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quarta-feira, 4 de julho de 2012

POEMA DO ÊXTASE

A sonoridade de esplendor que se derrama no Poema do Êxtase, opus 54, do compositor Alexander Scriabin, eleva-nos ao maior grau do conhecimento humano, a intuição.
Acima da contemplação racional onde se fundamentam as teses da relatividade e a fuga das galáxias, vemos que o êxtase, em sua expressão maior, é a descoberta do homem que se sente parte integrante do todo universal que se espalha pelo infinito.
O ciclo da vida se movimenta incessante, desde as noites dos tempos perdidos na História, até os alvoreceres dos séculos onde a luz e a inteligência caminham juntas, agora percebidos pelo homem e continuam a surgir nas novas etapas da evolução.
Discutir a origem do Universo, apenas na tese do início de uma grande explosão (big bang), é situá-lo em uma época, mesmo que seja em milênio, mas numa contagem limitada e num determinado lugar que pode até abranger a galáxia inteira onde o nosso planeta se move como um minúsculo ponto.
O mais importante na vida para o homem é se descobrir em sua essência eterna para sentir o êxtase da comunhão de tudo que o envolve num caminhar sem fim.
A música de Scriabin traz o conforto de algo mais, como os ventos das tardes ensolaradas, e tem o dom de transmutar as sensações passageiras numa contemplação paradisíaca.
O Poema do Êxtase reúne o sonho e a poesia na música das esferas resplandecentes. Tudo está em movimento.
Vislumbrando o conhecimento intuitivo, podemos dizer que o reino da morte somente existe dentro das paisagens da sombra, como nas lendas de Kalevala que inspiraram Sibelius a compor O Cisne de Tuonela.
As artes e os dons divinos já demonstram a imortalidade do ser humano que resplandece, no desgaste da matéria, num ciclo evolutivo mais consciente com a realidade do Universo.
Os planetas, as estrelas, as galáxias percorrem o mesmo ciclo de vida imantado em tudo (nascer, crescer, morrer, transformar-se) para constituírem outros aglomerados siderais.
Se há um parto animal, há um parto planetário e até mesmo de toda uma galáxia que pode receber o nome de uma grande explosão ou big bang.
A Astronomia clássica tem por evangelho a teoria de que os quasares – núcleos luminosos de galáxias muito distantes – possuem luminosidade superior a um bilhão de vezes maior que a do Sol de nosso sistema planetário.
Na Via–Láctea há mais de cem bilhões de sóis. Em bilhões e bilhões de galáxias, quantos sóis existiriam? Isto nos leva a afirmar que o Universo é luz, e a luz é inteligência.
Na descoberta de luas e sóis, galáxias e nebulosas, poeiras luminosas que irradiam a beleza, o mundo dos poetas, revelando os sonhos, mostra a realidade tecida em túnica inconsútil.
Luas cor-de-prata, luas alaranjadas, luas azuladas, luas das cores do pôr-do-sol, luas vestidas de arco-íris, luas cor-de-mel, luas de cores e nuanças que lembram a luminosidade do olhar de cada mulher, viajam em órbitas que o homem ainda não conhece.
As teorias existentes sobre a formação do Universo ainda se debatem, umas contra as outras, simplesmente porque algumas correntes científicas não podem definir como finito o tempo e o espaço. Os mundos nascem, crescem, envelhecem, contraem-se, explodem e renascem, numa incessante transformação.
A ideia de que o Universo teria surgido há 15 bilhões de anos, numa grande explosão, define a morte das estrelas implodidas, os buracos negros. As hipóteses permanecem ainda em aberto porque está surgindo a descoberta de novas muralhas de quasares.
Ainda numa visão limitada, podemos sentir que existem, além dessas muralhas, muitas moradas e jardins, numa concepção de grandeza que somente o paraíso poderia oferecer àqueles que se libertaram do ciclo da morte.
Estamos falando da morte da consciência, o esquecimento total da memória, quando da morte do corpo físico, vagando como sombras na erraticidade, são essas almas penadas no linguajar popular, ainda existente na Terra na consciência dissociada da terceira dimensão que está indo embora.
No entanto, essas almas penadas, o joio do trigo, não mais retornarão ao planeta que está sendo sacralizado, atualmente por mais de 1 bilhão de habitantes, a maioria mulheres, salve as mulheres, os restantes quase 6 bilhões, dos 7 bilhões de habitantes, vivem, no dizer da tradição hindu, no mundo maya (ilusão).
Nos reinos do amor, a sabedoria se expande em profusão e naturalidade, como a luz do sol que aquece e a luz da lua que enternece. As vibrações estão harmoniosamente ligadas umas as outras, na mais perceptível revelação da unidade.
Num nível de consciência mais profundo, os seres humanos podem perceber que tudo é manifestação cósmica, o que equivale a dizer, no conceito do filósofo Spinoza, tudo é manifestação do Um (O Universo é formado de uma só substância), e o conceito de Einstein (Tudo é energia), agora compreendida dentro da unidade e não mais dentro da dualidade que gera a separação.
O orgulho em não se abandonar-se à Luz, leva-os aos vales da sombra aonde chegam carregando desencantos à espera da transmutação. A humanidade desses vales está ligada à responsabilidade de seus atos, dentro do conhecido mecanismo de causa-e-efeito, numa compreensão necessária aos primeiros passos da evolução.
O carma e o livre-arbítrio só existem nos mundos dissociados, como a Terra que está deixando de ser um deles, neste final dos tempos, para ancorar a consciência unificada. É o retorno da luz pela seta de Sagitário (Nostradamus).
A nebulosa de Sagitário ou a constelação de Sagitário é o centro da Via-Láctea, a galáxia que abriga o sistema solar, onde a Terra gira. A descoberta dos raios adamantinos, os raios-gama dos cientistas e o alinhamento das Plêiades, Sol e Lua fizerem cumprir a profecia de Nostradamus e a profecia maior "olhai os sinais do céu" de Jesus.
Após transcender o livre-arbítrio, o homem tem a visão da sabedoria, podendo até duvidar, no início, se ele existe ou é a sabedoria que vive nele, mas, num segundo mais tarde, reconhece que, acima de qualquer manifestação humana, tudo é a vontade cósmica ou, mais enfaticamente, tudo é a vontade de Deus, compreensão agora que abriga a unidade.
Ainda sem a visão da vida, os desejos do homem giram sempre em torno da instabilidade. Hoje é uma coisa, amanhã é outra. Em cada passo, cria-se situação que inexoravelmente terá de passar, sem ser preciso culpar o destino, o caminho escolhido.
Assim como os cristais irradiam vibrações que despertam a beleza, a muralha de quasares iluminam os mundos paradisíacos onde, um dia, na alvorada dos milênios, o homem chegará.
O clima de poesia, de amor a tudo que existe, como presença atuante do Universo, chega-nos com a força dos astros e estrelas que igualmente iluminaram o rosto daqueles que semearam a beleza em todas as artes, como fez na música o compositor russo Scriabin ao revelar ao mundo O Poema do Êxtase.
Blog Fernando Pinheiro, escritor    
      Site 
www.fernandopinheirobb.com.br

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