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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

DUAS BAILARINAS

Iniciando a apresentação, a repórter Daniela Lobo entrevistou a bailarina Ruth Lima: “Ela é representante de uma das mais antigas manifestações humanas, a dança, considerada pela imprensa etérea e translúcida, eleita em 1959, a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.” [Perfil Ruth Lima – Bloco 1 – Youtube – 11 de junho de 2012 – Vídeo enviado por TV-ALERJ – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro].
Na entrevista ao canal de televisão da ALERJ, Ruth Lima disse que começou dançando balé aos 11 anos de idade, tivera sonhos de dança, “dançava enquanto dormia”. E enfatizou: “a disciplina do balé me levou a ter uma vida feliz, uma vida regrada, inteligente, a ponto de eu escrever livros.” Enquanto a entrevista ocorria, vídeos e fotos de Ruth Lima apareceram ao fundo da tela.
Dançando O Lago dos Cisnes, de Tchaikowisky, e Les Sylphides, de Chopin, na apresentação que o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro estava fazendo, em 1966, no Teatro Colon, Buenos Aires, Ruth Lima foi aplaudida em cena aberta. Nessa ocasião, ela recebeu loas com o título de bailarina etérea e translúcida pelo jornal El Clarin. No Brasil, o jornalista Carlos Heitor Cony escreveu no Correio da Manhã: “Ruth Lima é a mais linda Cleópatra que pisou o Theatro Municipal.”     
Escritora, bailarina, coreógrafa, jornalista, professora de dança, Ruth Lima conviveu, no Brasil e no exterior, com mestres e partenaires, entre os quais destacamos aqueles que não estão mais conosco: George Balanchine (1904/1983), Yuco Lindberg (1906/1948), William Dollar (1907/1986), Leónide Massine (1896/1979), Eugenia Feodorova (1925/2007), Nina Verchinina (1910/1995), Aldo Lotufo (1925/2014).
Ao tomar posse, em 28/09/1993, na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (membro honorário), no Auditório do Edifício Sede III do Banco do Brasil – Brasília – DF, em solenidade presidida pelo escritor Fernando Pinheiro, Ruth Lima foi mencionada no discurso de Synval Guazzeli, presidente do Banco do Brasil, interino (12/5/1993 a 15/5/1993), (30/5/1993 a 5/6/1993), (26/9/1993 a 6/10/1993), (1/12/1993 a 4/12/1993):
“Distinguiu também uma representante das Artes, Ruth Lima, bailarina e coreógrafa e, nesta hora, seguramente nós haveremos de ter sempre presente a importância da Arte como expressão de cultura, nós que desejamos construir uma sociedade brasileira melhor, uma sociedade brasileira justa, equânime, democrática e que possa alcançar níveis de avanço e de expressão cultural que representem toda a potencialidade desta Nação e dos sonhos melhores de nossa própria sociedade.”
Estrela do New York City Ballet, a bailarina francesa Violette Verdy (1933/2016), mulher de cabelos loiros, de encantador charme, sorriso alegre, recebeu papeis de grandes coreógrafos da época, Balanchine, Jerome Robbin e Roland Petit, chegando a ser a primeira mulher a dirigir o Ballet de Ópera de Paris. [The Telegraph – 11/02/2016].
Ainda a respeito da reportagem sobre Violette Verdy, no jornal britânico, foi revelado que, uma vez, durante uma aula aos seus alunos, Violette Verdy disse que “a arte da bailarina mais antiga era a prova da importância de não se apressar para chegar à perfeição”, isto referindo-se à sua grande amiga e confidente Margot  Fonteyn que esteve, nos idos de 1960, no auge da parceria com Rudolf Nureyev no Royal Ballet.
Violette Verdy e Ruth Lima tiveram em comum a oportunidade de estudar, em épocas distintas, com o  coreógrafo Balanchine, em Nova Iorque, dançar para presidentes de República, ser capa de revistas famosas, ensinar balé para jovens alunas e escrever livros sobre balé.
Em março de 1959, Violette Verdy é capa da revista Life International, ocasião em que se apresentou no Metropolitan Opera House, em Nova Iorque, posteriormente, em abril de 1962, pousa em passos de balé para Dance Magazine. Em 08/05/1975, pas de deux com o bailarino Edward Ville, dançava o balé Le Corsaire, na Casa Branca, na presença do presidente Gerald Ford que recebia a visita de Lee Kuan Yew, primeiro ministro de Cingapura, convidado de honra.
Ruth Lima se apresentou para Juscelino Kubitschek, presidente da República (1956 a 1961) e esposa Sarah, em palácio do governo, bem como Indira Gandhi, primeira ministra da Índia (1966 a 1977) e (1980 a 1984), Giovanni Gronchi, presidente da Itália (1955 a 1962), foi capa da revista O Cruzeiro, edição novembro de 1960, em fotos de dança de balé em que se lia: graça, beleza e técnica: Ruth Lima. À época, era a mais importante revista do Brasil.
Violette Verdi legou-nos a observação: “as tristezas da vida podem ser entregues como um crêpe suzette e que as decepções,  limitações podem ser transformadas em coisas bonitas.” [The Telegraph – 11/02/2016]. A frase que vem com estímulo aos aficionados do balé que Ruth Lima sempre ressalta: “o balé vem perfumar o crescimento de uma nação. Que seria da rosa sem o perfume?”
Ambas belas, clássicas e românticas, parece que estou ouvindo Chopin e sentindo o perfume das rosas. É assim que gosto de ver a beleza feminina em seu esplendor que encanta e fascina. Sintam-se amada, Violette Verdi, ao contemplar o seu retrato no Telegraph, o jornal britânico que lhe presta o panegírico (elogio acadêmico) e Ruth Lima, na entrevista concedida à TV–ALERJ, no frescor da beleza que desconhece o passar dos dias fora da luz.

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