A
compositora distinguida, em 1936, com o 2° lugar no concurso para quarteto de
cordas promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, e, com a
apresentação do poema sinfônico Suplício
de Felipe dos Santos, alcançou o 1° lugar no concurso realizado, nos idos de
1944, pela Orquestra Sinfônica Brasileira.
Helza
Camêu, compositora de obras românticas,
escreveu músicas de câmara, instrumental e vocal, entre as quais,
destacamos: Amar, p/canto e piano, 1942; Ao mar, opus
8, p/canto e piano, 1941; Eterna
incógnita, p/canto e piano, 1928, Silêncio p/
canto e piano, 1934, sendo que o original da
partitura da música Interior, dedicada ao poeta Onestaldo Pennafort, faz parte
do acervo da Academia de Letras dos
Funcionários do Banco
do Brasil.
O início
da letra da
música Interior é
uma entrega de presente:
“Eu te trago,
ainda frescas e orvalhadas da noite e do silêncio das estradas ermas, por onde
vim com o pensamento cheio de ti e de arrependimento, estas flores
silvestres...”
Melhor
do que mandar flores é entregá-las à mulher
amada, principalmente quando estão frescas e orvalhadas pela noite e pelo silêncio das estradas
ermas por onde o poeta passou.
Há
todo um ritual, uma cerimônia, o colher as flores silvestres, envolvendo-as com pensamentos de
amor, que serão tocadas pelas mãos da
mulher amada, guardadas febril e
ansiosamente, por ele, nos sonhos de espera e de arrependimento, revestidos
de ternura.
Hoje,
em dia, temos o uso do cartão no envio de flores à pessoa amada. Mas, no passado ainda
não distante, o remetente confiava mais no clima de amor manifestado: eram pensamentos que falavam, sem
palavras, como bocas entreabertas à
espera do beijo, no perfume forte das flores
que a sua
amada iria aspirar.
As
flores iriam lembrar a noite harmoniosa que cobriu, com
o manto das estrelas, o esquecimento e fez surgir o
silêncio e as
horas interiores que
falam de ternura.
A esperança
cresce quando o
poeta pensa que
ela, ao aspirar
as flores, irá
ouvir um farfalhar
de folhas, um
zumbido de asas, uma sensação gostosa de água fresca e um olhar suave que perdoa. Era, sem
dúvida, um momento de reconciliação, tão
difícil nos momentos
atuais.
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