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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

CAROL

Inspirado no livro The Price of Salt, de Patrícia Highsmith, o filme Carol, dirigido por Todd Haynes, recebeu cinco indicações ao Oscar 2016: melhor atriz (Cate Blanchett), melhor atriz coadjuvante (Rooney Mara), melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora original e melhor figurino. O enredo conta história do amor entre duas mulheres que viveram, na década de 50, em Nova York.
Graças à iniciativa do psiquiatra Robert Spitzer (1932/2015), autor do primeiro livro de diagnóstico de transtornos mentais, a homossexualidade foi excluída como distúrbio mental do DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria), editado em 1980, passando o diagnóstico a ser “perturbação de orientação sexual”, destinado a pessoas cuja orientação sexual, de qualquer variedade, as tenham causado sofrimento [The Telegraph – 13 de janeiro de 2016].
Segundo ainda o matutino britânico, o trabalho de Robert Spitzer estabeleceu uma nova DSM capaz de “erradicar o preconceito humano e obsessões freudianas com o ‘inconsciente’, possibilitando aos psiquiatras uma verificação de diagnóstico baseado na ciência”. Foi retirado também o termo neurose. Na edição do DSM de 1987, foram incluídos transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção, transtorno de pânico, autismo, bulimia e PTSD. 
A 5ª e última versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias mentais a 450 categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual DSM–2 [Folha de S.Paulo – 14/05/2013] – Apud  PÍLULA ADOCICADA – 22 de agosto de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor. 
Cate Blanchett encarna a personagem Carol, mulher casada com Harge, vivido pelo ator Kyle Chandler. Ambos vivem o reflexo de um casamento que chega ao fim, num país em que o divórcio começou a aumentar muito depois da II Guerra Mundial e que, nos idos de 2012, segundo a Bloomberg, atingiu o número de 2,4 milhões.
Ao fazer compra numa loja de brinquedos, Carol conhece a vendedora Therese (Rooney Mara) que está com namoro, não muito empolgado, com Richard (Jake Lacy). Ambas trocam olhares recíprocos. Impedida de passar o Natal com a filha, Carol faz uma viagem com Terese com o objetivo de ter um romance.
Quando estávamos escrevendo a crônica Rosas, tivemos um pedido de uma leitora para ser nossa amiga no facebook. Era uma jovem mulher solteira que tinha um relacionamento com outra mulher. Apenas um contato muito rápido para identificação, pois não a conhecíamos pessoalmente. O tempo passa e não tivemos mais notícia dela, nem sabemos agora o nome dela, desapareceu do mapa. O segundo parágrafo, a seguir, foi inspirado na situação daquela moça, uma pergunta que fizemos no texto e, ao mesmo tempo, demos a resposta.  
Na música ROSAS há o enfoque desse astral com a menção de entrechoque dos santos que não se afinam, ideia puramente desta consciência dissociada planetária, pois na multidimensionalidade, onde os anjos, santos e arcanjos se encontram, não há separatividade. A música se afirma quando diz na voz de Ana Carolina: “toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas, muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas.”
A letra da música abre espaço para a discussão do gosto da mulher. Será que rosas e rosas e rosas não está incluída outra mulher? Por que as rosas vermelhas são sempre rosas? A evidência não está clara? O amor tem limites na esfera feminina ou está em frequências diferentes de onda? A onda é a mesma, porque somos um no sentido dos novos tempos da Era de Aquarius que começa a chegar. [ROSAS – 27 de abril de 2014 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Não se sabe até que ponto uma relação lésbica é mantida, assim como entre homem e mulher, podendo haver uma cumplicidade em viver uma vida em comum, fora do sexo, como aconteceu em outro filme, intitulado The Wicker Man (no Brasil, O Sacrifício, em Portugal, O Escolhido), uma comunidade composta, na maioria, por mulheres, onde apenas alguns homens permanecem ali para manter a continuação da prole. O filme teve a direção de Neil LaBute. 
O sacrifício, no caso, foi para Edward (Nicolas Cage), um policial que vai à Summerisle, uma ilha na costa de Maine, a pedido da irmã Willow (Kate Beahan), antiga namorada dele, a fim de procurar a filha Rowan (Erika-Shaye Gair) prestes a morrer na fogueira para satisfazer os deuses pela má colheita do ano, num ritual de sangue, atualmente infestado nos filmes de violência.
Depois de muita procura, Edward descobre o lugar do sacrificio e, para a surpresa dele, é escolhido pela irmã Summerisle (Ellen Burstyn), líder da comunidade, para ocupar o lugar da filha. Ele a descobre e, na fuga, a menina se adianta correndo e vai em direção do grupo de pessoas da comunidade. Ele é cercado, amarrado e conduzido à fogueira.
Retomando a narrativa principal, o olhar sedutor de Carol é uma dose certa para balançar corações femininos que vivem na indecisão por opção sexual. Se houver sofrimento, citamos o diagnóstico do DSM-III: “perturbação de orientação sexual”. Aliás, essa perturbação já ocorria mesmo no casamento que ela teve com o marido.
Uma coisa é certa: a mulher pode ser amiga e confidente de outra mulher. Não sinalizamos nada, nem criticamos nada, pois a crítica leva ao julgamento e à separação que é totalmente contrário ao nosso propósito de reunir pessoas no objetivo de caminhar juntos. Sigamos com leveza.

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