Páginas

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NATANAEL



O encontro amigável de Filipe com Natanael ocorreu num momento em que começava a se formar o grupo dos 12 apóstolos messiânicos. O clima era de expectativa e de contentamento.

Na conversa entre ambos foi revelada a notícia aguardada por todos os cidadãos israelitas:

“Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a  quem se referiram os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Respondeu Filipe: vem e vê.” (19)
(19)  JOÃO, 1:45, 46

A dúvida de que se revestiu a pergunta de Natanael, imediatamente desfeita por Filipe, num claro chamamento ao ministério divino, desperta-nos o interesse de saber maiores informações a respeito da cidade de Nazaré.

Com a autorização do autor, transcrevemos da obra Trigo de Deus, de Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo Pereira Franco, título que presta homenagem a um dos mártires do Cristianismo, vítima da perseguição do imperador Trajano:

“Depois dEle, quando o incêndio do amor tomou conta das vidas e os mártires se levantaram para glorificá-Lo, colocando sobre os ombros as cruzes dos testemunhos, Inácio de Antioquia, Seu discípulo, denunciado e condenado, antes de seguir a Roma para  o holocausto, declarou:

“Sou trigo de Deus e desejo ser triturado e os dentes das feras devem moer-me, para que possa ser oferecido como  limpo pão de Cristo.”  

        (...)

Ao tempo de Jesus, Nazaré era uma aldeia perdida nas encostas dos montes de calcário, na região da Baixa Galileia. Parecia uma pérola, que esplendia entre pedras brutas, cercada de flores miúdas quase que permanentes.

Fundada, fazia mais de dois mil anos, antes de Jesus, não tinha qualquer importância, porque nenhuma estrada significativa a atravessava, exceto quando se seguia a rota algo escarpada na direção do Egito, caminho certamente percorrido por Maria, José e o Filho, quando da fuga para liberar-se do ódio de Herodes.

Nazaré se tornaria conhecida depois dEle.

Não é o lugar que torna notável o homem, mas este que, extraordinário, dignifica o lugar de sua origem elevando-o ao estágio de grandeza, de notoriedade.

Nazaré situa-se em uma bacia, a quase quatrocentos metros, acima do nível do mar Mediterrâneo.

O seu é um clima privilegiado e o vale de Jezrael é  sempre fértil e verde, havendo merecido do historiador Flávio Josefo comentários entusiásticos e comovedores.

Ao oeste, podem-se ver o monte Carmelo e o mar; a leste está o vale do Jordão; ao sul, a planície de Esdrelon, região onde está Meguido e na qual o rei Josias sofreu sua terrível derrota; ali também lutaram os Macabeus, sonhando com a liberdade. Mais ao sul, encontra-se o monte de Gelboé e, a nordeste, o lago de Tiberíades.

Saul fora derrotado pelos filisteus muito perto dali, nas cercanias de Gelboé, ficando assinalado o seu fracasso face à desobediência à profecia de Samuel, o último dos Juízes, que lhe vieram falar através da mediunidade exuberante da pitonisa de Endor.

Não sendo uma aldeia importante, esteve sujeita a Jafa, a Séforis, a Quislot, e ficou quase esquecida.

A população da Galileia era constituída por sírios, que vieram do Norte, gentios, romanos de meado do século I, a.C., gregos que fugiram das conquistas de Alexandre Magno, e pelo povo da região, que falavam o dialeto arameu, uma linguagem pobre que se arrimava às imagens vivas da Natureza, sem dispor de um vocabulário próprio para vestir as ideias.

Não seja, portanto, de estranhar que o Mestre usasse a mesma palavra para definir, às vezes, coisas e acontecimentos diferentes.

Por outro lado, era comum que um mesmo vocabulário adquirisse um significado mais genérico, o que, certamente, criou dificuldades para o entendimento das anotações escriturísticas.”  (20)

(20) AMÉLIA RODRIGUES – in Trigo de Deus, psicografado por Divaldo Pereira Franco, pp. 11, 53, 54 – 3ª edição – 1999 – Livraria  Espírita   Alvorada   Editora  –  Salvador – BA – Autorização concedida ao escritor Fernando Pinheiro por  Nilson de Souza Pereira, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador–BA, cessionário das obras psicografadas por Divaldo Pereira Franco. 

A narrativa de João, ainda no 1° capítulo do texto sagrado, revela-nos outro encontro de comovente beleza:

“Quando Jesus viu Natanael aproximar-se, disse a seu respeito: Aqui está um verdadeiro israelista, em quem não há nada falso. Perguntou-lhe Natanael: De onde me conheces? Respondeu Jesus: Antes que Filipe te chamasse, ti vi quando estavas debaixo da figueira. Então Natanael declarou: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Disse Jesus: Porque disse que te vi debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que esta verás. Então acrescentou: Na verdade, na verdade vos digo que  vereis  o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o  Filho do homem.” (21)
(21) (JOÃO, 1,47 a 49)








Nenhum comentário:

Postar um comentário