ANTAR
O argumento musical da
suíte Antar, de Rimsky-Korsakov, foi inspirado num conto poético de Senkovsky
que relata o caminhar solitário de um poeta e guerreiro, no deserto de Sham,
perto das ruínas de Palmira, onde afugenta uma ave gigantesca que perseguia uma
gazela (TRANCHEFORT/1990).
À noite, Antar, em sonhos, viaja
ao palácio encantado da fada Gul-Nazar que lhe agradece por ter salvo a vida
quando tinha adotado o aspecto de uma gazela. Lá esquece as dificuldades da
vida comunitária (TRANCHEFORT/1990).
É necessário sabermos seguir a
direção que nos dá visão de nossos ideais, não importando se as circunstâncias
atuais ainda não nos sejam completamente favoráveis. Se há um tênue deslizar de
águas que saem da fonte, lá na frente correrá num grande fluxo, em direção ao
mar.
Assim são os nossos sonhos.
Nascidos em fontes sagradas têm a direção que a lei natural determinará. Os
rios têm a gravidade que favorece o percurso, o homem possui a gravitação de
seus interesses em torno da causa que beneficiará a todos. A evolução está em
tudo. É por isto que vemos se extinguir movimentos de beleza restritos à área
particular de pessoas que pensam sentir o infortúnio e o isolamento.
O que pertence ao interesse geral
virá no momento adequado, embora haja embaraço naqueles que têm dificuldades em
levar à frente tal empreendimento.
A semente faz esforço gigantesco
até se arrebentar para renascer em outra forma que dá alimentos a outros seres.
O meio externo exerce influência no reino em que vive, limitado à natureza que
o compõe, mas não consegue ultrapassar as fronteiras que anunciam outra
dimensão maior.
Naquela nascente sagrada, onde
começa a vida que resplandece no mundo físico, há condições do homem saber a
realidade da vida que afugenta todos os temores e elucida os enigmas do
destino.
A missão inteligente, que envolve
seus sonhos, nasce nessas paragens de comovente beleza que possuem leis
próprias, definidas e eternas.
Assim como o homem se extasia
diante da força dos rios que desembocam no mar, os sonhos que promovem a
evolução humana acontecerão, não importando as idades, os séculos, os milênios.
O que é um determinado tempo diante da eternidade?
Como é importante mantermos a
ligação com os níveis superiores de consciência, a fim de que nossos sonhos,
nascidos daquelas fontes, possam se exteriorizar incólumes diante do meio que
não tem forças para desgastá-los.
Se as condições não estimularem o
plantio, conservemos as sementes em nossas mãos no tempo permitido para
conservação e confiemos que a hora surgirá no momento adequado, favorecendo-nos
o trabalho.
Os semeadores de todas as épocas
sabiam que a vida passa por estágios evolutivos, simples e cristalina ganha
formas variadas na complexidade de suas manifestações, multifacetadas, mas
sempre única em suas nascentes.
Todas as dificuldades humanas, que
se movimentam nas influências do meio que cerceia os grandes voos, desaparecem
quando as energias do sonho surgem revelando a realidade da vida. Daí a razão
do homem buscar conhecer suas necessidades, suas lacunas no campo afetivo, suas
possibilidades de caminhar abrindo espaços a todos que estão por ele ligados
por algum envolvimento.
Quando os sonhos atingem a
realidade tangível são acalentados pelo sonhador que não sabe onde nasce a
beleza imperecível e se movimenta nas energias do pensamento que encontram o
impacto de manifestações contrárias.
Essas manifestações vêm da
educação e das crenças que ainda persistem na consciência dissociada que está,
ainda, na maioria da população mundial. Os engramas são introjetados na mente
que é jugulada por pressões de controle de massas.
Apenas 500 pessoas, não mais do
que isto, controlam toda a vida do planeta e determinam o que os 7 bilhões de
pessoas devem fazer, ao influxo dessa educação e dessas crenças.
Nos mundos unificados não existem
confinamento e nem vínculo de subjugação. Trabalha-se sim, dorme-se sim, em
escalas de tempo muito menores do que existem na Terra. Resta-lhe o tempo para
recreação e lazer em que as artes têm a preferência.
Vestindo a franja de
resistências, onde o medo do desconhecido está, a criatura humana é impedida de
se libertar e permanece no confinamento, sem ter a possibilidade de contato com
as esferas multidimensionais.
Se houver a certeza de que as
leis imutáveis da natureza não são distorcidas pelo ambiente de desconfiança em
que muitos grupos sociais vivem, então o homem compreenderá a realidade dos
sonhos como a única que existe, por ser a própria vida.
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