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sexta-feira, 20 de julho de 2012

CANÇÃO DO INVERNO

A Canção do Inverno, de Alceu Bocchino, foi escrita para canto e piano, nos seguintes movimentos: andantino, pianíssimo, crescendo, pianíssimo, sonoro expressivo e pianíssimo.
Natural de Curitiba, o autor é regente, compositor, pianista e professor de renome internacional. Nas décadas de 1960 e 1970 regeu, entre outras, a Filarmônica de Sófia, a Filarmônica da Bulgária, a Sinfônica de Bilbao e a Orquestra Nacional de Lisboa.
A letra é de Pery Borges (1895/1967), poeta gaúcho, teatrólogo, cronista e tradutor. De grande beleza espiritual, a mensagem que a letra da música transmite, leva-nos ao silêncio e à contemplação como se estivéssemos vendo bem perto de nós a paisagem paradisíaca e nela um anjo do Senhor nos indicasse o caminho.
A sabedoria elucida e conforta. Quantas vezes ficamos parados pensando no vendaval de acontecimentos que arrastam multidões de pessoas, individualmente ou em grupos! O planeta inteiro arde em brasas queimando detritos mentais e atinge todos os povos em todas as direções em que a rosa dos ventos gira.
É o milagre do nascer e o parto traz sangue, suor e lágrimas. O importante não é a dor, mas o que vem da dor. O milagre da vida nasce em todos os sentidos, no corpo e na alma. Um sussurro, uma evocação à saudade dos amores que nos enternecem a alma, dando-nos alento e conforto, é um nascer para um novo dia.
A letra da música manda-nos olhar um pouco mais além da paisagem encoberta do inverno que traz tardes longas, tristes e sombrias. Lá fora, um pouco mais longe, há o encanto das horas, dias felizes, amores correspondidos e dádivas abençoadas.
Há um convite para olhar, com os olhos d'alma, através dos vitrais a paisagem ao redor. A saudade recrudesce os bons momentos vividos pelos amores semeados em clima bom. Há sol iluminando jardins, luar de prata sobre a noite dos namorados.
A letra convida a pensar: “... quanta ave cantou na tua aurora, e quanto sol, amor, quanta alegria deram luz e calor aos belos dias da tua mocidade!”
Os motivos para sentirmos felizes são muitos, basta apenas um para que tudo possa se modificar ao redor ou nos lugares onde andam os amores que nos correspondem o afeto. Reunidos todos eles, seria o mesmo que criarmos um paraíso.
O inverno é uma estação de chuvas, menos sol do que no verão, o que nos leva a pensar em menos claridade, menos calor, mais frio, mais sombrio, como também simboliza a fase em que há menos vigor como na terceira idade, hoje melhor aproveitada do que nos tempos de outrora.
Lembrar com satisfação quantos elogios mereceu o nosso trabalho, quantos sorrisos femininos despertaram-nos sonhos, quantos abraços de colegas de trabalho e de familiares que apoiaram planos em comum!
As alegrias que recebemos por uma palavra, um olhar, um discurso que promove nossos ideais, e ainda a satisfação de ter uma vida em comum, levam-nos a um estado emocional onde há um equilíbrio constante, sentimos a plenitude do existir, mesmo que tenhamos uma vida simples no contexto social.
A juventude, como fase de vida, é um estuar de energias, e podemos senti-la em qualquer idade em que vivemos, não importa o tempo, o vigor que vem da alma transcende todas as idades e reaparece em outro campo vibratório onde a vida resplandece. Onde está a morte, se a vida está em tudo!

Blog  Fernando Pinheiro, escritor
Site   www.fernandopinheirobb.com.br

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