OS PÁSSAROS
A oportunidade é o
vento que nos acaricia. Uma sensação de leveza nos embala aos grandes voos como
se fôssemos pássaros que batem as asas e, quando atingem as alturas, planam suavemente.
Enquanto o homem não sentir o
momento oportuno em que deve fluir nas energias dos seus sonhos, será sempre um
pássaro batendo asas. Depois, muito depois flutuar observando as paisagens que
ficaram lá embaixo.
Lutar, reclamar, denunciar são
estímulos de uma sociedade que busca afirmação de seus propósitos. E como a
sabedoria está evidente no equilíbrio das forças, como as asas estendidas dos
pássaros no voo, vemos que há muitos movimentos nos lares, nas ruas, nos meios
de comunicação para termos uma visão panorâmica do ambiente onde vivemos.
A conquista sempre foi o objetivo
dos vencedores, até mesmo nos campos de batalha os grandes guerreiros nunca
desprezaram a estratégia. Como o homem pode lutar sem conhecer as armas de que
dispõe nem o ambiente onde terá de passar, sem saber ainda quando é o momento
exato?
No final de um ciclo planetário,
onde a luta, o livre-arbítrio tiveram um papel importante no acúmulo dos
problemas não resolvidos pelo homem, mesmo apresentando a esperança e o milagre
como recurso de restaurar um novo tempo, vemos que são gotinhas de chuva se
desmanchando nas ventanias.
A separação do joio e do trigo é
uma realidade que vivenciamos em
sonho. Não é uma separação imposta por um deus ou por um
diabo, expressões que caracterizam a dualidade da consciência planetária que
está indo embora. O que determina a separação do joio e do trigo é a própria
vibração de cada um que vai para onde está o mundo em que se coaduna com a sua
realidade.
Quando o homem tiver a
consciência de ser um ser etéreo que se liga à fonte, tudo será maior do que um
milagre e a esperança será substituída pela plenitude do existir eterno.
Enquanto busca a felicidade, deposita toda a sua alma num corpo animal que vai
morrer, num corpo humano que vai morrer, numa situação conjugal ou profissional
que vai acabar. Alimenta-se de pingos
d’água quando pode beber na fonte.
Os compositores clássicos do
passado deixaram ao mundo a música que dura pela eternidade afora, música
eterna; os mártires das causas nobres o estímulo na caminhada; os artistas o
movimento da beleza; os sacerdotes de todos os templos o zelo dos grandes
ensinamentos.
Numa visão poética, vemos a
sabedoria em tudo: na chuva e no calor do sol, na saúde e na doença, no bem e
no mal que se misturam para confundir os conceitos humanos.
A dualidade está indo embora do
planeta. Pobre homem que pensa que o Sol nasce no horizonte e o livre-arbítrio
guiando seus passos! O livre-arbítrio, compreensão necessária aos mundos dissociados,
foi instituído com a finalidade de estabelecer a culpa.
Quem já bateu tanto asas e não
conseguiu alçar voo, como fazem os pássaros, deve abandonar-se à luz, a luz que
faz resplandecer as dádivas preciosas: o tempo, o lugar, os amores, o trabalho,
as circunstâncias fluindo em sincronia.
O homem que luta desesperadamente
é como se estivesse rodando o ponteiro do rádio sem ter a sintonia de qualquer
emissora. O ruído da passagem de uma para outra lhe daria sons ininteligíveis e
não aprenderia nada do que se passa em qualquer uma delas.
Vamos abandonar-nos à luz e
ficarmos conscientes do momento oportuno para fluir nas energias que promovem a
nossa evolução, sem bater asas, como fazem os pássaros planando.
Os pássaros de Respighi, em que
ele buscou inspiração para compor uma pequena suíte para orquestra, certamente
estavam fazendo acrobacias, em voos rasantes para encantar as pessoas e batendo
asas para ganhar altura e, bem no alto, sustentados pelas correntes de ar,
deslizavam espalhando seus cantos de alegria.
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