Numa narrativa que virou lenda, o
astrônomo Jérôme Lalande teria dito que o diabo viera aprender com o compositor
Giuseppe Tartini (1692-1770), em troca de satisfações pessoais, isto aconteceu
também com o personagem Fausto, de Goethe. No final das aulas, o compositor
entregou-lhe o violino, a fim de testar a habilidade do inusitado aluno.
Tempos
depois, nos idos de 1824, o pintor Louis-Léopold Boily retratou num quadro o
sonho de Tartini com o diabo. Para surpresa do compositor, o diabo tocou tão
bem que Tartini ficou impressionado com o virtuosíssimo apresentado que lhe
inspirou compor Devil´s Trill Sonata in G minor, revelando que a música sonhada
era muito superior a que ele tinha escrito. [Wikipedia, la enciclopedia libre]
Ao
que se lê da partitura da Sonata in G minor, de Tartini, a música tem os seguintes
movimentos: larghetto affettuoso, allegro moderato, andante, allegro assai,
andante, allegro assai.
Nos
idos de 1990, o violinista Itzhak Perlman, acompanhando a Orquestra Sinfônica
de Israel, sob a regência do maestro Zubin Mehta, esteve viajando, pela
primeira vez, à Rússia, ocasião em que ele mostrou o trinado do diabo que a
sonata de Tartini demonstra existir. A Sonata em G minor, de Tartini, apresenta
uma série de trinados de difícil execução.
Destacamos
ainda as músicas apresentadas, na ocasião, pelo violinista Itzhak Perlman,
acompanhado de Janet Goodman Guggenheim, ao piano, Prokofiev: a marcha de O
Amor por 3 laranjas, op. 33, Tchaikovsky: andante cantábile, 2º movimento do
Quarteto para Cordas nº 1, op. 11.
Não
vamos interpretar o sonho de Tartini, pois o sonho era dele no período de 1692
a 1770 em que viveu na Terra e permanece no inconsciente coletivo de que nos
fala Carl Jung. Quem puder acessar esse inconsciente vai ver os pensamentos
registrados no sonho que não se perde no tempo nem no espaço. Aliás, toda a
história da humanidade viaja no astral. Os orientais chamam de registros
akaskicos e os ocidentais, o nosso caso, o livro da vida.
Outra
Sonata in G minor de Tartini é Didone abbandonata que nos evoca a história de
Dido que foi abandonada por Enéas, o grande amor da vida dela. Ambos tiveram um
romance na cidade de Tróia que foi destruída.
Reinando
em Cartago, norte da África, com todo luxo e riqueza, a rainha Dido não
conseguiu prender o amor dela junto de si, ele a abandonara com destino para
Roma onde pretendeu fundar uma nova Tróia. No abandono, a rainha cai em
depressão e tem morte autoinflingida dentro de uma pira. Nas águas do
Mediterrâneo, navegando em navio, Enéas avista de longe as chamas da pira do
palácio onde estava a amada.
Anteriormente,
abordamos o tema a morte autoinflingida na crônica de 19 de janeiro de 2016, no
blog Fernando Pinheiro, escritor. Vale transcrever alguns tópicos pertinentes:
Todos
merecem ser felizes, não importa a situação em que se encontram que podem estar
no Estado Islâmico, não reconhecido por nenhum governo, na Suíça onde os
doentes que vão para lá se suicidar dobraram, nos últimos anos, ou na Coreia do
Sul onde a competitividade aumenta as distorções sociais ou ainda no número
apresentado pela OMS: uma pessoa se suicida no planeta a cada 40 segundos.
A
separatividade e a competitividade da consciência planetária, sem dúvida,
estimulam essa cultura transitória a cair em desencantos. Quando se dá peso e
referência à violência, a violência cresce, amparada pela ampla cobertura da
mídia que faz aumentar o medo entre a população.
