Cláudio Santoro (1919/1989), professor,
compositor, violinista, maestro,
fundou e regeu
a Orquestra Sinfônica
do Teatro Nacional
de Brasília, morreu no
palco do teatro, hoje denominado
Teatro Nacional Cláudio Santoro, no
momento em que
estava ensaiando o
Segundo Concerto para piano e
orquestra, de
Brahms.
Comentar a
letra que a
música embala lentamente
é colocar a poesia em dois cenários completamente opostos: um céu de beleza indescritível e um
inferno que buscamos, o mais
possível, silenciar. As paisagens íntimas que o poeta
sentiu na mulher
amada, vê-se no
final mergulhada em
profundo abismo.
Quando
o despertar de um romance começa, há sonhos
que imaginamos serem sonhos, talvez pela vontade de sentirmos
que a pessoa
amada, depois não
amada, estar no mesmo sentimento
que vivemos. É claro que a beleza
física da mulher
inspira-nos ao enlevo
dos amores eternos.
O
letrista criou um clima de colorido poético, onde destaca a leveza e a mansuetude no olhar da
mulher amada, comparando-a ser ela
feita de luar. No envolvimento amoroso,
a paixão desenfreada invade o terreno das sensações em que o corpo se entrega aos
prazeres sensuais. O silêncio da
mulher amada encobre, momentaneamente, a
realidade em que
ela vive e a luz
que ele viu
no sorriso dela
se espalha pelas
estrelas.
Em resumo,
em seu idílio
amoroso, ele a
cantou em versos
que a compara
também com a
fonte, a música,
a praia, o
mar, tudo, enfim,
que inspira luz
e calor. Esse amor
não foi correspondido
nessa mesma intensidade. Almas incompatíveis
se debatem intimamente,
de abraços em abraços, mesmo que
as aparências sejam envolvidas no clima
de amor.
Há
um tempo–limite na espera dos sonhos acalentados, não bastam apenas colo e
perfume, abraços e ternura,
respiração mergulhada no
orgasmo e deleite;
os jogos da lua-e-dos-ventos são bastante concorridos
e requerem uma preparação não apenas
física, mas principalmente
emocional.
O
tempo se encarrega de nos entregar aquilo que
pertence ao nosso
destino, assim vão-se
embora os amores
que pensamos ser verdadeiros, e vêm-nos, para nossa felicidade,
os amores que
muito têm a
ver com a
nossa alma, sem
esquecer que os
atrativos, que nos
encantam, têm igualmente
um papel muito
importante em nossa
vida, não exclusivamente primordial.
O
passado amoroso que não traz nenhuma recordação agradável deve ser esquecido,
sem, no entanto, menosprezar quem para
nós foi praia
e mar, fonte
e música, deixando
que outros ventos, que não precisamos saber de onde vêm, levem
aquele amor que
não vive mais
em nosso coração.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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