Na tragédia grega,
encenada na Antiguidade, havia um sentido vertical nas aspirações humanas. O
homem grego daquela época ia ao teatro para buscar o belo, aquilo que permanece
eterno.
Hoje, o homem moderno assiste aos espetáculos teatrais apenas para se distrair, esquecer o lado trágico do seu proceder que o acompanha aonde ele for.
Sabemos que essa fuga lhe serve como analgésico que amortece a dor enquanto durar o espetáculo.
Depois vem a realidade que o envolve completamente.
O teatro, por ser uma das vertentes do comportamento humano, também sofre influência da época em que atua.
Como os meios de comunicação veiculam a desgraça, a degradação moral ao noticiário comum dos dias atuais, o público de teatro igualmente espera emoções fortes que o entorpeça naquilo que tem de mais sagrado.
A apresentação maior, na televisão brasileira, desse entorpecimento tem sido a série Tela Quente que exibiu, em 6 de agosto de 2012, o filme intitulado 2012, o fim do mundo deles, unicamente deles e de quem dá peso e referência ao medo.
Não é apenas uma rede de televisão, mas o planeta inteiro está dominado pelo mito de Prometeu, a falsificação do planeta tem ocorrido através desse mito.
A densa consciência planetária dissociada está indo embora, com a chegada da consciência unitária, caracterizada pela separação do joio e do trigo, nesta transição planetária em que vivemos.
O teatro, a música, as artes sempre foram indicadores de caminho. Em suas nascentes, na pureza de cristal que os revelava, tinham a direção que descortinava horizontes sublimes.
O romance burguês, o personagem que se reveste de virtude para derrotar o mal, num padrão de ética questionável, parece desfalecer cada vez mais.
Numa roupagem atualizada para atender as exigências do público delirante, o herói surge com armas de destruição mais sofisticadas e, no clima de terror, sem nenhuma responsabilidade para o futuro.
A representação dos talentos não pode ser responsabilizada pelo declínio das aspirações humanas que buscam informações que lhe façam esquecer a realidade viva dos dias de hoje.
Os tóxicos, os vícios de toda embriaguez, a ideia fixa de posse sobre pessoas e coisas são caminhos paralelos que conduzem ao mesmo lugar.
A vida nos chama, queiramos ou não, a participar da grande encenação teatral nos palcos de nossas atividades, onde somos protagonistas revelando papeis importantes para que o cenário de comovente beleza seja a aspiração de todos.
Muitos permanecem imantados ao ruído mais forte de vozes em delírio como se a convicção da realidade tivesse que ser despertada apenas pelos meios externos.
O silêncio que propicia a identificação dos valores eternos tem maior valor do que as palavras tumultuadas que seguem várias direções, se perdendo como as fumaças em aspiral.
A repercussão do pensamento grego se faz presente nos dias atuais, ressoando os apelos das vozes do Olimpo e do oráculo de Delfos que, por terem um sentido universal, permanecem atualizados.
É claro que esses deuses que se comunicavam com os filósofos e pitonisas daquela época estavam ainda ligados à atmosfera espiritual da Terra que se move entre o conhecido e o desconhecido.
A mitologia grega, com seus heróis e mitos, sempre foi a verdade revelada em véus de mistério, encobrindo a beleza da vida como foi a beleza de Helena, a mulher de Tróia.
Mas, hoje em dia, a verdade que repercute como brilho de estrelas vem das parábolas, dos gestos de amor a humanidade daquele que dividiu a História, antes e depois dele.
Esse herói insuperável que valorizou as crianças, os enfermos, os ricos e pobres, encontrou em Madalena a mesma beleza de Helena cercada pela atenção dos homens.
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