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terça-feira, 3 de julho de 2012

SINFONIA PATÉTICA

Num choro e lamento que vêm da alma, derramando-se aos poucos lentamente, até diluir-se em murmúrio, o 4° movimento, um Adágio Finale, da sexta e última sinfonia de Tchaikowsky, inteiramente sem precedentes na história da música, como disse o maestro Isaac Karabtchevsky, foi escrito sob lágrimas.
Há dois grandes momentos em que a criatura humana pode chorar: quando o sonho vem e quando o sonho vai. A música do compositor russo é intensamente rica de espiritualidade que descortina os horizontes, os arco-íris, o mundo dos sonhos e, em murmúrio, apresenta ao homem embevecido tanta beleza.
A Sinfonia Patética é um hino lírico e triunfal do homem que contempla, numa roupagem de completa indigência, as blandícias do paraíso, apenas contempla sem ter ainda forças para chegar até lá.
Dentro da linguagem das parábolas, a Patética é a descrição daquele momento em que o filho pródigo, cansado de passar mal, começa a pensar na volta à casa paterna. Quantos júbilos explodem em seu peito, como se fossem fogos de artifícios que sobem no ar e caem em cascatas!
Com os olhos embaçados na atmosfera do sonho que passa, o homem brinca de ser feliz sem acreditar na existência da felicidade. No momento em que as nuvens mudam de lugar, chora como criança que perdeu um brinquedo.
Nessas horas tudo ao redor parece sombrio porque as nuvens não lhe permitem a visão. Até mesmo a Patética parece patética no sentido de tristeza. Mas a música de Tchaikowsky é de uma tonalidade azul como a imensidão dos espaços, essencialmente bela e fulgurante como a ternura dos amores.
No grande momento em que o homem percebe os seus sonhos vindo das fontes límpidas há uma espécie de materialização das gotas dessas fontes em seus olhos para demonstrar a todos o quanto é valioso o significado desta mensagem que traduz a finalidade do seu viver.
Com as cores que nascem em seu íntimo, começa a ver tudo numa pintura dos grandes artistas. Canção Triste, Serenata Melancólica e a Patética, de Tchaikowsky são vistas agora numa visão paradisíaca. Quem ama, vê o amor, na música, na poesia e nas lacunas que serão transmutadas pela mesma beleza.
A grande tristeza do homem é querer passar o tempo alheio a tudo, como se o Universo fosse exclusivamente ele só. Até mesmo a beleza que o rodeia, estimulando-o a caminhar, quase não é sentido.
Entorpecido por hábitos que provocam a doença, esquece que é um ser etéreo (eterno) que se liga à fonte para se apegar exclusivamente à personalidade (transitória), sem perceber que, igual ao filho pródigo, suas horas de passar no chiqueiro estão contadas. A espontaneidade, que se encontra em todos os gestos da natureza, fará nele o despertar da evolução.
A partir daí, compreenderá que o amor é uma propriedade do espírito que tem intrinsecamente um atributo eterno. Por mais que seja incompreendido, e resvalado a áreas secundárias ao seu objetivo maior, ressurge lá na frente livre e espontâneo.
Não nos detemos diante do joio, mas o joio está sendo afastado, em definitivo, do planeta, neste final de ciclo planetário.
A Terra, sacralizada e elevada à quinta dimensão unificada, não acolhe mais a entrada de mentes dissociadas do amor. Não se trata de escolha, é questão de vibração.
Há mundos afins que a grande massa do joio irá continuar a sua evolução, na mesma vidinha de sofrimento e de dor, e de lutas acerbas, a ilusão de que vivem é o real e o real é a ilusão, na versão prometeica que falsificou os sistemas de vida no planeta Terra. Esta consciência planetária está indo embora. O retorno da luz pela seta de Sagitário (Nostradumus) é uma realidade.
No ambiente vibracional para onde a grande massa do joio vai e está indo embora até que seja completado este ciclo planetário, é o mesmo ambiente em que esteve na jornada terrena, mudando apenas de espaço físico, inclusive os mesmos comparsas dos enredos comportamentais.
Nesse ambiente as condições de vida são árduas por causa da densidade de psicofera destorcida da realidade daquilo que os seres humanos são, seres etéreos que se ligam à fonte. Mesmo nessas circunstâncias, o amor de Jesus os acompanhará.
Assim como o diamante pode garantir a troca por outros valores materiais, o amor igualmente garante o equilíbrio de nossas emoções que se refletem na saúde e no estímulo para obtermos também os bens de consumo.
Se a maior honra para o homem é sentir-se um príncipe, tanto nas letras como na herança de um reino, por que não pensarmos que somos candidatos a príncipes de um reino maior? Melhor dizendo, somos eleitos sem sabermos.
Quando espalhamos o amor a todos, sentimos algo em comum com aqueles que nos rodeiam. Isto acontece nos recintos sociais onde conhecemos pessoas importantes que passam a nos apresentar aos seus pares na consideração que amplia nossas atividades.
O amor chama amor, o carinho de pessoas que passam a nos amar, numa riqueza de momentos que parecem refletir o brilho de Orion, onde comparamos o amor ao diamante que lá existe, como fez Fagundes Varela, no Evangelho das Selvas, e na música de Tchaikowsky viajando pelas estrelas.
Mudando apenas de compositor que abordou o mesmo tema, o 2˚movimento da Sonata Patética, de Beethoven valoriza muito o site do escritor Márcio Cotrim, membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (Cadeira patronímica de Tancredo de Almeida Neves, que dirigiu interinamente, no período de 19/9/1956 a 26/10/1956, o Banco do Brasil).
Para falar a respeito de Tancredo Neves, retomamos ao tema, o segundo parágrafo: “Há dois grandes momentos em que a criatura humana pode chorar: quando o sonho vem e quando o sonho vai.” Nunca o povo brasileiro chorou tanto por um homem, o homem que foi eleito mas não tomou posse no cargo de presidente da República. 
Blog Fernando Pinheiro, escritor    
      Site 
www.fernandopinheirobb.com.br
 

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