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sábado, 20 de outubro de 2012

FESTAS GALANTES

       Assim como a suíte Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, veio da pintura, as músicas Clair de Lune, da suíte Bergamasque e Festas Galantes, de Debussy, vieram da  poesia de Paul Verlaine que retratou a obra de grandes   pintores franceses, notadamente Watteau e Fragonard, que se inspiraram em personagens de comédia (Commedia dell´Arte), atrizes e cortesãs, as festas campestres, serenatas   ao luar, dentro da fascinante vida parisiense.  

         Inspirados nos poemas de Verlaine, Debussy e Gabriel Fauré compuseram, cada um ao seu estilo, a música Clair de Lune. O poeta francês, em Festas Galantes, descreve o tema estendendo uma paisagem encantada sobre a alma da mulher amada, onde passam dançando, ao som de alaúdes, fantasias e máscaras (Votre âme est un paysage choisi que vont charmant masques et bergamasques, jouant du luth et dansant ...”) 

         A poesia de Verlaine, contida na obra Festas Galantes, foi traduzida nos idos de 1934, no Brasil, por Onestaldo de Pennafort, poeta homenageado pelo acadêmico Ivo Barroso, em 8/12/1998, ao ensejo da realização, em 7 a 11/11/1998, do 2° Seminário Banco do Brasil e a Integração Social, promovido pela Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, este Cenáculo, o grande vetor da imortalidade no BB, sob a presidência do escritor Fernando Pinheiro, prestigiado com a  presença  das  seguintes  autoridades:

         Francisco Welffort, ministro de Estado da Cultura; Eduardo Portella, presidente da Fundação Biblioteca Nacional; Alberto Venâncio Filho, membro da Academia Brasileira de Letras; Mauro Fernando Orofino Campos,     presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro; Mário Gibson Barbosa, ministro de Estado das Relações Exteriores (1969/1974); Afonso Arinos de Melo Franco Filho e Sizínio Pontes Nogueira, embaixadores da  República; Paulo de Tarso de Medeiros, representante do Banco do Brasil em Washington-DC, USA; Luiz Carlos de Azevedo, professor de Direito Processual da Universidade de São Paulo; Ronaldo Cunha Lima, senador da República; Ernane Galvêas, ministro de Estado da Fazenda (nos idos de 1980); Juarez Moreira Lessa, delegado federal do Ministério da Agricultura e do Abastecimento no Estado do Rio de Janeiro; Otávio Mello Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura; Álvaro Pacheco dos Santos, adido cultural da República de Angola, em Brasília - DF; Giuseppe Magno, cônsul-geral da República da Itália, na cidade do Rio  de  Janeiro.

      A Boa Canção, opus 61, de Fauré, igualmente inspirada nos poemas de Verlaine, ilustra o encantamento mágico da vida parisiense, com seus amores, seus repastos ao ar livre, seus encontros de amores febricitantes de emoção e o ar nostálgico  de uma época de passou. O clima poético é parnasiano na literatura, e impressionista na música de Fauré.

        A poesia de Paul Verlaine, em Festas Galantes, focalizando esse clima, traz uma súplica a estrela matutina  que, na visão do poeta, tem olhar banhado no azul da aurora: levar o seu pensamento longe, muito além, no encantador sonho que  envolve, sem parar,  a  sua  amada.

       A Boa Canção, contida na obra Festas Galantes, de Verlaine, embala os sonhos do poeta; a lua branca brilha no bosque (la lune blanche luit dans les bois); há uma lúcida quietude vindo do céu que a lua irisa. O cenário é comovedor: o recanto amoroso, a lâmpada acesa, o olhar correspondido, o êxtase de ver a tarde caindo, caindo...

         Buscar o romance de amor, dentro do namoro, é criar um clima de enlevo em que o nosso coração se manifesta pela pessoa amada. Desde o aroma dos cabelos e da pele à contemplação do olhar, que envolve toda uma história de amor, existe uma oportunidade valiosa que se estende nos caminhos   entrelaçados.

         É claro que um detalhe, envolvendo a boca, os olhos, as mãos, os braços, o colo, os seios, a cintura, as pernas e os pés, pode embalar ainda mais esses sonhos a uma dimensão maior que têm raízes profundas no enlevo amoroso que sentimos haver existido desde antes. O destino se manifesta não apenas no futuro, mas no passado e no presente.

         Além do destaque físico, há um clima de magia que se manifesta na voz, nos gestos do caminhar e do falar; no jeito silencioso de ser, mesmo assim há vibrações que denotam a característica de cada criatura humana e, em especial, da pessoa amada. Essas informações são tão preciosas que, quando surgem notícias, mesmo baseadas em fatos reais, contrárias ao modo que conhecemos, não damos valor ao que  dizem.

         Festas Galantes são estímulos para que a nossa vida possa ser sempre envolvida por amores que nos despertam os sonhos mais lindos da existência e nos fazem sentir felizes com a vida que levamos. O nosso destino, vivido em clima de festas, é a felicidade de uma eterna primavera. O amor faz esse milagre, não apenas nos sonhos acalentados, mas em tudo.

Blog Fernando Pinheiro, escritor


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