O CISNE DO LAGO
Numa mensagem resumida, podemos dizer que a música O Cisne do Lago, de
Abdon Milanez, inicia-se em Moderato, desdobra-se no movimento suave que vai
diminuindo e crescendo, e, finaliza em pianíssimo.
O compositor Abdon Milanez
(1858/1927) é autor de música sacra e de operetas. Nos idos de 1916 a 1922, substituindo o
cearense Alberto Nepomuceno, esteve à frente da direção do Instituto Nacional
de Música (atual Escola de Música da UFRJ).
De autoria de Adelmar Tavares a
letra da música revela uma breve história de amor ambientada no reino vegetal e
no reino animal: na mais ardente paixão, um cisne branco enamorou-se da rosa
crescida à margem do lago. Um belo dia, a mimosa flor foi colhida por um jovem
mancebo que a ofertou a noiva. O enredo finaliza numa circunstância triste: “E
dizem que o cisne branco ficou tão cheio de mágoas que uma tarde sobre as águas
abriu as asas e morreu.”
Sabemos que, dentro do ciclo
evolutivo, a aura dos minerais transmuta ao vegetal e daí atinge ao reino
animal, chegando ao homem, na evolução anímica que está inerente à criação
divina. Assim como o homem “sonha” em ser anjo, da mesma forma, os chamados
animais irracionais, dentro de seu mundo próprio, “sonham” em ser homem.
A sensibilidade que desperta o
amor não é característica exclusiva da natureza humana: os minerais e os
vegetais recebem e transmitem, em graus quase imperceptíveis, vibrações que
podem auxiliar o equilíbrio das energias que circundam o homem.
Em resumo, não é apenas o ser humano
que sente, sonha, desperta e ama. Os animais e as aves de estimação recebem e
dão afeto, permutando “ideias” que têm muita semelhança com os atos humanos.
Quando há um vínculo sentimental
entre os seres humanos e os animais, ocorre um clima de festa, alegria no
reencontro ou de tristeza na circunstância em que a saudade aparece.
A presença de uma rosa plantada
junto ao lago despertou a atenção do cisne branco envolto no nadar elegante em
que buscava seduzi-la e a encantava, dentro de um enlevo que pertence ao mundo
da flora e da fauna. O poeta da música aumentou a ótica da percepção e revelou
que havia nele uma ardente paixão, depois convertida em mágoa.
No destino do cisne o amor sofreu
uma perda. Seria impossível medir a intensidade desse amor, pois até mesmo nos
seres humanos não temos a capacidade de defini-lo exatamente, tal como se
encontra no coração. Por isso, a paixão define o estado acerbo ou mesmo mórbido
de algo que não compreendemos.
Sabemos que os animais têm
condicionamento repetitivo que facilita o adestramento. Nesse sentido, pensamos
como foi angustiante para o cisne repetir, inúmeras vezes, o olhar amoroso em
direção da planta, sem poder ver a rosa que acalentou seus sonhos de primavera
no lago.
Acreditamos que o cisne tenha
sofrido uma perda no comportamento repetitivo, mas não mágoa, comum entre os
seres que estão vivendo na 3ª dimensão dissociada, característica do planeta
Terra que ora está ascendendo a um grau maior de evolução.
No ser humano, em confinamento da
ilusão, é muito comum esse desencanto, quando há separação de casais que tinham
um romance envolvido em olhares alimentados de muito amor e paixão. O destino,
que fez colher a rosa e fez encaminhar os amores para outros caminhos,
estimula-nos a pensar que há outras rosas perfumadas em outros jardins.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site
http://www.fernandopinheirobb.com.br/escritor/
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