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terça-feira, 2 de outubro de 2012

PRANTO DO MAR


A partitura O Pranto do Mar é de autoria de PEDRO Augusto Santiago de AMORIM, natural do Amazonas. Além desta música, escreveu diversas outras, entre as quais destacamos: Cantiga, Menina de Olhos Verdes, Rondel da Graviola, Cabocla do Tarumã, Encantamento e Iara. Pedro Amorim exerceu o cargo de diretor do Teatro Amazonas (1966/1987), na capital amazonense, é membro do Clube da Madrugada de Manaus e da União Brasileira de Escritores/AM [Caderno do Patrimônio N° 04/86].
Com os versos do escritor Max Carphentier Luiz da Costa, membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, a música O pranto do mar, de Pedro Amorim, inicia-se no movimento andante con espressione e prossegue pouco ondulando, cantabile, recitativo, lento, piano (suave) e pianíssimo.
“Concha deixada na praia e no olhar,
lágrima herdada do pranto do mar.
Que o mar também chora, conosco ou por nós,
O mal que na hora calamos a sós.
O mar sabe tudo que temos no peito,
por isso seu leito tal qual a perdida
beleza da vida é gélido e mudo.”
Citamos algumas referências elogiosas de consagrados autores nacionais sobre a obra literária de Max Carphentier:
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: “O Sermão da Selva tem a dignidade da poesia a serviço da vida. Assim essa voz poética seja ouvida, em coro com a dos cientistas e dos brasileiros de boa vontade, para que não se arruine a floresta Amazônica, esse bem da humanidade, que nos cumpre defender.” (in O Sermão da Selva, de Max Carphentier).
ANTÔNIO CARLOS VILLAÇA: - “Louve-se o poeta, o seu ritmo harmonioso, a sua densidade, o seu gosto da terra, a sua paixão pelo humano. Ele bem sabe, o grande poeta, que a natureza só será salva pelo coração, isto é, pelo amor. O mundo só poderá ser salvo pelo amor. (in Tiara do Verde Amor, de Max Carphentier).
Dom PAULO EVARISTO ARNS, cardeal: - “Dar uma palavra de apresentação ao livro de Max Carphentier Nosso Senhor das Águas é tarefa tranqüila, pois o escritor coloca o seu trabalho a serviço da vida, numa visão cristã da causa ecológica.” (in Nosso Senhor das Águas, de Max Carphentier).
A letra da música, que o poeta nos revela, traz o pranto do mar contido numa concha deixada na praia e ainda a afirmação: “o mar também chora, conosco ou por nós, o mal que na hora calamos a sós”.
As ondas da praia retiram de nós a sujeira do corpo e, até certo ponto, as impurezas da alma, propiciando-nos um aspecto agradável com energias revitalizantes. Daí o alívio e o bem-estar pela retirada das dores que sentimos, até mesmo emocionais que são carregadas para o leito do mar.
Para nos recompor intimamente, às vezes, precisamos estar perto da orla marítima e, sem notarmos, estamos transferindo ao meio-ambiente vibrações de pensamentos oscilantes.
        Nesse enlevo, participamos da mística da transmutação: o pranto do mar depositado numa concha, a guardar nossos segredos, nossas vidas, nossos amores, nossos sonhos que foram conduzidos a caminhos diferentes, sempre para nosso bem, como é dito, embora saibamos que, na ausência de crítica, não existe bem nem mal, o que existe é a busca da beleza.
       A busca vai cedendo lugar à presença do ser profundo que todos somos, embora a maioria não saiba.
       O ser profundo não adoece porque está conectado à fonte, embora tenhamos a ciência de que o nosso DNA surgiu, nesta civilização, dentro da terceira dimensão dissociada, a consciência planetária que foi implantada há mais de 52.000 anos.
     Deixemos ir embora a dualidade, a consciência dissociada do planeta que gera crítica e julgamento e lança um olhar de separação.
      Sigamos com leveza, abandonando-nos à luz.

Blog Fernando Pinheiro, escritor

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