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quinta-feira, 17 de março de 2016

O MUNDO DE MORFEU (II)

Enfrentando a pior crise de saúde pública nas últimas décadas, o governo dos Estados Unidos publicou, em 15/03/2016, as primeiras normas nacionais para analgésicos recomendando aos médicos indicar medicamentos, como o ibuprofeno, antes de prescrever os comprimidos altamente viciantes. [The New York Times – March 16, 2016].
Segundo ainda aquele matutino, de acordo com a OMS, os analgésicos opiáceos OxyContin, Percocet e Vicodin são as drogas mais prescritas nos Estados Unidos, com vendas de quase 2 bilhões de dólares por ano. A respeito, Dr. Thomas R. Frieden, diretor do CDC, revelou que “tornou-se cada vez mais claro que os opióides têm risco substancial, mas apenas benefícios incertos – comparado especialmente com outros tratamentos para a dor crônica”.
O ópio é extraído da planta papoula, o opióide é narcótico (torpor, em grego), mas refere-se também a outras drogas. A morfina é um opióide natural derivado do ópio. Os efeitos comuns são supressão da dor e sonolência. A palavra morfina vem de Morfeu, deus do sono na mitologia grega.
Anteriormente, na crônica Privação do Sono, divulgamos notícia do jornal The Independent – London – September, 11, 2015: “Workers subjected to 'torture' of 'sleep-deprived society' by being made to work before 10am, says body clock expert”. 
Ao ensejo da realização do Festival Britânico de Ciência, em Bradford, o acadêmico Paul Kelley, médico especialista em doença do sono, disse que as pessoas no trabalho estão sendo torturadas por uma sociedade privada do sono, isto é um problema mundial.
As pessoas possuem horário biológico ou ritmo circadiano e quando o ritmo é alterado consequências surgem denotando graves danos à saúde, diminuindo o sistema de defesa e se instalando doenças como diabetes e esquizofrenia.
O horário das horas trabalhadas, durante o dia, que deflagra desarranjo no organismo pode ser também o mesmo em horas noturnas para quem não está acostumado a trabalhar em ciclos alternativos de brusca mudança.
Mesmo sem trabalhar, a insônia pode provocar sintomas que levam a esse mesmo diagnóstico onde surgem distorções mentais. Cresce o uso de drogas lícitas diante do problema, aumentando o lucro da indústria farmacêutica, sem nos referir a outras drogas, como o álcool, admissível por essa sociedade privada do sono, e as drogas ilícitas largamente usadas por um contingente muito grande de pessoas. PRIVAÇÃO DO SONO – 10 de setembro de 2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor.
A matéria do The New York Times (16/03/2016) diz ainda que está havendo muitas mortes nos Estados Unidos em decorrência do uso excessivo de comprimidos altamente viciantes, o que já vimos alertando aos nossos leitores, desde o ano passado, na citação do médico Allen Frances em textos de nossa crônica PÍLULA ADOCICADA, a seguir:
O sistema de diagnóstico, na área de psiquiatria, conforme observamos na mídia, é altamente pressionado pela indústria farmacêutica. O consumo de remédios antidepressivos tem aumentado muito, na última década, sem que haja a diminuição do índice de depressão no mundo.
A 5ª e última versão do DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está em vigor desde maio de 2013, elevando o número de patologias mentais a 450 categorias diferentes que eram 182, nos idos de 1968, no Manual DSM–2 [Folha de S.Paulo – 14/05/2013].
Com o apoio da mídia, a indústria farmacêutica joga pesado e faz convencer os médicos e a sociedade em geral que os problemas psicológicos são resolvidos com remédios de sua fabricação.
