Assim como a suíte Quadros de uma Exposição,
de Mussorgsky, veio da pintura, as músicas Clair de Lune, da suíte Bergamasque e Festas
Galantes, de Debussy, vieram da
poesia de Paul Verlaine que retratou a obra de grandes pintores franceses, notadamente
Watteau e Fragonard, que se inspiraram em personagens de comédia (Commedia dell´Arte), atrizes e
cortesãs, as festas campestres, serenatas ao luar, dentro da fascinante vida parisiense.
Inspirados
nos poemas de Verlaine, Debussy e Gabriel Fauré compuseram, cada um ao seu
estilo, a música Clair de Lune. O poeta francês, em Festas Galantes, descreve o
tema estendendo uma paisagem encantada sobre a alma da mulher amada, onde
passam dançando, ao som de alaúdes, fantasias e máscaras (Votre âme est un
paysage choisi que vont charmant masques et bergamasques, jouant du luth et
dansant ...”)
A
poesia de Verlaine, contida na obra Festas Galantes, foi traduzida nos idos de
1934, no Brasil, por Onestaldo de Pennafort, poeta homenageado pelo acadêmico
Ivo Barroso, em 8/12/1998, ao ensejo da realização, em 7 a 11/11/1998, do 2°
Seminário Banco do Brasil e a Integração Social, promovido pela Academia de Letras
dos Funcionários do Banco do Brasil, este Cenáculo, o grande vetor da
imortalidade no BB, sob a presidência do escritor Fernando Pinheiro,
prestigiado com a presença das seguintes
autoridades:
Francisco
Welffort, ministro de Estado da Cultura; Eduardo
Portella, presidente da Fundação Biblioteca Nacional;
Alberto Venâncio Filho, membro da Academia Brasileira
de Letras; Mauro Fernando Orofino Campos, presidente
da Companhia Docas do Rio de Janeiro; Mário Gibson
Barbosa, ministro de Estado das Relações Exteriores
(1969/1974); Afonso Arinos de Melo Franco Filho
e Sizínio Pontes Nogueira, embaixadores da República;
Paulo de Tarso de Medeiros, representante do Banco
do Brasil em Washington-DC, USA; Luiz Carlos de Azevedo, professor
de Direito Processual da Universidade de São
Paulo; Ronaldo Cunha Lima, senador da República; Ernane
Galvêas, ministro de Estado da Fazenda (nos idos de 1980); Juarez Moreira Lessa, delegado federal
do Ministério
da Agricultura e do Abastecimento no Estado do Rio
de Janeiro; Otávio Mello Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura; Álvaro
Pacheco dos Santos,
adido cultural da República de Angola, em Brasília
- DF; Giuseppe Magno, cônsul-geral da República da Itália, na cidade do Rio de Janeiro.
A
Boa Canção, opus 61, de Fauré, igualmente inspirada nos poemas de Verlaine,
ilustra o encantamento mágico da vida parisiense, com seus amores, seus
repastos ao ar livre, seus encontros de amores febricitantes de emoção e o ar
nostálgico de uma época de passou.
O clima poético é parnasiano na literatura, e impressionista na música de
Fauré.
A poesia de Paul
Verlaine, em Festas Galantes, focalizando esse clima, traz uma súplica a
estrela matutina que, na visão do
poeta, tem olhar banhado no azul da aurora: levar o seu pensamento longe, muito
além, no encantador sonho que
envolve, sem parar, a sua amada.
A Boa Canção, contida na obra Festas
Galantes, de Verlaine, embala os sonhos do poeta; a lua branca brilha no bosque (la lune blanche luit dans les
bois); há uma lúcida quietude vindo do céu que a lua irisa. O cenário é
comovedor: o recanto amoroso, a lâmpada acesa, o olhar correspondido, o êxtase
de ver a tarde caindo, caindo...
Buscar
o romance de amor, dentro do namoro, é criar um clima de enlevo em que o nosso
coração se manifesta pela pessoa amada. Desde o aroma dos cabelos e da pele à
contemplação do olhar, que envolve toda uma história de amor, existe uma
oportunidade valiosa que se estende nos caminhos entrelaçados.
É
claro que um detalhe, envolvendo a boca, os olhos, as mãos, os braços, o colo,
os seios, a cintura, as pernas e os pés, pode embalar ainda mais esses sonhos a
uma dimensão maior que têm raízes profundas no enlevo amoroso que sentimos
haver existido desde antes. O destino se manifesta não apenas no futuro, mas no
passado e no presente.
Além
do destaque físico, há um clima de magia que se manifesta na voz, nos gestos do
caminhar e do falar; no jeito silencioso de ser, mesmo assim há vibrações que
denotam a característica de cada criatura humana e, em especial, da pessoa
amada. Essas informações são tão preciosas que, quando surgem notícias, mesmo
baseadas em fatos reais, contrárias ao modo que conhecemos, não damos valor ao
que dizem.
Festas
Galantes são estímulos para que a nossa vida possa ser sempre envolvida por
amores que nos despertam os sonhos mais lindos da existência e nos fazem sentir
felizes com a vida que levamos. O nosso destino, vivido em clima de festas, é a
felicidade de uma eterna primavera. O amor faz esse milagre, não apenas nos
sonhos acalentados, mas em tudo.
Blog Fernando
Pinheiro, escritor
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