LINHA RETA
O poema Linha Reta, de Cecília Meireles, foi dedicado pela autora ao poeta
Cassiano Ricardo, nos idos de 1964. O compositor Dom João Evangelista Enout,
escreveu a música, com o mesmo título, no movimento moderato suave e
harmonioso. A canção finaliza entoando um acalanto: “nan-nan, nan-nan, nan-nan,
nam, nam-nam.”
Dom João Evangelista Enout,
recebendo a letra da poetisa Cecília Meireles, compôs a música Linha Reta,
revelando ambos a compreensão do destino, da rota, da linha reta do voo dos
pássaros e, logicamente, do fluxo da vida humana que se apresenta em diversas
atividades, tão variáveis quanto forem as necessidades existenciais de cada
uma.
O primeiro verso do poema traz um
aviso: “Não tenteis interromper o pássaro que voa em linha reta de leste a
oeste. alto e só.” No voo dos pássaros, há um incentivo à reflexão a respeito
do que possamos transmutar na apreciação do comportamento solitário daqueles
que trazem uma mensagem gravitando nos interesses em comum da classe a que
pertence.
O momento da espera é sempre em
silêncio para não perturbar o fluxo do acontecimento que está sendo
impulsionado pela circunstância favorável. Na trajetória do destino, vemos que
há uma pausa que antecede à realização dos sonhos.
A canção fluindo suave e
harmoniosa como a própria vida do autor e da letrista, estimula-nos a seguir a
mesma trajetória que nos conduz inteligentemente a um recanto feliz, revestida
do sentimento que nos induz a contemplar a vida que vemos em outros voos.
Como muita gente pensa o que é
bom para si é bom para os outros, não percebendo o plano divino que o destino
traz, tenta interromper a trajetória alheia que é diferente daquela que traz
consigo. Na busca para escolher o melhor estilo de vida para si mesmo e aos
seus companheiros do caminhar, tenta interromper quem segue aparentemente na
solidão.
A curiosidade, que é mais uma
forma de procurar saber superficialmente o que não consegue identificar no
íntimo, é sempre abafada pela evidência dos fatos que traz a verdadeira
identidade daquilo que deve ser dentro da realidade única. Aí a sabedoria do
silêncio é a única forma que produz efeitos.
Comparar comportamentos em
estilos diferentes, buscando o mesmo resultado em situações divergentes por
natureza própria, é não considerar dois fatores primordiais: o tempo e o
espaço. Não tem nem rumo a indagação curiosa sobre paisagens íntimas que não
estão no olhar de quem tem outros voos sublimados por música que permanece no
reino da criação íntima.
A vida, dádiva preciosa em que os
talentos surgem para resplandecer a beleza das formas e dos conteúdos, tem
variações que denotam movimentos como a própria música.
Assim como não podemos comparar os estilos de vida que
se processam em planos superiores ao da Terra, com as mesmas ferramentas usadas
nesta densa dimensão, do modo o pássaro, na apreciação de Cecília Meireles,
“não passa para contemplar essas coisas do mundo”.
No mundo tridimensional
dissociado da unidade, como o planeta Terra, as trevas ainda dominam os campos
de ação onde o homem não coloca o amor no coração. As trevas o fazem estar em
confinamento, mesmo sabendo que é possível a conexão com os planos superiores,
desde que haja a elevação de teor vibratório de seus pensamentos.
Em outros planetas, na 5ª
dimensão unificada e seguintes, não há mais doenças nem aprisionamento da
consciência às trevas, pois a luz irradia energias salutares que promovem a
plenitude em todos os sentidos.
A alimentação, nessas dimensões,
passa a ser fluídica, não há velhice de idade, pois a flor da idade é mantida
no decorrer de longo tempo que pode durar 100, 200 anos, dependendo da missão
realizada. O pensamento plasma as roupagens mais bonitas no vestir, em luzes e
cores de inefável beleza. O encanto feminino é mil vezes superior. Em sonhos
tivemos a oportunidade de ver.
Saíamos desta densa consciência
dissociada, que ainda existe no planeta, não criticando nada e não criticando
ninguém nem ouvindo comentários inadequados, principalmente na midia, o que nos
levaria a inadequação.
Valorizemos os quatro pilares
(simplicidade, humildade, transparência e alegria) que possibilitam o nosso
abandono à luz, a transmutação de nossa personalidade (transitória) na
consciência do ser etéreo que todos nós somos, o ser etéreo que se liga à
fonte.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
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