Essa
vertente psicopata não é vista pela observação que esses pretensos
perfeccionistas sociais se impressionam com as exigências de seus chefes,
familiares e amigos, mas com aquilo que eles dão valor como objetivo de
sucesso, caindo sempre ao remorso da culpa em não ter feito mais. Basta uma
perda: no emprego, na família, no relacionamento afetivo e a depressão se
instala. [A MORTE AUTOINFLINGIDA – 19 de janeiro de 2016].
Essa
situação delicada ainda foi abordada por nós em 20 de dezembro de 2014 com a
crônica O LUTO. Vale mencionar:
Quando
ocorre o falecimento de entes amados, a tristeza faz enfraquecer o sistema de
defesas imunológicas que protegem o corpo físico contra as infecções,
principalmente nas pessoas mais idosas, o que comprova que muitos cônjuges vêm
a falecer depois da morte desses entes amados.
As
pessoas mais jovens, com tanta distração para curtir e as tarefas de estudo e
trabalho, bem como a vivência no casamento ou em outro status de
relacionamento, as fazem esquecer o luto, por isso são menos suscetíveis de
pensar em tristeza que as fazem sentir menos felizes.
Por
essa razão, é importante ter um estilo de vida alicerçado em quatro pilares:
simplicidade, humildade, transparência e alegria. Experiencie ter esse estilo
ou conserve-o sempre e a sua vida irá ganhar, num crescendo, um patamar de
grandeza mais elevado.
O
luto é uma fase de vivência em que todos passam, pois todos têm parentes e
amigos que vêm a falecer, em determinado momento. É natural que seja assim. O
luto não é sinal de tristeza, é uma forma errônea de demonstrar amor aos entes
que partiram. O melhor é o silêncio e a observação proveitosa que deve ganhar
um novo sentido, diante de tudo que se renova.
Não
estamos promovendo o oblívio das pessoas amadas que partiram, pois os amores
são eternos e o que deve ser lembrado apenas são os momentos felizes e, como
dizemos sempre: os engramas do passado devem ser esquecidos.
Durante
o período do luto que deve ser passado ao lado das pessoas amadas, a nosso ver,
não pode ultrapassar a 30 dias, sob o risco de contrair doenças vasculares ou
do coração.
Hoje
em dia, o luto está se tornando um risco de morte. Para muita gente os efeitos
psicológicos do luto duram longo tempo, certamente, haverá o resultado das
respostas fisiológicas associadas à dor aguda.
Toda
essa dificuldade humana diante da morte é em decorrência de que a
transparência, deslindando os enigmas do caminhar, ainda se encontra no ser
profundo que todos nós somos, sem exceção, mas ainda não revelado de modo
generalizado a todas as criaturas humanas.
É
dito que tudo será revelado e não haverá mais disfarce encobrindo a verdade, e
isto já acontece quando dormimos e presenciamos a realidade que nos envolve, a
morte está nesse contexto que nos pertence tanto quanto àqueles que já
partiram.
A
morte existe quando cessa o colapso da função de onda (física quântica)
entrando em outro seguimento de vida, então não há perda de nada e de ninguém,
o que acontece é o apego recrudescendo em situação que não nos pertence.
A
vida é doação, doe-se e você ganhará ainda mais ou mais ainda do que for doado
porque a fonte é inesgotável e o apego desaparecerá sem deixar vestígio.
Apegar-se ao que não nos pertence mais é sofrer sem razão, palavra estritamente
ligada ao plano mental. [O LUTO – 20 de dezembro de 2014].
As
músicas de Tartini tiveram influência da vida que ele viveu. Na adolescência
casou-se às escondidas com a sobrinha do bispo de Pádua, descoberto buscou
refúgio num convento de Assis, onde teve as primeiras inspirações sublimes.
Posteriormente, reconciliado com o bispo, voltou a morar com a esposa em
Veneza. [A Violin´s Life – FrankAlmond.com].
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