Páginas

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MUSA QUE PASSA

           Do ciclo 6 Líricas, para canto e piano, escrito nos  idos de 1932 pelo compositor Francisco Mignone, a música Musa que passa tem o início no movimento vivo sustentado    pela  semínima  =  126  e  o  final  morrendo,  ritenuto.

        Fazendo uma breve retrospectiva da vida artística do  compositor e regente Francisco Mignone, ressaltamos que a   sua primeira ópera, O Contratador  de Diamantes, foi inspirada   na  obra  de  Afonso  Arinos  de  Melo Franco.

        Destacamos que Congada, peça orquestral da ópera O   Contratador de Diamantes, foi, num momento histórico dos  idos de 1923, regido pelo maestro e compositor Richard  Strauss à frente da Orquestra Filarmônica de Viena, no   Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a morte do  compositor  alemão,  o  célebre  autor  da  ópera  O Cavaleiro    da Rosa, encerrou-se, nos idos de 1949, o ciclo dos grandes  compositores  clássicos  da  música.

        A respeito  da  importância  de  Strauss  na  música,  o  maestro espanhol Rafael Frübeck de Burgos, segundo Jornal     O Globo – Sinfônica de Viena celebra sua tradição, por Adriana  Pavlova – edição: 11/10/2001, declarou que “Strauss foi quem  melhor  escreveu   para  a  orquestra  no  século XX”.

       A era moderna nos grupos sinfônicos foi inaugurada por Strauss que fez introduzir nas orquestras os instrumentos      de  trompas,  cornos  e  muitas  madeiras  [BURGOS, 2001]

        A letra da música é de Yde Blumenschein (1882/1963),  poetisa paulista, que narra uma estória de uma castelã, enclausurada na torre da ilusão, vivendo a sonhar com          um  herói  que,  em  breve,  viria  para  ela.

        A  estória  da  castelã  poderia  ser  a  estória  de  uma  cortesã  com  os  mesmos  hábitos  de  aventura  amorosa.  A  cortesã   teria   a   vantagem  de  conviver  na  corte  e  aldeã  de  rua  em  rua. A  ilusão  como  ponto  em  comum  entre  ambas.

        “Viver enclausurada na torre da ilusão, romântica a  sonhar” é uma expressão que ultrapassa os limites do      castelo onde se encontrava a aldeã e atinge, neste mundo  permissivo em que vivemos, a esferas sociais onde a ilusão    não  tem  fronteiras.

        Antigamente,  os  costumes  sociais  impediam  a  mulher  ficar  exposta  aos  perigos  que  existem  na  rua.  Hoje,  em  nome de uma liberdade permissiva que desvirtua os     chamados  bons  costumes,  a  mulher  fica  mais  propensa  a ter uma ilusão do que viver uma vida emocionalmente    saudável.

        Na  busca  do  amor  a  qualquer  custo,  com  qualquer pessoa ou situação, sem perceber que existe, no íntimo de   cada um de nós, o sentimento norteando o destino, pode        ser perigoso para quem entrega a sua vida numa arriscada    aventura.

        De  rua  em  rua,  de  bar  em  bar,  de  braço  em      braço, acumulando energias desvirtuadas do amor e                  permanecendo em lugares pestilenciais onde os tóxicos           ou  simplesmente  a  bebida  alcóolica  é  vendida  pela        noite adentro, traz consequências desastrosas previstas        não apenas pelos códigos de ética, mas principalmente      dentro  do  mundo  íntimo  de  cada  um  que  está  iludido.  Daí   a   necessidade   de   encontrar-se   para   achar   o  amor.

        A  letra  da  música  faz  um  alerta  as  mulheres  que  se   iludem  em  castelos  de  ilusões,  para   ver  aquela  que  andou  de rua em rua, derramando as  lágrimas de sangue. Na     ilusão  é  muita  dor  para  uma  mulher   só.

        Fazemos parte deste mundo onde sempre nos iludidos,  principalmente pelas aparências. Tem musa que fica e tem   musa  que  passa.    

Blog  Fernando Pinheiro, escritor
Site   www.fernandopinheirobb.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário