Uma tarefa importante do homem
consciente de sua grandeza interior é distinguir a sua vontade da
inexorabilidade dos fatos que lhe chegam com força de realização.
No
passado, os poetas cantavam em verso e prosa essas circunstâncias inexoráveis
que davam o nome de destino. Como eram homens cultos, e de uma sensibilidade
além da maioria de seus semelhantes,
tinham uma visão bem ampla acerca da
vida.
A
intuição do mundo sublime era passada em trabalhos de perfeita elaboração
linguística. A essência transparecia no conteúdo da forma. A beleza da vida se
incorporava nos poemas.
E,
ainda hoje, aqueles que sentem a influência do estilo que revela a
interioridade da alma, acreditam que o destino é algo superior a interpretações do imediatismo
em que a sociedade está mergulhada. A poesia não morreu, nem os sentimentos
daqueles que a vitalizam.
Esses
pensadores contribuíram para que a sociedade fosse mais humana, elevando o
coração acima da mente que analisa os fatos para depois julgar, distorcendo a
realidade.
E
por terem essa condição humanística, revelavam os sorrisos dos amores, os
pássaros cantando a alegria, as fontes, as cachoeiras, os rios, os ritmos que a
natureza transborda.
Na
aceitação de todas as dádivas que os cercavam, compreendiam que há um mecanismo
ligando as pessoas aos ambientes em que devem viver.
Olhares
de ternura, suspiros de amor, recordações de dias felizes, promessas, venturas,
enlevo emocionante, noites de luar e o destino eram marcas que sensibilizavam a
todos que liam seus poemas.
Havia
um clima lírico, romântico, as pessoas se sentiam mais felizes, pois o amor,
qualquer que seja a forma em que é revelado, descortina paisagens íntimas de
comovente beleza.
E
por terem semeado tanto amor no coração de jovens apaixonados, em sonhos de
primavera, a ressonância de seus sentimentos refresca a mente desalinhada dos
homens como o vento brando das tardes
ensolaradas.
A
linguagem que usavam acerca do destino tinha abrigo nas filosofias milenares do
Oriente, representadas por religiões que valorizam a natureza. O carma oriental
é o destino do Ocidente.
Se
a vida continua, ela também precede, em circunstâncias que têm o mesmo vínculo.
O passado e o presente são o mesmo caminho que foi estendido pelo tempo, com as
variações do percurso.
Nesta
explicação tão clara, por que o homem não se aceita? Ainda há tanta reclamação
e inconformismo. Quando reconhecer o lugar onde está, não perderá mais tempo em
lamentações indevidas.
A
partir daí, ele imitará os pássaros cantando a alegria, sentirá vontade de
entrar no ritmo da natureza, ressoando harmonia nos gestos e atitudes e
compreenderá porque os poetas cantavam o amor e a vida como a razão única de
nosso viver.
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