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domingo, 3 de fevereiro de 2013

SÃO PAULO GALANTE (XXXV)


São Paulo Galante remete-nos à data cívica mais importante do Estado de São Paulo: 9 de julho, feriado estadual, com a evocação do discurso proferido, em 26/4/1994, pelo acadêmico Geraldo Magela da Cruz Quintão, ao tomar posse na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, sob a presidência do escritor Fernando Pinheiro. In verbis:

"Segunda divergência com Getúlio Vargas. A nomeação do interventor em São Paulo, em plena revolução. João Neves, com os paulistas, queria Francisco Morato, líder do Partido Democrático, aliado da primeira hora dos gaúchos e mineiros desde a campanha da Aliança Liberal e da revolução triunfante. Getúlio Vargas escolhe João Alberto, delegado militar em São Paulo. Desagrado profundo dos paulistas.

 Vitoriosa a Revolução, seu pregador e líder, João Neves, desaparece do proscênio político. Recusa qualquer função ou cargo no Governo Provisório, seja o Ministério da Justiça, ou o retorno ao Rio Grande do Sul, como seu Governador. Desilusão? Melindre? De seu íntimo só o conhecimento. Sua voz, suas palavras ainda ecoavam no País. Vencedor seu ideal liberal? Algo prenunciava para João Neves que a revolução teria dinâmica própria. Dissolvido o Congresso pelo Governo Provisório, sem mandato, o destino traz João Neves para o Banco do Brasil, como seu Consultor Jurídico, em feliz sucessão de Carvalho de Mendonça, o maior comercialista   brasileiro. O Promotor Público de Porto Alegre e o advogado influente de Cachoeira do Sul  assentam banca no Rio de Janeiro."

        (...)

  "Explode a revolução de 1932 em São Paulo, em 9 de julho. É a saga paulista do constitucionalismo. João Neves, destemido, voa clandestinamente para São Paulo. Lá, seu verbo incendeia o Estado, já tocado pela pregação revolucionária e patriótica de  Guilherme de Almeida, Roberto Moreira e outros. Apela com veemência aos líderes gaúchos: “Já anunciei a todos que o povo rio-grandense não faltará ao prometido. Não é do nosso caráter prometer e não cumprir (...) Se os gaúchos não se erguessem, por cima dos interesses, comodismos e conveniências, melhor fôra que o mar tragasse esse berço de lealdade e heroísmo. Diz isso quem coloca o amor ao Rio Grande no ápice da escala dos sentimentos afetivos (...) Chefes do Rio Grande, sois o próprio Rio Grande. São Paulo vos espera." (Discursos – Por São Paulo  e  pelo Brasil – 1933 – pp. 11/14)." (1)

(1) GERALDO MAGELA DA CRUZ QUINTÃO – in Discurso de posse, em 24/4/1994, na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil – Auditório da Presidência do Banco do Brasil – Ed. Sede III – Banco do Brasil – Brasília – DF.    

Dentre as associações que surgiram na revolução paulista de 1932, destacamos a ACF - Associação Cívica Feminina, entidade ligada à assistência social, que esteve anteriormente na Rua Marques de Itu, Rua Cincinato Braga, atualmente com a sede na Avenida Francisco Matarazzo, 385, Água Branca, São Paulo – SP.   

A ACF fundada em 20/12/1932 com o objetivo de socorrer os soldados feridos em combate, recolhidos em hospitais, mais tarde essa assistência foi estendida aos órfãos e viúvas.

Nos idos de 1952, já apresentava a entidade diversas frentes de trabalho: Federação de Cegos Laboriosos, Sociedade dos Albergues Noturnos, Escola Industrial, Dispensário de Puericultura, e Lactário, Escola Noturna Santa Teresa, Assistência às Famílias de Tuberculosos [Jornal ACF - 1952].

Nos idos de 2012, comemorando a efeméride de 80 anos de funcionamento, a Associação Cívica Feminina mantém quatro instituições: Colégio Olga Ferraz, Creche Centro de Educação Infantil, Centro da Criança e do Adolescente - CCA Piratininga e a Unidade de Reabilitação para Deficientes Visuais, designação que substituiu a Federação de Cegos Laboriosos.  

Com relação à bibliografia referente à revolução paulista de 1932, Rodrigues Crespo, o mais importante poeta da cidade de Campos, interior do Estado do Rio de Janeiro, com passagem pelo Banco do Brasil, dirigindo, nos idos de 1951, a agência de Presidente Prudente - SP, escreveu o livro 9 de julho (poemas ao estilo camoniano).

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