Fazer o que se gosta, até os animais
o fazem. Difícil mesmo é fazer o que não se gosta. A vida nos dá sempre novas
opções.
É
claro que nossas tendências e aptidões têm maior desenvoltura naquilo que nos acostumamos a
fazer. A repetição é mais fácil. O novo requer concentração e aprendizado diferente.
Quando
começamos a fazer o que não gostamos, estamos aprendendo a mudar de
condicionamentos anteriormente
estruturados e agora requerem a revisão para que o destino seja mudado.
As
mudanças estão em tudo, no tempo e nas nuvens que passam. O destino é ação que
se revela criando o futuro.
Pensar
no destino como apenas algo que se tem de passar, sem acreditar nas nossas
possibilidades de alterá-lo em suas formas variáveis, seria o mesmo que
amarrássemos as mãos juntas. Trabalho difícil de se fazer.
As
alterações constantes do dia-a-dia leva-nos a posturas novas onde enfrentamos
desafios dos tempos difíceis que ora
estão chegando numa exacerbação que caracteriza o fim de um ciclo planetário.
Não
há o que se criticar. Há uma cadeia de interesses transitórios que se refletem
a níveis pessoais, comunitários e internacionais, onde a sobrevivência tem a
maior importância.
No
acúmulo dos haveres fugazes, a consumação é controlada pelo detentores do poder
em todos os níveis e só chega com vigor nas camadas que os sustentam.
O
talento, que foi adquirido através de experiências muito antigas, agora se vê
entregue a circunstâncias do momento que o redimensiona em outros caminhos.
O
lado material tem um peso muito grande na vida do artista. A arte é eterna e
subsiste a todas as crises estabelecidas pelo homem. Mas o artista é humano e
precisa sobreviver às exigências da matéria.
Nesse
contexto, ele busca os meios necessários à sua sobrevivência em outras fontes,
pois a arte parece perder o seu prestígio, não por seu valor, mas pela falta de
dinheiro de pessoas que, mesmo a apreciando, não podem desfrutá-la. Isto atinge
até mesmo a área dos patrocinadores.
As
exigências dos tempos novos coloca-nos em situações que teremos de aprender em
aspectos que nunca pensamos ser possível. É natural que seja assim, pois o
compositor não vive apenas da última composição. A criação é o seu trabalho.
É
necessário semear. Se os melhores canteiros estão ocupados por máquinas que
promovem o imediatismo do conforto material, procuremos outros espaços onde
possamos caminhar livremente, adaptando-nos às exigências da época, sem
perdermos as sementes que trazemos em mãos.
O
que vale é a maneira como elaboramos o nosso trabalho. Quantidade é bem
diferente de qualidade. Às vezes basta um olhar, um gesto que criam situações
que nos favoreçam avistar novos horizontes.
Quando
as circunstâncias não são favoráveis, mil discursos se perdem no espaço para
repercutir muito longe num tempo em que não podemos avaliar.
O
que preocupa muita gente não é a arte que possui intimamente, mas a ansiedade
de vê-la surgir perante o público antes da hora, como a semente que está
escondida para virar árvore.
Empreguemos
o tempo naquilo que sentimos ser necessário à nossa vida sem perdermos o ânimo
no trabalho que as circunstâncias nos oferecem.
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