Advogado
do Banco do Brasil (1925/1930), Adelmar Tavares
foi eleito, em
1924, para a
Academia Brasileira de Letras, presidindo-a em 1948. No período 1948/1950, ocupa o
cargo de presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Nos
idos de 1960, o poeta pernambucano, durante o 1°
Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros, é aclamado “o rei da trova brasileira”, até hoje
insuperável, com apoio do poeta e
trovador Walter Waeny (1924/2006) (Cadeira n° 40,
patronímica de Rodrigues Crespo, da Academia de Letras dos Funcionários
do Banco do
Brasil).
O
poeta da canção descreve um momento passado na
praia: o vento
e a mulher
sentada na areia
iniciam um envolvimento amoroso. O olhar dela se espalha
pela distância afora e vê, ao longe,
velas que brincam perdidas na esteira
do mar, alto mar. Sem imaginarmos o que se passa num minúsculo ponto no horizonte de águas,
pensamos que tudo lá distante
são brincadeiras flutuantes
como as marés
que vem e vão.
A
conquista amorosa diante da mulher é a mesma que temos
com as aves e
os animais. Um
olhar, um gesto
mal direcionado pode afugentá-los
para bem longe de nós. Tudo depende da forma como exteriorizamos nossos
sentimentos, pois a aproximação tem que
ser natural e espontânea, como os
gestos do amor à primeira vista. Os domadores de animais sabem
o que eles
querem, e entram
nessa onda do
querer em comum,
atingindo até um clima de afinidade
de gostos.
A
mulher, naquela época, educada para o decoro social, tinha restrições sobre a liberdade e, até
mesmo liberta dos preconceitos ainda se
sentia, dentro de si, presa a condicionamento
de atitudes imposto pela sociedade. Até
hoje no mundo
islâmico, a mulher
tem severas restrições
no comportamento social.
Livre
no andar e no pensar, igualando-se em condições
idênticas ao homem na vida moderna, a mulher da canção foi
à praia para
tomar banho de
sol e de
mar. O vento a envolveu no enlevo dos amantes,
sacudindo seus cabelos, acariciando seus ombros, até mesmo amenizando pensamentos.
Ela entrou
em conflito íntimo,
sentia a suavidade
do vento, ao
mesmo tempo a
invasão de algo
impetuoso em seu
corpo, como se
fosse um príncipe
ousado, atrevido e
conquistador, no dizer
do poeta pernambucano.
Ela
ficou amuada, desligou-se da contemplação das
velas distantes no mar afora e prendeu os cabelos, prendeu os vestidos, a nudez fugiu-lhe da
imaginação, ao mesmo tempo sentiu-se seduzida, envolvida pelo
vento que a tornava mais mulher.
Por
analogia, a mulher conquistada é a pantera que se deixa ser domada e levada aos
carinhos que a confortam ou, numa
linguagem mais singela, é a garça que
vem beber água nas mãos
de quem ela
viu inocência.
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