Em alguns casos, sim, são úteis, mas o excesso provoca dependência, inclusive está havendo “mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas”, segundo o Dr. Allen Frances, Catedrático emérito da Universidade Duke, Carolina do Norte, EE.UU., na entrevista concedida em 27/09/2014, ao Jornal El Pais – Madri, Espanha. [PÍLULA ADOCICADA – 22/08/2015 – blog Fernando Pinheiro, escritor].
Na interpretação da linguagem dos sonhos, Carl Gustav Jung disse que neles existem entidades misteriosas como se fossem amigos desconhecidos revelando sobre o nosso bem-estar fundamental “que pode ser diferente do bem-estar que imaginamos ser a nossa meta”.
O mundo de Morfeu é a esfera mitológica grega que revela a existência do sono, recrudescida, cientificamente, nos dias atuais, nos laboratórios e no Instituto do Sono, experiência pioneira no Brasil, na cidade de São Paulo, que fazem exames para demonstrar a qualidade do sono, sendo que no estado do sono REM (Rapid Eyes Movement / Movimento Rápido de Olhos) ocorrem os sonhos.
Na crônica Pégaso narramos um sonho que tivemos no astral inferior, zona de impacto das forças em litígio, na consciência dissociada (bem/mal, certo/errado e outras expressões correlatas) em que a separação do joio e do trigo se fazem presentes, em vivência dos engramas do passado que as uniram para elaboração de um estágio de aprendizado de difícil assimilação.
No sono que se converte em pesadelo, há um mecanismo de elaboração de imagens e de símbolos que tendem a desaparecer ao acordar à medida que nossas possibilidades de assimilação se extinguem, isto para não ocorrer o choque que a personalidade poderia ter ao despertar.
Ainda dentro das imagens e dos símbolos, o sonho revela circunstâncias de comovente beleza, agora com maior capacidade de ser lembrado e guardado na memória como marco que define um novo passo em nossa caminhada em direção ao horizonte que, acordado, sonhamos acontecer.
O mundo de Morfeu abriga, ainda nos dias de hoje, pessoas dormindo em precária situação: o corpo físico deitado no leito e a alma deitada no chão. Claro que essas pessoas não poderiam se lembrar do que está ocorrendo nesse mundo, o mundo de Morfeu.
Seria humilhante para a personalidade, o ego das ciências ocultas, ver cenas que, no estado de vigília, não poderia ocorrer. Nesses casos, o entorpecimento de drogas lícitas (medicação médica) e de drogas ilícitas (álcool, maconha, crack, cocaína e outras bastante comentadas nos meios de comunicação), se faz presente.
O ser profundo, que todos somos, sem exceção, não encontra as condições necessárias para eclodir, vir à tona dentro do sono. O torpor e o amolentamento, que essas drogas provocam, são obstáculos escolhidos, consciente e inconscientemente, pelos usuários para afastá-los da realidade em que vivem.
O sofrimento psíquico é o único recurso capaz de despertá-los, enquanto a sabedoria das verdades eternas, incrustada em seu ser profundo, é o caminho que não tem nenhuma ligação com os apelos fundamentalistas que prometem o que não sabem.
No entanto, nessas circunstâncias também ocorrem tratamento terapêutico dentro da técnica utilizada na linguagem Ericksoriana. Há que se estabelecer o tempo de resgate vencido, o destino que tem hora marcada, o merecimento de quem passa por provas difíceis e o amparo concedido por seres multidimensionais que cumprem missões que não podemos discutir.
O mundo de Morfeu é o mundo em que podemos sonhar, quando dormimos, e dele renascer em nova consciência que nos vislumbra a felicidade eterna.
Esse mundo de Morfeu é uma crisálida: alguns vêem a morte da lagarta, outros o nascer da borboleta.
Resplandeça a vossa luz, referimo-nos aludindo à irradiação da luz crística que se projeta das estrelas a caminho do nosso coração e de todos aqueles que a busca, vivendo ainda o mundo de Morfeu, o mundo do sono. [O MUNDO DE MORFEU – 10 de março de 2013 – blog Fernando Pinheiro, escritor].

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