Inspirado no livro The Price of
Salt, de Patrícia Highsmith, o filme Carol, dirigido por Todd Haynes, recebeu
cinco indicações ao Oscar 2016: melhor atriz (Cate Blanchett), melhor atriz
coadjuvante (Rooney Mara), melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora
original e melhor figurino. O enredo conta história do amor entre duas mulheres
que viveram, na década de 50, em Nova York.
Graças
à iniciativa do psiquiatra Robert Spitzer (1932/2015), autor do primeiro livro
de diagnóstico de transtornos mentais, a homossexualidade foi excluída como
distúrbio mental do DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria), editado em 1980, passando o
diagnóstico a ser “perturbação de orientação sexual”, destinado a pessoas cuja
orientação sexual, de qualquer variedade, as tenham causado sofrimento [The
Telegraph – 13 de janeiro de 2016].
Segundo
ainda o matutino britânico, o trabalho de Robert Spitzer estabeleceu uma nova
DSM capaz de “erradicar o preconceito humano e obsessões freudianas com o
‘inconsciente’, possibilitando aos psiquiatras uma verificação de diagnóstico
baseado na ciência”. Foi retirado também o termo neurose. Na edição do DSM de
1987, foram incluídos transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção,
transtorno de pânico, autismo, bulimia e PTSD.
A
5ª e última versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais está em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias
mentais a 450 categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual
DSM–2 [Folha de S.Paulo – 14/05/2013] – Apud
PÍLULA ADOCICADA – 22 de agosto de 2015 – blog Fernando Pinheiro,
escritor.
Cate
Blanchett encarna a personagem Carol, mulher casada com Harge, vivido pelo ator
Kyle Chandler. Ambos vivem o reflexo de um casamento que chega ao fim, num país
em que o divórcio começou a aumentar muito depois da II Guerra Mundial e que,
nos idos de 2012, segundo a Bloomberg, atingiu o número de 2,4 milhões.
Ao
fazer compra numa loja de brinquedos, Carol conhece a vendedora Therese (Rooney
Mara) que está com namoro, não muito empolgado, com Richard (Jake Lacy). Ambas
trocam olhares recíprocos. Impedida de passar o Natal com a filha, Carol faz
uma viagem com Terese com o objetivo de ter um romance.
Quando
estávamos escrevendo a crônica Rosas, tivemos um pedido de uma leitora para ser
nossa amiga no facebook. Era uma jovem mulher solteira que tinha um
relacionamento com outra mulher. Apenas um contato muito rápido para
identificação, pois não a conhecíamos pessoalmente. O tempo passa e não tivemos
mais notícia dela, nem sabemos agora o nome dela, desapareceu do mapa. O segundo
parágrafo, a seguir, foi inspirado na situação daquela moça, uma pergunta que
fizemos no texto e, ao mesmo tempo, demos a resposta.
Na
música ROSAS há o enfoque desse astral com a menção de entrechoque dos santos
que não se afinam, ideia puramente desta consciência dissociada planetária,
pois na multidimensionalidade, onde os anjos, santos e arcanjos se encontram,
não há separatividade. A música se afirma quando diz na voz de Ana Carolina:
“toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas, muitas vezes são vermelhas mas
sempre são rosas.”
A
letra da música abre espaço para a discussão do gosto da mulher. Será que rosas
e rosas e rosas não está incluída outra mulher? Por que as rosas vermelhas são
sempre rosas? A evidência não está clara? O amor tem limites na esfera feminina
ou está em frequências diferentes de onda? A onda é a mesma, porque somos um no
sentido dos novos tempos da Era de Aquarius que começa a chegar. [ROSAS – 27 de
abril de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Não
se sabe até que ponto uma relação lésbica é mantida, assim como entre homem e
mulher, podendo haver uma cumplicidade em viver uma vida em comum, fora do
sexo, como aconteceu em outro filme, intitulado The Wicker Man (no Brasil, O
Sacrifício, em Portugal, O Escolhido), uma comunidade composta, na maioria, por
mulheres, onde apenas alguns homens permanecem ali para manter a continuação da
prole. O filme teve a direção de Neil LaBute.
O
sacrifício, no caso, foi para Edward (Nicolas Cage), um policial que vai à
Summerisle, uma ilha na costa de Maine, a pedido da irmã Willow (Kate Beahan),
antiga namorada dele, a fim de procurar a filha Rowan (Erika-Shaye Gair)
prestes a morrer na fogueira para satisfazer os deuses pela má colheita do ano,
num ritual de sangue, atualmente infestado nos filmes de violência.
Depois
de muita procura, Edward descobre o lugar do sacrificio e, para a surpresa
dele, é escolhido pela irmã Summerisle (Ellen Burstyn), líder da comunidade,
para ocupar o lugar da filha. Ele a descobre e, na fuga, a menina se adianta
correndo e vai em direção do grupo de pessoas da comunidade. Ele é cercado,
amarrado e conduzido à fogueira.
Retomando
a narrativa principal, o olhar sedutor de Carol é uma dose certa para balançar
corações femininos que vivem na indecisão por opção sexual. Se houver
sofrimento, citamos o diagnóstico do DSM-III: “perturbação de orientação
sexual”. Aliás, essa perturbação já ocorria mesmo no casamento que ela teve com
o marido.
Uma
coisa é certa: a mulher pode ser amiga e confidente de outra mulher. Não
sinalizamos nada, nem criticamos nada, pois a crítica leva ao julgamento e à
separação que é totalmente contrário ao nosso propósito de reunir pessoas no
objetivo de caminhar juntos. Sigamos com leveza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário