CANÇÃO DO INVERNO
A Canção do Inverno, de Alceu Bocchino, foi escrita para canto e piano,
nos seguintes movimentos: andantino, pianíssimo, crescendo, pianíssimo, sonoro
expressivo e pianíssimo.
Natural de Curitiba, o autor é
regente, compositor, pianista e professor de renome internacional. Nas décadas
de 1960 e 1970 regeu, entre outras, a Filarmônica de Sófia, a Filarmônica da
Bulgária, a Sinfônica de Bilbao e a Orquestra Nacional de Lisboa.
A letra é de Pery Borges
(1895/1967), poeta gaúcho, teatrólogo, cronista e tradutor. De grande beleza
espiritual, a mensagem que a letra da música transmite, leva-nos ao silêncio e
à contemplação como se estivéssemos vendo bem perto de nós a paisagem paradisíaca
e nela um anjo do Senhor nos indicasse o caminho.
A sabedoria elucida e conforta.
Quantas vezes ficamos parados pensando no vendaval de acontecimentos que
arrastam multidões de pessoas, individualmente ou em grupos! O planeta inteiro
arde em brasas queimando detritos mentais e atinge todos os povos em todas as
direções em que a rosa dos ventos gira.
É o milagre do nascer e o parto
traz sangue, suor e lágrimas. O importante não é a dor, mas o que vem da dor. O
milagre da vida nasce em todos os sentidos, no corpo e na alma. Um sussurro,
uma evocação à saudade dos amores que nos enternecem a alma, dando-nos alento e
conforto, é um nascer para um novo dia.
A letra da música manda-nos olhar
um pouco mais além da paisagem encoberta do inverno que traz tardes longas,
tristes e sombrias. Lá fora, um pouco mais longe, há o encanto das horas, dias
felizes, amores correspondidos e dádivas abençoadas.
Há um convite para olhar, com os
olhos d'alma, através dos vitrais a paisagem ao redor. A saudade recrudesce os
bons momentos vividos pelos amores semeados em clima bom. Há sol iluminando
jardins, luar de prata sobre a noite dos namorados.
A letra convida a pensar: “...
quanta ave cantou na tua aurora, e quanto sol, amor, quanta alegria deram luz e
calor aos belos dias da tua mocidade!”
Os motivos para sentirmos felizes
são muitos, basta apenas um para que tudo possa se modificar ao redor ou nos
lugares onde andam os amores que nos correspondem o afeto. Reunidos todos eles,
seria o mesmo que criarmos um paraíso.
O inverno é uma estação de
chuvas, menos sol do que no verão, o que nos leva a pensar em menos claridade,
menos calor, mais frio, mais sombrio, como também simboliza a fase em que há
menos vigor como na terceira idade, hoje melhor aproveitada do que nos tempos de
outrora.
Lembrar com satisfação quantos
elogios mereceu o nosso trabalho, quantos sorrisos femininos despertaram-nos
sonhos, quantos abraços de colegas de trabalho e de familiares que apoiaram
planos em comum!
As alegrias que recebemos por uma
palavra, um olhar, um discurso que promove nossos ideais, e ainda a satisfação
de ter uma vida em comum, levam-nos a um estado emocional onde há um equilíbrio
constante, sentimos a plenitude do existir, mesmo que tenhamos uma vida simples
no contexto social.
A juventude, como fase de vida, é
um estuar de energias, e podemos senti-la em qualquer idade em que vivemos, não
importa o tempo, o vigor que vem da alma transcende todas as idades e reaparece
em outro campo vibratório onde a vida resplandece. Onde está a morte, se a vida
está em tudo!
Blog Fernando Pinheiro, escritor
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