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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

VOO SOLITÁRIO


O romance da primeira hora parece ter acabado. Sonhos coloridos esvaeceram como bolhas de sabão, apenas um rastro invisível ficou no ar.
Assim são as ligações afetivas desfeitas. A realidade desdobra uma camada espessa como as neblinas nas montanhas. Situações novas ganham um colorido de outras cores.
O que parece estranho, no princípio, vai aos poucos se amoldando às conjunturas do dia-a-dia. Mudar de situações amorosas requer um enfoque novo, onde a parte desconhecida vai à frente em todos os planos.
Nas ligações que surgem dos contatos diários vão sendo elaboradas novas circunstâncias que servem de experiências necessárias a cada um. Outros interesses, que são atraídos, são satisfeitos no limite de suas carências.
A presença da mãe-solteira está aumentando muito nesses últimos tempos, em decorrência da necessidade que sentem os pares em outros anseios.
A inconformação e a indiferença esfriam o relacionamento esfriam o relacionamento a dois que passa a viver em monotonia e tédio. Como todos têm o direito de se recompor em suas vidas, buscam sempre o que está faltando.
Como o discernimento de suas necessidades é um ponto questionável a todo instante, os enredos se ligam em amores que lhes despertam a atenção, entrelaçando-se como se fossem linhas que se cruzam sem a percepção das pontas que deveriam se juntar, recompondo um novelo completo.
Há tantas lacunas no campo sentimental que sempre estamos reencontrando pessoas que precisam ser estimuladas por um sorriso ou um olhar carregado de amor. Nesses encontros, o olhar das mães solteiras chega-nos com uma ternura acalentada em suas horas solitárias. É, em outras palavras, a força do instinto materno sobressaindo acima de todas as dificuldades.
A mulher tem o dom de garantir a continuação da vida, porque sabe aquecer, em seu coração, o filho que se prepara a viver sem a presença física do pai.
Como o questionamento do viver hoje passou a ser abordado em hábitos anteriormente considerados tradicionais, vê-se que o vento novo renova ambientes saturados. Nessa imagem dos fatos, a postura da mulher sobressai em posições sociais onde não teme a incompreensão alheia acerca de sua vida sem o companheiro que lhe encantou os sonhos e deixou em seus braços o sangue do seu sangue.
Há sempre nela uma confiança no futuro. No caminho de pedras, colhe flores para alegrar seu filho amado, como se estivesse cercada por um jardim florido. A esperança cria sonhos doces e toda criação mental é força que se materializa.
No paraíso das aves, quando os filhotes estão recém-nascidos, o macho voa em busca de alimentos e deixa a fêmea cuidando do ninho, numa demonstração clara que na natureza os rumos de cada criatura são em direção do destino que lhe apraz, sempre buscando a amenidade dos ventos brandos.
Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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