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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LENDA PESSOAL


Há, em cada coração, uma lenda pessoal que se revela em nítidas impressões. É impossível fazer a comparação, com vistas a destacar qual a mais importante delas. A revelação de cada uma define circunstâncias próprias, variando sempre entre si.
No cenário do Cosmos, as sementes e os ninhos estendem famílias vegetais e animais, em ritmo de reprodução. No reino humano, toda criação está ligada ao destino que cria a cada pulsar do seu coração.
Em todos os instantes, deixa-se ser levada pelo ritmo da vida que escolheu, tentando desfazer aquilo que não gosta de lembrar, sempre procurando preencher suas lacunas das fontes límpidas que está descobrindo.
Nessa busca de se completar, almeja ser feliz e conta para si mesmo todos os planos de cor-de-trigo, sonhos de primavera que formam a sua lenda particular.
Assim como as aves que cantam a poesia do entardecer, a criatura humana volta ao seu ninho para aquecer seus familiares com o calor da convivência noturna.
Há uma troca de impressões do dia que passou, do dia a ser vivido e as situações que marcam esperança de dias melhores.Mas é no silêncio íntimo que sente a realidade da vida lhe tocar, de maneira agradável ou não, conforme a sua predisposição emocional.
Há muitas ações em jogo; emoções em desalinho buscando seus rumos; pessoas que conhece no trabalho e na rua, trazendo-lhe mensagens de enigma. Entre vacilações e acertos, ansiedade e desprendimento caminha tentando decifrar o que lhe convém.
Um olhar, uma voz em monossílabo e um sorriso são acrescidos a tantos outros que lhe chegam para marcar presença de algo que lhe diz respeito. Nessa busca do caminho íntimo, vagueia em lugares onde o brilho das preciosidades materiais lhe desperta a atenção, com as borboletas ofuscadas pelo fogo. E como na lenda de Fênix - ressurgindo das cinzas - vê a sua lenda particular nascer das desilusões e desencantos. Não sente saudades das circunstâncias que passaram deixando-lhe um vazio.
A sua vontade é contar a todos como a vida lhe brindou com os encantos que sonhou, com os amores que se doam, com a paz que sente tudo se interligando.
Compreende, então, o destino de seus passos. A presença de pessoas que lhe suplicavam, em silêncio, resignação e paciência quando as horas ainda estavam em outro alvorecer. No lar, valoriza o soluço de quem tem dificuldades em amar da forma tão sublimada quanto sublimado está seu coração.
Nas searas de trabalho coletivo, a satisfação por ter contribuído pelo clima de harmonia, nas horas em que o fogo arrasador ameaçava a plantação. E dentro de si, a leveza, o bem-estar suave como as nuvens brancas que passam ao longe deixando impressões de sonho.
 
Blog  Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br

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