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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A BELEZA DE HELENA

           Na tragédia grega, encenada na Antiguidade, havia um sentido vertical nas aspirações humanas. O homem grego daquela época ia ao teatro para buscar o belo, aquilo que permanece eterno.

        Hoje, o homem moderno assiste aos espetáculos teatrais apenas para se distrair, esquecer o lado trágico do seu proceder que o acompanha aonde ele for.


        Sabemos que essa fuga lhe serve como analgésico que amortece a dor enquanto durar o espetáculo.       
        Depois vem a realidade que o envolve completamente.
O teatro, por ser uma das vertentes do comportamento humano, também sofre influência da época em que atua.

        Como os meios de comunicação veiculam a desgraça, a degradação moral ao noticiário comum dos dias atuais, o público de teatro igualmente espera emoções fortes que o entorpeça naquilo que tem de mais sagrado.

        A apresentação maior, na televisão brasileira, desse entorpecimento tem sido a série Tela Quente que exibiu, em 6 de agosto de 2012, o filme intitulado 2012, o fim do mundo deles, unicamente deles e de quem dá peso e referência ao medo.

        Não é apenas uma rede de televisão, mas o planeta inteiro está dominado pelo mito de Prometeu, a falsificação do planeta tem ocorrido através desse mito.

        A densa consciência planetária dissociada está indo embora, com a chegada da consciência unitária, caracterizada pela separação do joio e do trigo, nesta transição planetária em que vivemos.

        O teatro, a música, as artes sempre foram indicadores de caminho. Em suas nascentes, na pureza de cristal que os revelava, tinham a direção que descortinava horizontes sublimes.

        O romance burguês, o personagem que se reveste de virtude para derrotar o mal, num padrão de ética questionável, parece desfalecer cada vez mais.

        Numa roupagem atualizada para atender as exigências do público delirante, o herói surge com armas de destruição mais sofisticadas e, no clima de terror, sem nenhuma responsabilidade para o futuro.

        A representação dos talentos não pode ser responsabilizada pelo declínio das aspirações humanas que buscam informações que lhe façam esquecer a realidade viva dos dias de hoje.

       Os tóxicos, os vícios de toda embriaguez, a ideia fixa de posse sobre pessoas e coisas são caminhos paralelos que conduzem ao mesmo lugar.

        A vida nos chama, queiramos ou não, a participar da grande encenação teatral nos palcos de nossas atividades, onde somos protagonistas revelando papeis importantes para que o cenário de comovente beleza seja a aspiração de todos.

        Muitos permanecem imantados ao ruído mais forte de vozes em delírio como se a convicção da realidade tivesse que ser despertada apenas pelos meios externos.

        O silêncio que propicia a identificação dos valores eternos tem maior valor do que as palavras tumultuadas que seguem várias direções, se perdendo como as fumaças em aspiral.

        A repercussão do pensamento grego se faz presente nos dias atuais, ressoando os apelos das vozes do Olimpo e do oráculo de Delfos que, por terem um sentido universal, permanecem atualizados.

        É claro que esses deuses que se comunicavam com os filósofos e pitonisas daquela época estavam ainda ligados à atmosfera espiritual da Terra que se move entre o conhecido e o desconhecido.

        A mitologia grega, com seus heróis e mitos, sempre foi a verdade revelada em véus de mistério, encobrindo a beleza da vida como foi a beleza de Helena, a mulher de Tróia.

        Mas, hoje em dia, a verdade que repercute como brilho de estrelas vem das parábolas, dos gestos de amor a humanidade daquele que dividiu a História, antes e depois dele.

        Esse herói insuperável que valorizou as crianças, os enfermos, os ricos e pobres, encontrou em Madalena a mesma beleza de Helena cercada pela atenção dos homens.

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