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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O BEIJO

      Os beija-flores beijam as flores, removendo pólens que se espalham no ar. A fecundação do reino vegetal nasce nesses berços que produzem sementes.


        A dança dos beija-flores tem o ritmo vibrante do balé clássico. As vibrações de asas são acordes que dão impulsos aos movimentos da composição musical.


        O cantar dos pássaros envolve a todos num doce enlevo que se engrandece na admiração dos tenores e dos sopranos (mulheres) que vivem nos cenários da cena lírica.


        O canto, a dança e o beijo estão em todos os reinos da natureza, estimulando o processo criativo das espécies. Os beija-flores namoram as flores. Há um perfume no ar.


        Assim acontece no reino humano. As mulheres dão um banho de sedução nos olhos de quem aprecia o beijo nascendo como nascem as flores.


        Muitas vidas num só vida conhecemos mulheres que beijam revelando as vibrações incrustadas no passado espiritual. E assim vêm as ciganas, as odaliscas, princesas e plebeias, mulheres brejeiras, mulheres asiáticas, mulheres das arábias e mulheres dos trópicos e ainda tem mais mulheres para se ver. 


        O clima do beijo é um cântico de exaltação à vida como o sacerdote levanta a taça numa celebração do momento de pura magia em que o sublime peregrino transformou a água em vinho numa festa que lembra a dança, o canto e o beijo dos amores.


        Nesse enlevo que parece embriagar, o coração bate mais forte, o sangue corre vibrando pelas veias agitando músculos é porque é a alma que está vibrando. Nos instantes em que o beijo nasce é preciso ter muito cuidado com a direção dos impulsos que mais parecem carros em movimento que necessitam de mãos habilidosas.


        Tudo se agita nos impulsos da atração. Beija-flores ao redor das flores, pássaros beliscando frutos que caem para alimentar seres que se reproduzem nos solos, e há ainda os pássaros cantores que reúnem a dança e o beijo num mesmo instante.


        O beijo é o prelúdio da música, daquele momento em que o pássaro acabou de cantar e ficou dentro de nós a suavidade que tentamos recriá-la na nossa imaginação ou é ainda o olhar que nos envolve nos carinhos de quem nos ama. 


        O Beijo é de Smetana levado para a cena lírica, esta grande ópera. A música mais conhecida dele é O Moldava que tivemos a oportunidade de comentar. Ele faz parte da tríade de compositores que escreveram músicas, em plena surdez: Beethoven, Smetana e Fauré.


        A música está ligada aos beijos, aos pássaros que cantam dando lições aos tenores e às danças que criam fantasias debaixo dos véus.


        O homem não pode classificar todos os beijos dentro da sensualidade que possui uma finalidade muito importante na aproximação dos seres que se procriam, como também não pode resumir todos os cantos dos pássaros e a composição musical dos clássicos como som de apito de índio.


        O beijo está ligado aos impulsos do coração que possui níveis diferenciados de sublimação, variando de pessoa-a-pessoa dentro ciclo evolutivo em que se encontra.


        O amor é um oceano onde todos os sentimentos são rios e afluentes, embora haja lagoas e pântanos que se isolam da correnteza.


        O encontro dos rios nos mares e os filetes de água que saem das lagoas e dos pântanos em direção dos rios são beijos de forças comuns que têm o mesmo destino. Nas cachoeiras o beijo vem borbulhante e nos amores a revelação de seus estados d´alma.

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br

Um comentário:

  1. Simplesmente lindo este conjunto de pensamentos.
    Deus continue derramando suas bençãos sobre ti inspiradoramente...
    Abraço.

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