POEMA DO ÊXTASE
A sonoridade de esplendor que se
derrama no Poema do Êxtase, opus 54, do compositor Alexander Scriabin,
eleva-nos ao maior grau do conhecimento humano, a intuição.
Acima da contemplação racional
onde se fundamentam as teses da relatividade e a fuga das galáxias, vemos que o
êxtase, em sua expressão maior, é a descoberta do homem que se sente parte
integrante do todo universal que se espalha pelo infinito.
O ciclo da vida se movimenta
incessante, desde as noites dos tempos perdidos na História, até os alvoreceres
dos séculos onde a luz e a inteligência caminham juntas, agora percebidos pelo
homem e continuam a surgir nas novas etapas da evolução.
Discutir a origem do Universo,
apenas na tese do início de uma grande explosão (big bang), é situá-lo em uma
época, mesmo que seja em milênio, mas numa contagem limitada e num determinado
lugar que pode até abranger a galáxia inteira onde o nosso planeta se move como
um minúsculo ponto.
O mais importante na vida para o
homem é se descobrir em sua essência eterna para sentir o êxtase da comunhão de
tudo que o envolve num caminhar sem fim.
A música de Scriabin traz o
conforto de algo mais, como os ventos das tardes ensolaradas, e tem o dom de
transmutar as sensações passageiras numa contemplação paradisíaca.
O Poema do Êxtase reúne o sonho e a poesia na música
das esferas resplandecentes. Tudo está em movimento.
Vislumbrando o conhecimento
intuitivo, podemos dizer que o reino da morte somente existe dentro das
paisagens da sombra, como nas lendas de Kalevala que inspiraram Sibelius a
compor O Cisne de Tuonela.
As artes e os dons divinos já
demonstram a imortalidade do ser humano que resplandece, no desgaste da
matéria, num ciclo evolutivo mais consciente com a realidade do Universo.
Os planetas, as estrelas, as galáxias percorrem o mesmo
ciclo de vida imantado em tudo (nascer, crescer, morrer, transformar-se) para
constituírem outros aglomerados siderais.
Se há um parto animal, há um
parto planetário e até mesmo de toda uma galáxia que pode receber o nome de uma
grande explosão ou big bang.
A Astronomia clássica tem por
evangelho a teoria de que os quasares – núcleos luminosos de galáxias muito
distantes – possuem luminosidade superior a um bilhão de vezes maior que a do
Sol de nosso sistema planetário.
Na Via–Láctea há mais de cem
bilhões de sóis. Em bilhões e bilhões de galáxias, quantos sóis existiriam?
Isto nos leva a afirmar que o Universo é luz, e a luz é inteligência.
Na descoberta de luas e sóis, galáxias e nebulosas,
poeiras luminosas que irradiam a beleza, o mundo dos poetas, revelando os sonhos,
mostra a realidade tecida em túnica inconsútil.
Luas cor-de-prata, luas
alaranjadas, luas azuladas, luas das cores do pôr-do-sol, luas vestidas de
arco-íris, luas cor-de-mel, luas de cores e nuanças que lembram a luminosidade
do olhar de cada mulher, viajam em órbitas que o homem ainda não conhece.
As teorias existentes sobre a
formação do Universo ainda se debatem, umas contra as outras, simplesmente
porque algumas correntes científicas não podem definir como finito o tempo e o
espaço. Os mundos nascem, crescem, envelhecem, contraem-se, explodem e
renascem, numa incessante transformação.
A ideia de que o Universo teria
surgido há 15 bilhões de anos, numa grande explosão, define a morte das
estrelas implodidas, os buracos negros. As hipóteses permanecem ainda em aberto
porque está surgindo a descoberta de novas muralhas de quasares.
Ainda numa visão limitada,
podemos sentir que existem, além dessas muralhas, muitas moradas e jardins,
numa concepção de grandeza que somente o paraíso poderia oferecer àqueles que
se libertaram do ciclo da morte.
Estamos falando da morte da
consciência, o esquecimento total da memória, quando da morte do corpo físico,
vagando como sombras na erraticidade, são essas almas penadas no linguajar
popular, ainda existente na Terra na consciência dissociada da terceira
dimensão que está indo embora.
No entanto, essas almas penadas,
o joio do trigo, não mais retornarão ao planeta que está sendo sacralizado,
atualmente por mais de 1 bilhão de habitantes, a maioria mulheres, salve as
mulheres, os restantes quase 6 bilhões, dos 7 bilhões de habitantes, vivem, no
dizer da tradição hindu, no mundo maya (ilusão).
Nos reinos do amor, a sabedoria
se expande em profusão e naturalidade, como a luz do sol que aquece e a luz da
lua que enternece. As vibrações estão harmoniosamente ligadas umas as outras,
na mais perceptível revelação da unidade.
Num nível de consciência mais
profundo, os seres humanos podem perceber que tudo é manifestação cósmica, o
que equivale a dizer, no conceito do filósofo Spinoza, tudo é manifestação do
Um (O Universo é formado de uma só substância), e o conceito de Einstein (Tudo
é energia), agora compreendida dentro da unidade e não mais dentro da dualidade
que gera a separação.
O orgulho em não se abandonar-se
à Luz, leva-os aos vales da sombra aonde chegam carregando desencantos à espera
da transmutação. A humanidade desses vales está ligada à responsabilidade de
seus atos, dentro do conhecido mecanismo de causa-e-efeito, numa compreensão
necessária aos primeiros passos da evolução.
O carma e o livre-arbítrio só
existem nos mundos dissociados, como a Terra que está deixando de ser um deles,
neste final dos tempos, para ancorar a consciência unificada. É o retorno da
luz pela seta de Sagitário (Nostradamus).
A nebulosa de Sagitário ou a
constelação de Sagitário é o centro da Via-Láctea, a galáxia que abriga o
sistema solar, onde a Terra gira. A descoberta dos raios adamantinos, os
raios-gama dos cientistas e o alinhamento das Plêiades, Sol e Lua fizerem
cumprir a profecia de Nostradamus e a profecia maior "olhai os sinais do
céu" de Jesus.
Após transcender o
livre-arbítrio, o homem tem a visão da sabedoria, podendo até duvidar, no
início, se ele existe ou é a sabedoria que vive nele, mas, num segundo mais
tarde, reconhece que, acima de qualquer manifestação humana, tudo é a vontade
cósmica ou, mais enfaticamente, tudo é a vontade de Deus, compreensão agora que
abriga a unidade.
Ainda sem a visão da vida, os
desejos do homem giram sempre em torno da instabilidade. Hoje é uma coisa,
amanhã é outra. Em cada passo, cria-se situação que inexoravelmente terá de
passar, sem ser preciso culpar o destino, o caminho escolhido.
Assim como os cristais irradiam
vibrações que despertam a beleza, a muralha de quasares iluminam os mundos
paradisíacos onde, um dia, na alvorada dos milênios, o homem chegará.
O clima de poesia, de amor a tudo
que existe, como presença atuante do Universo, chega-nos com a força dos astros
e estrelas que igualmente iluminaram o rosto daqueles que semearam a beleza em
todas as artes, como fez na música o compositor russo Scriabin ao revelar ao
mundo O Poema do Êxtase.
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