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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O CÂNTICO DOS POETAS

Uma tarefa importante do homem consciente de sua grandeza interior é distinguir a sua vontade da inexorabilidade dos fatos que lhe chegam com força de realização.
No passado, os poetas cantavam em verso e prosa essas circunstâncias inexoráveis que davam o nome de destino. Como eram homens cultos, e de uma sensibilidade além  da maioria de seus semelhantes, tinham uma visão bem ampla  acerca da vida.
A intuição do mundo sublime era passada em trabalhos de perfeita elaboração linguística. A essência transparecia no conteúdo da forma. A beleza da vida se incorporava nos  poemas.
E, ainda hoje, aqueles que sentem a influência do estilo que revela a interioridade da alma, acreditam que o destino é  algo superior a interpretações do imediatismo em que a sociedade está mergulhada. A poesia não morreu, nem os sentimentos daqueles que a vitalizam.
Esses pensadores contribuíram para que a sociedade fosse mais humana, elevando o coração acima da mente que analisa os fatos para depois julgar, distorcendo a realidade.
E por terem essa condição humanística, revelavam os sorrisos dos amores, os pássaros cantando a alegria, as fontes, as cachoeiras, os rios, os ritmos que a natureza transborda.
Na aceitação de todas as dádivas que os cercavam, compreendiam que há um mecanismo ligando as pessoas aos ambientes em que devem viver.
Olhares de ternura, suspiros de amor, recordações de dias felizes, promessas, venturas, enlevo emocionante, noites de luar e o destino eram marcas que sensibilizavam a todos que  liam seus poemas.
Havia um clima lírico, romântico, as pessoas se sentiam mais felizes, pois o amor, qualquer que seja a forma em que é revelado, descortina paisagens íntimas de comovente beleza.
E por terem semeado tanto amor no coração de jovens apaixonados, em sonhos de primavera, a ressonância de seus sentimentos refresca a mente desalinhada dos homens como  o vento brando das tardes ensolaradas.
A linguagem que usavam acerca do destino tinha abrigo nas filosofias milenares do Oriente, representadas por religiões que valorizam a natureza. O carma oriental é o destino do Ocidente.
Se a vida continua, ela também precede, em circunstâncias que têm o mesmo vínculo. O passado e o presente são o mesmo caminho que foi estendido pelo tempo, com as variações do percurso.
Nesta explicação tão clara, por que o homem não se aceita? Ainda há tanta reclamação e inconformismo. Quando reconhecer o lugar onde está, não perderá mais tempo em lamentações indevidas.
A partir daí, ele imitará os pássaros cantando a alegria, sentirá vontade de entrar no ritmo da natureza, ressoando harmonia nos gestos e atitudes e compreenderá porque os poetas cantavam o amor e a vida como a razão única de nosso viver.

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