivas atualizam o passado histórico que deixou muita confusão nos circos de Roma e nas orgias gregas. O excitamento às sensações do corpo físico ganha um clima geral. A Nação inteira permite que haja sorrisos em massa, danças em trajes leves.

O enlevo suave que vem das músicas de Beethoven, Mozart, Tchaikowsky, Sibelius, entre tantos compositores, não pode ser sentido, nessa ocasião, por essas pessoas comprometidas com outras vibrações.

Não temos críticas sobre essas manifestações populares, do mesmo modo em que vemos, ainda nos dias de hoje, o consumo de tóxicos e bebidas, sabendo que amanhã isto lhes despertará a atenção para outras atividades que somente os envolvidos poderão descobrir.

A busca de diversão é um direito inquestionável àqueles que sentem um vazio a preencher. Na percepção da vida, ainda estão presos a conceitos transitórios do que pensam ser felicidade e alegria.

Há outros que, desligados da necessidade de extravasar sentimentos eufóricos, estão no meio da massa popular como observadores da conduta que não lhes satisfaz mais. E, numa apreciação adequada, sabem discernir o que lhes convém.

Como todo o Universo é sagrado, não há lugares para censura de atitudes humanas, pois o aprendizado da vida acompanhará o homem aonde ele for.

Se a decadência de Roma e de outras civilizações, inclusive a cartaginesa, pouco conhecida, que se apagaram nas noites do tempo não trouxe um exemplo a ser seguido, nos dias de hoje, é porque muitas pessoas ainda precisam sentir experiências que as levarão ao cansaço e abandono.

Dentro da luxúria e outras concupicências de variado porte, o torpor que as envolve, como os efeitos do álcool subindo à cabeça, irá afastá–las da lucidez. Nesse aspecto desolador mergulha em antros tenebrosos. E a vida? A vida continua independente de que não quer viver uma vida saudável. Não nos cabe falar sobre o futuro. Quando acordarem estarão longe das plagas em que mourejavam.

Como os ventos varrem todos os ambientes, chegará um momento em que eles sentirão necessidade de trocar as vibrações que vêm e passam por aquelas onde a harmonia ultrapassa os tempos.

Se não for neste mundo em transição planetária, será em outro onde existirá a mesma afinidade de vibrações que escolheram e vivenciam. O tempo poderá ser em séculos ou milênios. Uma coisa é certa: não será fácil viver assim. O meio sempre influenciou o modus vivendi aqui e alhures.

Na separação do joio e do trigo, o planeta Terra não mais acolherá, em futuro próximo, vibrações diferentes do mesmo estágio evolutivo em que está ascendendo. A Era Dourada avizinha–se. Regozijemo–nos todos.

A diversão é necessária mas há que se estabelecer a egrégora que escolhermos. Saindo da dualidade em que o mundo terrestre ainda está mergulhado, podemos ver que não há certo nem errado, o que existe é a busca da beleza.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, no brilho do luar ofuscado por luzes da cidade e do soltar de fogos, cantamos e dançamos na chegada do Ano de 2013, numa festa coletiva comandada pela cantora Daniela Mercoury. A música preferida foi a que dizia assim: o amor de Julieta e de Romeu é igualzinho ao meu e seu. A imensa egrégora nordestina estava presente em peso. Sentimo-nos à vontade cercados de nossos conterrâneos.

Embora seja observado por uma minoria que já ultrapassou 1 bilhão de pessoas, o planeta Terra de 7 bilhões de habitantes, está sendo sacralizado em ritmo crescente. Os simples e humildes herdarão a Terra, a luz crística é tão real quanto os raios adamantinos que chegam ao planeta.

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