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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

BELEZA DOS LÍRIOS

        A sabedoria se espalha em gestos desconhecidos. Há envolvimento de causas remotas, embora encobertas pelo tempo, a anunciar ligações de interesses que se completam.

        As atividades humanas têm caráter social, mesmo que estejam envolvidas em circunstâncias embaraçosas que voltam sem as impurezas maiores.


        As deficiências humanas têm marcas deixadas na trajetória do passado. Aquilo que está incompleto volta para se completar, em circunstâncias que exigem sacrifícios.


        É por isso que vemos o olhar em busca da ternura, o desejo de adquirir bens para sustentar quem foi desconsiderado pela pressa de fugir, a solidão valorizando as horas que teriam os namorados.

        Nos vales da sombra, pessoas tateiam com as mãos aquilo que os olhos não podem ver. Há uma beleza dos lírios criando formas ideoplásticas que explicam a vida.

        Código sublime de interpretação, envolvimento com as nascentes do pensamento criativo, ligação com a essência que transcende os milênios, horizonte que abre novos amanheceres - a cegueira dos olhos pode propiciar.


        Alimentado pelos preconceitos que o isolam do convívio da fraternidade, o homem nessas circunstâncias ainda não pode ver o quanto se reveste de grandiosidade tudo aquilo que os chamados cegos veem.


        Num mundo cercado de tantas deficiências, onde o homicídio ainda existe, é natural que não nos sintamos dispostos a ver aquilo que o tempo levará para outros vales da sombra.


        Não nos interessa mais ver os desencantos que as televisões, rádios e jornais nos apresentam nem ouvir os comentários desses desencantos que promovem o medo, alimento do mundo dissociado, como meio de nos controlar. Libertemo-nos dessa escravidão mental.


        Estamos imantados no giro da luz que vem das estrelas, das ideias que elucidam os enigmas do caminhar, da ternura que passam as mulheres nos sorrisos.


        Há beija-flores voando alto, em árvores que crescem tanto, como a buscar novas flores para o beijo, as carícias que espalham o pólen reproduzindo a vida. Há também o vento que o acompanha envolvendo em doces afagos.


        A vida cresce em todos os gestos, se amplia em horizontes insondáveis e reúne a lacuna ao seu preenchimento adequado, recompondo a harmonia.

        Os ventos anunciam a mudança dos climas, as rosas o perfume, os pássaros o cântico de brejeirice.


        Para desmanchar as horas tensas deveríamos ser um pouco passarinho, um menino-passarinho como nos fala a canção de Luís Vieira, com vontade de voar, que ele a apresentou, pela primeira vez, nos idos de 1962, ao ensejo das comemorações do sesquicentenário da cidade de São Luís do Maranhão.


        As energias que envolvem o homem, tanto do seu mundo íntimo como das esferas que estão em outras dimensões, clareiam o seu caminho mostrando suas lacunas em recomposição.


        Miríades de cores e nuances viajam em caravanas infindáveis acompanhando os mundos que as recebem e distribuem nos lugares vazios. Para demonstrar uma dessas viagens, a sonda espacial Pioneer II comprovou que o planeta Júpiter emite quase o triplo de quantidade de energia que recebe do Sol.


        O pensamento que sai das inteligências em processo de evolução, está em toda parte, ora em corpos densos, ora em corpos sutis, plasmando a beleza da luz.


        A energia que sai das flores, dos pássaros, dos rios e de todo reino vegetal e animal está imantada nas luzes que giram as galáxias infinitas.

        O pensamento do poeta nas estrelas absorve claridade que dissipa vibrações oscilantes do mundo em renovação em que vive. Nasce novas disposições e tarefas de sacrifício e a certeza de que a harmonia do Cosmos o envolverá sempre.

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br

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