A música Em algum lugar começa dentro do movimento andante, a letra é revestida da esperança de
haver algum lugar onde
o amor possa
ser vivido em
paz.
A canção Ouve o Silêncio do ciclo
Canções de Amor, como é óbvio, estende uma atmosfera
sussurrante quase silenciosa, a expressar um segredo de um amor, em aparente
solidão, a cantar
a beleza de
viver.
A terceira
música do ciclo tem por título Acalanto da
Rosa que expressa o dormir da estrela no céu, o dormir da rosa no jardim e o dormir do amor de quem o
faz dormir. O texto cita a frase:
“é preciso pisar leve”, fazendo–nos
lembrar a canção O bilhete, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, na voz do cantor Altemar Dutra:
“quando chegares, viu, pisa
bem devagar que
a minha dor
dormiu.”
Os
versos do poeta
Vinícius de Moraes começam,
na primeira canção, falando-nos
da possibilidade da existência de
algum lugar onde o amor possa viver em paz. Realmente , é
muito difícil se
encontrar, neste planeta, um
recanto que esteja
em eterna primavera.
Mas
sempre existe àqueles que trazem o amor no
coração, um lugar de paz onde se
pode viver o amor e ser feliz, bem
feliz. A felicidade, que semearmos, será a mesma que iremos receber de volta, embora tenha
percalços para chegar ao ponto em que desejaríamos. Uma simples visão do caminho que buscamos já é o suficiente para
estarmos bem com a
vida.
Na segunda
música, há um
convite para ouvirmos
o silêncio que fala do amor
triste que não pode acontecer entre um casal. Os motivos dos amores impossíveis
são muitos e alguns
deles permanecem em
segredos insondáveis.
A canção,
logo de início,
diz para não
falar e, um
instante depois, pede para falar bem de leve, dizer bem baixinho
de um segredo
e um verso
cheio de esperança
no amor que
eles sentem. Antes
que a amada
possa manifestar algum
desencanto, ele se antecipada, impedindo-a:
“não”.
Em
seguida, ele a incentiva a cantar a beleza de viver, fazendo uma saudação ao Sol e a alegria de
amar, mesmo na aparente solidão. Se há um vínculo de
amor, sustentado por pensamentos
intensos e profundos, a separação é
apenas física e não emocional.
Não há motivos para tristeza. O amor
é o cântico
que persiste.
Pensar
no Sol, em forma de saudação, é muito salutar,
pois a energia,
que dele se
derrama, pode envolver-nos,
a qualquer hora, de dia ou de noite, em fortes emanações etéricas. O pensamento em direção as
conquistas maiores dá um sentido maior
em nossa vida e
ajuda-nos a ficar
mais confiantes no caminhar. Lindas imagens ideoplásticas, que o cérebro
cria, facilitam a contemplação da beleza ao
nosso alcance.
De
efeito semelhante, podemos, sem buscar nenhum
meio exótico, atrair pelo pensamento as energias que emanam de paisagens conhecidas: o deserto do Saara,
as savanas africanas, as nascentes do rio Nilo, os Alpes franceses ou suíços,
os fiordes escandinavos, as florestas eslavas, as paisagens polares, o pantanal
mato-grossense, as cachoeiras do Iguaçu,
os igarapés da
Amazônia, as areias
dos lençóis maranhenses, em Araioses e Barreirinhas, e
também na própria ilha de
São Luís nas
dunas da praia de
Araçagi.
No
Acalanto da Rosa o pensamento de Vinícius de Moraes segue em direção da
estrela, da rosa, da lua e do amor
para revelar que há sono. Há, também, como vimos, um sutil alerta: “é preciso pisar leve, aí
é preciso não falar”.
Quando a amada
adormece o perfume
dela é suave
e ele a compara a rosa pura dentro de um sono que,
devido à longa espera,
supomos, não tem
fim. Pois, do
contrário, iríamos reconhecer a
morte ou a própria vida ressurgida
em outra dimensão
maior.
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