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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

FOLHAS SOLTAS


A música Folhas Soltas, de José Siqueira, compositor e regente (1907/1985), é uma suave melodia. A letra é de autoria da poetisa Lúcia Aizim que estende uma atmosfera de sonhos mais ligada a esferas onde a luz resplandece intensamente do que nossos desejos pessoais que buscam se alinhar com esses sonhos.
“Leves auroras se instalam nas moradas sem porta”, inspiram-nos a ideia de luz surgindo no caminho de quem não colocou obstáculos à frente. É a entrega, o doar-se à luz que se interioriza em seu ser mais profundo. O símbolo da aurora é o símbolo da iluminação interior, roteiro indispensável a todos que estão conhecendo um mundo de paz profunda.
“Os caminhos se tornam prodigiosos, próximos”, revela uma situação confortadora para nós que estamos na lida na realização dos ideais sublimes. Não é apenas um mundo melhor que aspiramos, mas uma participação ativa e atuante que este mesmo mundo pode oferecer-nos e a todos aqueles que convivemos, de maneira mais próxima ou afastada fisicamente.
Os prodígios surgem à medida que tomamos conhecimento dessa realidade que vem de fontes límpidas, onde colocamos o nosso pensamento, a nossa alma, a nossa vida. A atração é irresistível e a ligação se faz presente através do mecanismo causa-efeito, ou mais precisamente, ação e ressonância para cobrir de nova roupagem esse antigo mecanismo.
Pensamos em beleza e a beleza surge. É um privilégio destinado a todos que se ligam à própria beleza que está em todas as partes da natureza, principalmente a do reino espiritual. Quantos recursos imateriais surgem diante da alegria, da satisfação de viver um sonho que é realidade! Pessoas que pensam e vibram neste mesmo diapasão vêm-nos ao encontro para somarmos valores imarcescíveis.
Todo esse enlevo espiritual se reflete na parte material que torna acessíveis os sonhos de consumo pessoal e coletivo. O dinheiro, fonte de riqueza, surge, ampliando cada vez mais as nossas possibilidades de realização de nossos ideais. A ideia da beleza material ou transcendente, por nós escrita ou falada, é passada através de comunicação que se interliga a inúmeras pessoas, crescendo o nosso círculo de amizades.
“Nada se curvou aos nossos desejos, mas é preciso inaugurar estrelas” são palavras que denotam a dualidade das pessoas: humana e divina. Na parte humana, nada se curvou aos desejos pessoais, porque a vida é fluxo de energias que corre em direção de seus objetivos e nada impede esse fluxo. É a voz do destino que fala mais alto.
No segmento divino há uma agenda superior a todos os compromissos humanos, acima mesmo das mais elevadas autoridades nacionais e internacionais: inaugurar estrelas. Esse estágio evolutivo é mais pertinente aos seres iluminados, anjos, seres humanos que evoluíram dentro das escalas ascensionais da criação divina. Um dia, no decorrer dos milênios, este privilégio será estendido a todos que estão, a duras provas, seguindo o caminho da luz.
Já existem mesmo aqui no planeta multidões de pessoas que já fazem viagens astrais a planetas onde um dia, em corpos sutis, irão desempenhar missões que contribuirão para a evolução nesses mundos de beleza imperecível.
Diante da instabilidade que passa a vida planetária, tudo muda, num processo que evolui, é natural sentir-se frágil, mas a fragilidade desaparece quando há a ligação com os planos superiores de consciência, onde a luz é perene.
Nessa firmeza, a música finaliza: “colho canções onde não há”. As canções colhidas é o fruto de tudo quanto semeamos no coração de todos aqueles que o destino colocou em nosso caminho e que voltam cantando canções que são mais delas do que nossas.
 
Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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