O encontro amigável de Filipe com
Natanael ocorreu num momento em que começava a se formar o grupo dos 12
apóstolos messiânicos. O clima era de expectativa e de contentamento.
Na conversa entre ambos foi revelada a
notícia aguardada por todos os cidadãos israelitas:
“Achamos aquele de quem Moisés escreveu
na lei, e a quem se referiram os
profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
Perguntou Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Respondeu Filipe: vem e vê.” (19)
(19) JOÃO,
1:45, 46
A dúvida de que se revestiu a pergunta
de Natanael, imediatamente desfeita por Filipe, num claro chamamento ao
ministério divino, desperta-nos o interesse de saber maiores informações a
respeito da cidade de Nazaré.
Com a autorização do autor,
transcrevemos da obra Trigo de Deus, de Amélia Rodrigues, psicografado por
Divaldo Pereira Franco, título que presta homenagem a um dos mártires do
Cristianismo, vítima da perseguição do imperador Trajano:
“Depois dEle, quando o incêndio do amor
tomou conta das vidas e os
mártires se levantaram para glorificá-Lo, colocando sobre os ombros as cruzes dos testemunhos,
Inácio de Antioquia, Seu discípulo, denunciado e condenado, antes de seguir a Roma para o holocausto, declarou:
“Sou trigo de Deus e desejo ser
triturado e os dentes das feras devem moer-me, para que possa ser oferecido
como limpo pão de Cristo.”
(...)
Ao tempo de Jesus, Nazaré era uma
aldeia perdida nas encostas dos montes de calcário, na região da Baixa
Galileia. Parecia uma pérola, que esplendia entre pedras brutas, cercada de
flores miúdas quase que permanentes.
Fundada, fazia mais de dois mil anos,
antes de Jesus, não tinha qualquer importância, porque nenhuma estrada significativa
a atravessava, exceto quando se seguia a rota algo escarpada na direção do
Egito, caminho certamente percorrido por Maria, José e o Filho, quando da fuga
para liberar-se do ódio de Herodes.
Nazaré se tornaria conhecida depois
dEle.
Não é o lugar que torna notável o
homem, mas este que, extraordinário, dignifica o lugar de sua origem elevando-o
ao estágio de grandeza, de notoriedade.
Nazaré situa-se em uma bacia, a quase
quatrocentos metros, acima do nível do mar Mediterrâneo.
O seu é um clima privilegiado e o vale
de Jezrael é sempre fértil e verde,
havendo merecido do historiador Flávio Josefo comentários entusiásticos e
comovedores.
Ao oeste, podem-se ver o monte Carmelo
e o mar; a leste está o vale do Jordão; ao sul, a planície de Esdrelon, região
onde está Meguido e na qual o rei Josias sofreu sua terrível derrota; ali
também lutaram os Macabeus, sonhando com a liberdade. Mais ao sul, encontra-se
o monte de Gelboé e, a nordeste, o lago de Tiberíades.
Saul fora derrotado pelos filisteus
muito perto dali, nas cercanias
de Gelboé, ficando assinalado o seu fracasso face à desobediência à profecia de
Samuel, o último dos Juízes, que
lhe vieram falar através da mediunidade exuberante da pitonisa de Endor.
Não sendo uma aldeia importante, esteve
sujeita a Jafa, a Séforis, a
Quislot, e ficou quase esquecida.
A população da Galileia era constituída
por sírios, que vieram do Norte, gentios, romanos de meado do século I, a.C.,
gregos que fugiram das conquistas de Alexandre Magno, e pelo povo da região,
que falavam o dialeto arameu, uma linguagem pobre que se arrimava às imagens
vivas da Natureza, sem dispor de um vocabulário próprio para vestir as ideias.
Não seja, portanto, de estranhar que o
Mestre usasse a mesma palavra para definir, às vezes, coisas e acontecimentos
diferentes.
Por outro lado, era comum que um mesmo
vocabulário adquirisse um significado mais genérico, o que, certamente, criou
dificuldades para o entendimento das anotações escriturísticas.” (20)
(20) AMÉLIA RODRIGUES – in Trigo
de Deus, psicografado por Divaldo Pereira Franco, pp. 11, 53, 54 – 3ª edição –
1999 – Livraria Espírita Alvorada
Editora – Salvador – BA – Autorização concedida ao
escritor Fernando Pinheiro por Nilson de
Souza Pereira, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, em
Salvador–BA, cessionário das obras psicografadas por Divaldo Pereira
Franco.
A narrativa de João, ainda no 1°
capítulo do texto sagrado, revela-nos outro encontro de comovente beleza:
“Quando Jesus viu Natanael
aproximar-se, disse a seu respeito: Aqui está um verdadeiro israelista, em quem
não há nada falso. Perguntou-lhe Natanael: De onde me conheces? Respondeu
Jesus: Antes que Filipe te chamasse, ti vi quando estavas debaixo da figueira.
Então Natanael declarou: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!
Disse Jesus: Porque disse que te vi debaixo da figueira, crês? Coisas maiores
do que esta verás. Então acrescentou: Na verdade, na verdade vos digo que vereis
o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (21)
(21) (JOÃO, 1,47 a 49)
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