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quinta-feira, 14 de abril de 2016

ALMA DOS VENTOS

Assim como a concha do fundo do mar esconde a pérola que será exposta no momento oportuno, o coração do homem possui segredos que serão revelados em idêntica situação.
O tempo corre em espaços matemáticos. Na precisão de um segundo, a flor se abre um pouco mais, o relâmpago desencadeia as chuvas, o pulo das aves sacode pólens de flores.
E qual hora do homem realizar seus sonhos, se ainda não sabe prever em um segundo antes a manifestação do relâmpago nem ver a flor se abrindo em tão pouco tempo e ainda está muito longe de determinar o gesto que antecede ao voo dos pássaros?
A natureza se expandindo nele mostra a hora da sede, do sono, do acordar sem que ele tenha necessidade de recorrer a outros meios.
As aves e os animais, no instinto da conservação, têm esses meios que dão equilíbrio em suas vidas, mergulhadas inconscientemente nas forças do universo.
A alma dos pássaros ou a energia dos pássaros desperta no homem o voo de suas melhores energias. A alma dos rios a vontade de correr, a alma dos ventos o sonho de desfilar na imaginação dos amores que encontra no caminho.
Há movimentação constante de forças criando o destino de futuras flores, ainda inseminadas nos pólens de árvores que os pássaros sacodem; há energias mentais, que se cristalizaram nos sorrisos e na ternura, construindo o sonho dos amores numa vida em comum.
Nas circunstâncias que o envolvem, o homem pensa buscar soluções, definir esquemas que produzem resultados positivos, mas não sabe as implicações que o futuro lhe responderá nesses gestos.
Quem pode prever a resposta de um olhar, se ainda não tem consciência da intensidade em que foi emitido nem sabe em que ponto será acolhido pela apreciação alheia?
Há um referencial de vida em cada ser humano. Daí o cuidado de não expormos aquilo que deve ser guardado para não chocar a visão de quem não possui o mesmo referencial.
O segredo da vida ou o mistério dos véus que se estenderam nos templos e lugares sagrados de todos os povos serviam apenas para nos livrar do infortúnio.
O silêncio sempre esteve ligado à sabedoria e, dentro das implicações que desconhecemos, há um refazimento das energias desperdiçadas em campos emocionais diferentes do nosso estágio evolutivo.
É por isso que vemos a importância de resultados negativos naqueles empreendimentos que pensamos ser o melhor, mas o tempo revelará a fragilidade dos sonhos criados na imaginação.
O importante é deixar-se conduzir pelas energias que criam os verdadeiros sonhos, sabendo que a missão de cada um tem ligações profundas em fontes que jorram sabedoria a alcance de todos.
Quando o homem se mantiver tranquilo na adversidade, verá que há sinais lhe indicando outros caminhos onde pode seguir sentindo a alma dos rios correndo, a alma dos ventos      – Sílfide – se misturando a todos os seres da Criação.
Las Silfides (Chopiniana) é o balé que apresenta músicas de Chopin. Gostamos e recomendamos as minhas leitoras assistir no Youtube as estrelas Maya Dumchenko, Daria Pavlenko, Irina Jelonkina, entre outras, dançando, nos idos de 1999, no Mariinsky (Kirov) Ballet no Teatro Real (Madrid).
Villa-Lobos criou um país: Brasil é música. Dentro da efeméride comemorativa ao Dia Nacional da Música Clássica, transcrevemos textos de nossa crônica DUAS BAILARINAS – 11/02/2016 – blog Fernando Pinheiro, escritor, a respeito da música e de quem a comenta, enaltecendo a mulher brasileira:     
Iniciando a apresentação, a repórter Daniela Lobo entrevistou a bailarina Ruth Lima: “Ela é representante de uma das mais antigas manifestações humanas, a dança, considerada pela imprensa etérea e translúcida, eleita em 1959, a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.” [Perfil Ruth Lima – Bloco 1 – Youtube – 11 de junho de 2012 – Vídeo enviado por TV-ALERJ – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro].
Na entrevista ao canal de televisão da ALERJ, Ruth Lima disse que começou dançando balé aos 11 anos de idade, tivera sonhos de dança, “dançava enquanto dormia”. E enfatizou: “a disciplina do balé me levou a ter uma vida feliz, uma vida regrada, inteligente, a ponto de eu escrever livros.” Enquanto a entrevista ocorria, vídeos e fotos de Ruth Lima apareceram ao fundo da tela.
Dançando O Lago dos Cisnes, de Tchaikowisky, e Les Sylphides, de Chopin, na apresentação que o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro estava fazendo, em 1966, no Teatro Colon, Buenos Aires, Ruth Lima foi aplaudida em cena aberta. Nessa ocasião, ela recebeu loas com o título de bailarina etérea e translúcida pelo jornal El Clarin. No Brasil, o jornalista Carlos Heitor Cony escreveu no Correio da Manhã: “Ruth Lima é a mais linda Cleópatra que pisou o Theatro Municipal.”     
Escritora, bailarina, coreógrafa, jornalista, professora de dança, Ruth Lima conviveu, no Brasil e no exterior, com mestres e partenaires, entre os quais destacamos aqueles que não estão mais conosco: George Balanchine (1904/1983), Yuco Lindberg (1906/1948), William Dollar (1907/1986), Leónide Massine (1896/1979), Eugenia Feodorova (1925/2007), Nina Verchinina (1910/1995), Aldo Lotufo (1925/2014).
Ao tomar posse, em 28/09/1993, na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (membro honorário), no Auditório do Edifício Sede III do Banco do Brasil – Brasília – DF, em solenidade presidida pelo escritor Fernando Pinheiro, Ruth Lima foi mencionada no discurso de Synval Guazzeli, presidente do Banco do Brasil, interino (12/5/1993 a 15/5/1993), (30/5/1993 a 5/6/1993), (26/9/1993 a 6/10/1993), (1/12/1993 a 4/12/1993):
“Distinguiu também uma representante das Artes, Ruth Lima, bailarina e coreógrafa e, nesta hora, seguramente nós haveremos de ter sempre presente a importância da Arte como expressão de cultura, nós que desejamos construir uma sociedade brasileira melhor, uma sociedade brasileira justa, equânime, democrática e que possa alcançar níveis de avanço e de expressão cultural que representem toda a potencialidade desta Nação e dos sonhos melhores de nossa própria sociedade.”
Alma dos ventos – Silfos ou Sílfides – são seres mitológicos ou elementais que vivem no ar, nos ventos, tidos como fadas ou anjos dos ventos. Las Silfides (Chopinianas) surgiram, nos idos de 1907, com o nome Rêverie Romantique, é um dos pontos altos do balé e do romantismo. Identificamos a Valsa in C sharp Minor, opus 64, nº 2, de Chopin. Mas existem   mazurka, valsa e prelúdio nas Chopinianas.  

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