A música tem uma ligação profunda com os estados
d’alma da criatura humana. Quem a mantém dentro de si, cantando ou em silêncio,
reproduz as vibrações do compositor ou do referencial vibratório em que ele
está intimamente ligado.
Por
exemplo: Danças Húngaras, de Brahms, Danças Eslavas, de Dvorak, Danças Romenas, de Bartok são músicas de intensa harmonia que nos fazem lembrar os gestos dos
pássaros, dos animais e dos peixes, quando buscam estabelecer relações com o
conjunto. Isto é o principio da unidade que a humanidade está adquirindo em
larga escala.
Os
estilos musicais servem para expressar as tendências de cada autor que revela
suas experiências sentimentais e, numa visão mais ampla, o caráter nacionalista
de um povo. Sentimentos e emoções se misturam em jogos de notas musicais em
diferentes movimentos; o ritmo e a harmonia sempre os acompanham.
A
música faz a festa dos amores, recorda inefáveis lembranças que não deixam os
momentos de felicidade se apagarem e aquece corações que se curtem ao
vivo, estimulando-os a
amar sempre.
Tudo
vibra em torno da música. É comovente a sonoridade das tempestades solares, dos
reflexos de luz que dançam as auroras boreais, dos ventos que correm no deserto
espalhando nuvens de areia, do relâmpago que converge num só instante a tocata e a fuga.
A
composição romântica de Brahms, revelada pelas orquestras, é de intensa e
profunda musicalidade que se derrama na felicidade dos amores, numa festa de
sorrisos e beijos, na certeza do amanhã é agora, num amor eterno. A música
embala momentos mágicos de rara beleza, um instante do paraíso.
Danças
Eslavas, de Dvorak, têm muito a ver com os gestos da mulher que dança, de
cabelos soltos, revelando todo o amor que sente num momento em que se prepara
para a entrega, a doação total de tudo que vibra em seu ser mais profundo.
Vale assinalar Danças Eslavas não é música de programa, é simplesmente música,
música romântica.
De
igual modo, numa expressão consagrada, Bartok, de nacionalidade húngara,
celebra a arte da dança do povo
romeno que faz reunir os sentimentos românticos nos movimentos
musicais que revelam o encanto das
horas.
A
mais expressiva das sonatas, a Sonata em dó sustenido menor, opus 27, n° 2, Ao
Luar, de Beethoven, traz uma
visão paradisíaca que somente os astronautas sentiram ao pisar na Lua. O
compositor alemão, de caráter romântico pelo profundo subjetivismo, certamente
contemplou as nascentes das chuvas
de prata.
Como
é encantador e real o homem se ligar à beleza do Universo; saber que a nossa
casa planetária é azul, como um sinal de que devemos estar mergulhados nos
sentimentos que irradiam uma atmosfera azulada. O amor, em seus caminhos
cristalinos, mostra-nos por onde devemos passar.
Assim
como o homem gosta de viajar a lugares onde a natureza faz prodígios em santuários
ecológicos, outros viveiros de forças mais atuantes se estendem diante de sua
alma peregrina para revelarem que no paraíso há muitas moradas.
Quem
não gostaria de ver os anéis de Saturno? Poeiras luminosas, cintilações de
cores que se multiplicam em matizes variadas, numa cadência de sons que nos
fazem lembrar dos movimentos suaves e profundos das sinfonias de Sibelius.
A
presença romântica está no brilho do luar e no coração do homem que busca o
amor como fonte inesgotável de suas aspirações que, por já estar vivendo-as,
não sente mais desejo algum. Esse clima suave e alentador embala as noites na
Ursa Maior, Andrômeda, Orion, por toda a Via-Láctea e outros mundos de beleza imperecível.
Quando
ouvimos romance na composição de Beethoven, Dvorak, Tchaikowsky e tantos outros
grandes compositores clássicos, o nosso pensamento flui numa corrente diáfana, que vem da música, e
sentimos como é cheio de tanta beleza este movimento musical.
Uma
atmosfera azulada nos envolve a refletir nos encantos da mulher amada, nos sorrisos que se doam, nas
emoções derramadas em abraços e beijos. É muito importante os casais
permanecerem ligados neste enlevo embriagador, no bom sentido, onde surgem
espontâneos a sedução e a conquista, sem que tenhamos a preocupação de buscar
ou fugir.
Se
apreciamos a beleza da paisagem que se reflete nos montes, nas lagoas, nos
riachos e na vegetação que se escorre pelos ventos das campinas, por que não a
veríamos mais atuante na
mulher?
Sabemos
que a montanha pode estar encoberta de neblina, trazendo sempre um clima mais
frio, mas aparecerá quando o calor do sol vier surgindo lentamente para levar
para a atmosfera aquilo que pensamos ser obstáculo. Esta imagem poética pode se
refletir nos casais embaraçados no relacionamento conjugal. O calor, sempre
o calor, pode dissipar todas as
neblinas.
Como
meio que pode aquecer a ligação entre os casais, pensamos no namoro. O marido e
a mulher devem namorar o tempo todo. Não esquecer os menores detalhes e colocar
a imaginação criando sonhos que se convertem em realidade ao contato dos cinco sentidos e,
numa dose mais forte, ao sexto sentido, elevando o amor a nível transcendente
onde reina a eternidade.
O
romance, que desperta o enlevo encantador, surge num olhar simples e profundo
que pode comover a quem não se alinhou perfeitamente nas correntes fluindo
energias que iluminam a
interioridade da alma humana.
A
palavra, outro condutor que carrega energia, deve ser bem dirigida no clima
romântico, nunca elevando em descompasso que pode destoar toda a harmonia já
antes conseguida.
Ao
contrário da crítica, que pode desestimar quem não a pode compreender em
circunstâncias difíceis, devemos estimular o elogio naquilo que a companheira
pode trabalhar para recompor situações em que toda a família depende para se manter firme.
Elogiar
sempre os encantos da mulher que nos comovem, como também aquelas
possibilidades que podem aumentar o calor sempre crescente e vivo, pois somos
iguais a notas musicais que precisam ser direcionadas numa pauta musical capaz
de ser convertida num romance clássico.
Quando
o homem compreender a harmonia que a mulher traz consigo, verá a beleza se
irradiando nos movimentos de expressão corporal, no aroma sensual que desperta
os sentidos, no olhar que revela a nudez da alma que precisa, mais do que o
corpo, ser acariciada e levada a
êxtase.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
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