São
Paulo Galante remete-nos à data cívica mais importante do Estado de São Paulo:
9 de julho, feriado estadual, com a evocação do discurso proferido, em
26/4/1994, pelo acadêmico Geraldo Magela da Cruz Quintão, ao tomar posse na
Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, sob a presidência do
escritor Fernando Pinheiro. In verbis:
"Segunda
divergência com Getúlio Vargas. A nomeação do interventor em São Paulo, em
plena revolução. João Neves, com os paulistas, queria Francisco Morato, líder
do Partido Democrático, aliado da primeira hora dos gaúchos e mineiros desde a
campanha da Aliança Liberal e da revolução triunfante. Getúlio Vargas escolhe
João Alberto, delegado militar em São Paulo. Desagrado profundo dos paulistas.
Vitoriosa
a Revolução, seu pregador e líder, João Neves, desaparece do proscênio
político. Recusa qualquer função ou cargo no Governo Provisório, seja o
Ministério da Justiça, ou o retorno ao Rio Grande do Sul, como seu Governador.
Desilusão? Melindre? De seu íntimo só o conhecimento. Sua voz, suas palavras
ainda ecoavam no País. Vencedor seu ideal liberal? Algo prenunciava para João
Neves que a revolução teria dinâmica própria. Dissolvido o Congresso pelo
Governo Provisório, sem mandato, o destino traz João Neves para o Banco do
Brasil, como seu Consultor Jurídico, em feliz sucessão de Carvalho de Mendonça,
o maior comercialista brasileiro. O
Promotor Público de Porto Alegre e o advogado influente de Cachoeira do
Sul assentam banca no Rio de
Janeiro."
(...)
"Explode
a revolução de 1932 em São Paulo, em 9 de julho. É a saga paulista do
constitucionalismo. João Neves, destemido, voa clandestinamente para São Paulo.
Lá, seu verbo incendeia o Estado, já tocado pela pregação revolucionária e
patriótica de Guilherme de Almeida,
Roberto Moreira e outros. Apela com veemência aos líderes gaúchos: “Já anunciei
a todos que o povo rio-grandense não faltará ao prometido. Não é do nosso
caráter prometer e não cumprir (...) Se os gaúchos não se erguessem, por cima
dos interesses, comodismos e conveniências, melhor fôra que o mar tragasse esse
berço de lealdade e heroísmo. Diz isso quem coloca o amor ao Rio Grande no
ápice da escala dos sentimentos afetivos (...) Chefes do Rio Grande, sois o
próprio Rio Grande. São Paulo vos espera." (Discursos – Por São Paulo e pelo
Brasil – 1933 – pp. 11/14)." (1)
(1) GERALDO MAGELA DA CRUZ QUINTÃO – in
Discurso de posse, em 24/4/1994, na Academia de Letras dos Funcionários do
Banco do Brasil – Auditório da Presidência do Banco do Brasil – Ed. Sede III –
Banco do Brasil – Brasília – DF.
Dentre as associações que surgiram na
revolução paulista de 1932, destacamos a ACF - Associação Cívica Feminina,
entidade ligada à assistência social, que esteve anteriormente na Rua Marques
de Itu, Rua Cincinato Braga, atualmente com a sede na Avenida Francisco
Matarazzo, 385, Água Branca, São Paulo – SP.
A ACF fundada em 20/12/1932 com o
objetivo de socorrer os soldados feridos em combate, recolhidos em hospitais,
mais tarde essa assistência foi estendida aos órfãos e viúvas.
Nos idos de 1952, já apresentava a
entidade diversas frentes de trabalho: Federação de Cegos Laboriosos, Sociedade
dos Albergues Noturnos, Escola Industrial, Dispensário de Puericultura, e
Lactário, Escola Noturna Santa Teresa, Assistência às Famílias de Tuberculosos
[Jornal ACF - 1952].
Nos idos de 2012, comemorando a
efeméride de 80 anos de funcionamento, a Associação Cívica Feminina mantém
quatro instituições: Colégio Olga Ferraz, Creche Centro de Educação Infantil,
Centro da Criança e do Adolescente - CCA Piratininga e a Unidade de
Reabilitação para Deficientes Visuais, designação que substituiu a Federação de
Cegos Laboriosos.
Com relação à bibliografia referente à
revolução paulista de 1932, Rodrigues Crespo, o mais importante poeta da cidade
de Campos, interior do Estado do Rio de Janeiro, com passagem pelo Banco do
Brasil, dirigindo, nos idos de 1951, a agência de Presidente Prudente - SP,
escreveu o livro 9 de julho (poemas ao estilo camoniano).
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