Há, em cada coração, uma lenda pessoal que se revela em nítidas
impressões. É impossível fazer a comparação, com vistas a destacar qual a mais
importante delas. A revelação de cada uma define circunstâncias próprias, variando
sempre entre si.
No cenário do Cosmos,
as sementes e os ninhos estendem famílias vegetais e animais, em ritmo de
reprodução. No reino humano, toda criação está ligada ao destino que cria a
cada pulsar do seu coração.
Em todos os
instantes, deixa-se ser levada pelo ritmo da vida que escolheu, tentando
desfazer aquilo que não gosta de lembrar, sempre procurando preencher suas
lacunas das fontes límpidas que está descobrindo.
Nessa busca de se
completar, almeja ser feliz e conta para si mesmo todos os planos de
cor-de-trigo, sonhos de primavera que formam a sua lenda particular.
Assim como as aves
que cantam a poesia do entardecer, a criatura humana volta ao seu ninho para
aquecer seus familiares com o calor da convivência noturna.
Há uma troca de impressões
do dia que passou, do dia a ser vivido e as situações que marcam esperança de
dias melhores.Mas é no silêncio íntimo que sente a realidade da vida lhe tocar,
de maneira agradável ou não, conforme a sua predisposição emocional.
Há muitas ações em
jogo; emoções em desalinho buscando seus rumos; pessoas que conhece no trabalho
e na rua, trazendo-lhe mensagens de enigma. Entre vacilações e acertos,
ansiedade e desprendimento caminha tentando decifrar o que lhe convém.
Um olhar, uma voz em
monossílabo e um sorriso são acrescidos a tantos outros que lhe chegam para
marcar presença de algo que lhe diz respeito. Nessa busca do caminho íntimo,
vagueia em lugares onde o brilho das preciosidades materiais lhe desperta a
atenção, com as borboletas ofuscadas pelo fogo. E como na lenda de Fênix -
ressurgindo das cinzas - vê a sua lenda particular nascer das desilusões e
desencantos. Não sente saudades das circunstâncias que passaram deixando-lhe um
vazio.
A sua vontade é
contar a todos como a vida lhe brindou com os encantos que sonhou, com os
amores que se doam, com a paz que sente tudo se interligando.
Compreende, então, o
destino de seus passos. A presença de pessoas que lhe suplicavam, em silêncio,
resignação e paciência quando as horas ainda estavam em outro alvorecer. No
lar, valoriza o soluço de quem tem dificuldades em amar da forma tão sublimada
quanto sublimado está seu coração.
Nas searas de
trabalho coletivo, a satisfação por ter contribuído pelo clima de harmonia, nas
horas em que o fogo arrasador ameaçava a plantação. E dentro de si, a leveza, o
bem-estar suave como as nuvens brancas que passam ao longe deixando impressões
de sonho.
Blog
Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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