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segunda-feira, 16 de julho de 2012

O CISNE DO LAGO

Numa mensagem resumida, podemos dizer que a música O Cisne do Lago, de Abdon Milanez, inicia-se em Moderato, desdobra-se no movimento suave que vai diminuindo e crescendo, e, finaliza em pianíssimo.
O compositor Abdon Milanez (1858/1927) é autor de música sacra e de operetas. Nos idos de 1916 a 1922, substituindo o cearense Alberto Nepomuceno, esteve à frente da direção do Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ).
De autoria de Adelmar Tavares a letra da música revela uma breve história de amor ambientada no reino vegetal e no reino animal: na mais ardente paixão, um cisne branco enamorou-se da rosa crescida à margem do lago. Um belo dia, a mimosa flor foi colhida por um jovem mancebo que a ofertou a noiva. O enredo finaliza numa circunstância triste: “E dizem que o cisne branco ficou tão cheio de mágoas que uma tarde sobre as águas abriu as asas e morreu.”
Sabemos que, dentro do ciclo evolutivo, a aura dos minerais transmuta ao vegetal e daí atinge ao reino animal, chegando ao homem, na evolução anímica que está inerente à criação divina. Assim como o homem “sonha” em ser anjo, da mesma forma, os chamados animais irracionais, dentro de seu mundo próprio, “sonham” em ser homem.
A sensibilidade que desperta o amor não é característica exclusiva da natureza humana: os minerais e os vegetais recebem e transmitem, em graus quase imperceptíveis, vibrações que podem auxiliar o equilíbrio das energias que circundam o homem.
Em resumo, não é apenas o ser humano que sente, sonha, desperta e ama. Os animais e as aves de estimação recebem e dão afeto, permutando “ideias” que têm muita semelhança com os atos humanos.
Quando há um vínculo sentimental entre os seres humanos e os animais, ocorre um clima de festa, alegria no reencontro ou de tristeza na circunstância em que a saudade aparece.
A presença de uma rosa plantada junto ao lago despertou a atenção do cisne branco envolto no nadar elegante em que buscava seduzi-la e a encantava, dentro de um enlevo que pertence ao mundo da flora e da fauna. O poeta da música aumentou a ótica da percepção e revelou que havia nele uma ardente paixão, depois convertida em mágoa.
No destino do cisne o amor sofreu uma perda. Seria impossível medir a intensidade desse amor, pois até mesmo nos seres humanos não temos a capacidade de defini-lo exatamente, tal como se encontra no coração. Por isso, a paixão define o estado acerbo ou mesmo mórbido de algo que não compreendemos.
Sabemos que os animais têm condicionamento repetitivo que facilita o adestramento. Nesse sentido, pensamos como foi angustiante para o cisne repetir, inúmeras vezes, o olhar amoroso em direção da planta, sem poder ver a rosa que acalentou seus sonhos de primavera no lago.
Acreditamos que o cisne tenha sofrido uma perda no comportamento repetitivo, mas não mágoa, comum entre os seres que estão vivendo na 3ª dimensão dissociada, característica do planeta Terra que ora está ascendendo a um grau maior de evolução.
No ser humano, em confinamento da ilusão, é muito comum esse desencanto, quando há separação de casais que tinham um romance envolvido em olhares alimentados de muito amor e paixão. O destino, que fez colher a rosa e fez encaminhar os amores para outros caminhos, estimula-nos a pensar que há outras rosas perfumadas em outros jardins.

Blog  Fernando Pinheiro, escritor
Site   http://www.fernandopinheirobb.com.br/escritor/

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