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domingo, 8 de julho de 2012

OS PÁSSAROS

A oportunidade é o vento que nos acaricia. Uma sensação de leveza nos embala aos grandes voos como se fôssemos pássaros que batem as asas e, quando atingem as alturas, planam suavemente.
Enquanto o homem não sentir o momento oportuno em que deve fluir nas energias dos seus sonhos, será sempre um pássaro batendo asas. Depois, muito depois flutuar observando as paisagens que ficaram lá embaixo.
Lutar, reclamar, denunciar são estímulos de uma sociedade que busca afirmação de seus propósitos. E como a sabedoria está evidente no equilíbrio das forças, como as asas estendidas dos pássaros no voo, vemos que há muitos movimentos nos lares, nas ruas, nos meios de comunicação para termos uma visão panorâmica do ambiente onde vivemos.
A conquista sempre foi o objetivo dos vencedores, até mesmo nos campos de batalha os grandes guerreiros nunca desprezaram a estratégia. Como o homem pode lutar sem conhecer as armas de que dispõe nem o ambiente onde terá de passar, sem saber ainda quando é o momento exato?
No final de um ciclo planetário, onde a luta, o livre-arbítrio tiveram um papel importante no acúmulo dos problemas não resolvidos pelo homem, mesmo apresentando a esperança e o milagre como recurso de restaurar um novo tempo, vemos que são gotinhas de chuva se desmanchando nas ventanias.
A separação do joio e do trigo é uma realidade que vivenciamos em sonho. Não é uma separação imposta por um deus ou por um diabo, expressões que caracterizam a dualidade da consciência planetária que está indo embora. O que determina a separação do joio e do trigo é a própria vibração de cada um que vai para onde está o mundo em que se coaduna com a sua realidade.
Quando o homem tiver a consciência de ser um ser etéreo que se liga à fonte, tudo será maior do que um milagre e a esperança será substituída pela plenitude do existir eterno. Enquanto busca a felicidade, deposita toda a sua alma num corpo animal que vai morrer, num corpo humano que vai morrer, numa situação conjugal ou profissional que vai acabar.     Alimenta-se de pingos d’água quando pode beber na fonte.
Os compositores clássicos do passado deixaram ao mundo a música que dura pela eternidade afora, música eterna; os mártires das causas nobres o estímulo na caminhada; os artistas o movimento da beleza; os sacerdotes de todos os templos o zelo dos grandes ensinamentos.
Numa visão poética, vemos a sabedoria em tudo: na chuva e no calor do sol, na saúde e na doença, no bem e no mal que se misturam para confundir os conceitos humanos.
A dualidade está indo embora do planeta. Pobre homem que pensa que o Sol nasce no horizonte e o livre-arbítrio guiando seus passos! O livre-arbítrio, compreensão necessária aos mundos dissociados, foi instituído com a finalidade de estabelecer a culpa.
Quem já bateu tanto asas e não conseguiu alçar voo, como fazem os pássaros, deve abandonar-se à luz, a luz que faz resplandecer as dádivas preciosas: o tempo, o lugar, os amores, o trabalho, as circunstâncias fluindo em sincronia.
O homem que luta desesperadamente é como se estivesse rodando o ponteiro do rádio sem ter a sintonia de qualquer emissora. O ruído da passagem de uma para outra lhe daria sons ininteligíveis e não aprenderia nada do que se passa em qualquer uma delas.
Vamos abandonar-nos à luz e ficarmos conscientes do momento oportuno para fluir nas energias que promovem a nossa evolução, sem bater asas, como fazem os pássaros planando.
Os pássaros de Respighi, em que ele buscou inspiração para compor uma pequena suíte para orquestra, certamente estavam fazendo acrobacias, em voos rasantes para encantar as pessoas e batendo asas para ganhar altura e, bem no alto, sustentados pelas correntes de ar, deslizavam espalhando seus cantos de alegria.
Blog Fernando Pinheiro, escritor    
      Site 
www.fernandopinheirobb.com.br
 

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